Resolver o problema com o descarte irregular do lixo e as consequências que esse lixo pode acarretar na população é uma ação muito importante para a saúde dos moradores e para o meio ambiente. Pensando nisso, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) implementou o Programa Quadra Lixo Zero na CLS 404/405. O SLU atua como idealizador e gerenciador do programa.
Conhecida como a Rua dos Restaurantes, a quadra recebeu do SLU seis papa-lixos semi-enterrados, ao custo total de R$ 342 mil. Os recursos foram obtidos por meio de emenda parlamentar apresentada na Câmara Legislativa do DF. Quatro recipientes recebem apenas materiais recicláveis e os outros dois rejeitos — materiais que não podem ser aproveitados na reciclagem, como lixo de banheiro.
- Catadores de recicláveis: parceria essencial
- Artigo: A crise dos resíduos e das embalagens
- Gestão regionalizada pode ser a solução para a destinação do lixo
O presidente do SLU, Sílvio Vieira, esclarece que o programa está em fase inicial. "É um projeto-piloto, no qual vamos fazer o primeiro teste aqui na rua dos restaurantes, pois é um local que tem bastante problema com o descarte e com aparecimento de animais", explicou.
Silvio enfatiza que a colocação dos contêineres vai ajudar na destinação correta do lixo. "O que acontece muitas vezes é que os materiais são descartados todos juntos e isso prejudica quem vive da reciclagem, o material acaba perdendo o seu valor. Com esse contêiner haverá uma melhor separação do lixo", comentou.
O presidente do SLU aposta que o projeto será bem-sucedido e espera expandir para outras localidades. "Cada contêiner semienterrado equivale a cinco dos existentes nas ruas da cidade. Então, além de evitar visitas de animais indesejados, por estarem colocados dentro do solo, evitam o mau cheiro e proporcionam uma economia de espaço na região, disponibilizando mais espaço nos estacionamentos de carros", explicou.
Comércio
O empresário Marcos Baby, 52 anos, tem uma loja na CLS 404/405 e conta que os próprios comerciantes tiveram a ideia de deixar a rua dos restaurantes mais sustentável. Em 2020, com a pandemia, o projeto foi engavetado, mas, este ano, as tratativas voltaram e o que era um sonho começou a se concretizar. "Nas primeiras reuniões, os institutos Lixo Zero e Arapoti (organizações de conteúdo sustentável) ajudaram os empresários a pensar na melhor solução para o descarte do lixo. Depois, o SLU lançou a ideia de buscar recursos para a compra de contêineres de lixo semi-enterrados", contou.
Marcos relata alguns problemas na região em relação ao lixo. "Aqui é a rua dos restaurantes, então é produzido todo tipo de lixo, seja reciclável ou orgânico. A maior dificuldade é com o lixo orgânico, que traz animais indesejáveis, como ratos, baratas e escorpiões. Na rua tem peixarias, então o cheiro incomodava os moradores e muitas pessoas não descartavam o lixo da forma correta", explicou.
O empresário espera que, com os novos modelos recipientes que a situação melhore bastante. "A expectativa é muito grande, pensamos em resolver esse problema, pois pode acabar gerando mais turismo, com mais aceitação da comunidade e, aí, podemos começar a pensar em outras melhorias" comentou.
Sofia Peixoto, 35, é outra empresária na rua dos restaurantes. Ela conta que o mau cheiro e a reclamação de moradores da região fez com que os empresários pensassem numa solução. "Alguns catadores de recicláveis, reviravam o lixo, deixavam os contêiner abertos e muitos desses descartes eram encontrados no chão, o que trazia um incômodo para os moradores da região e para os comerciantes. Foi um movimento para melhorar a aparência da quadra", comentou.
Sofia destaca que o mais importante agora é conscientizar as pessoas a descartar o lixo de forma correta. "Tanto os nossos colaboradores, quanto os moradores precisam colocar o lixo da forma correta. Muitas pessoas passavam e apenas descartavam o que carregavam nos contêineres, pois eles ficavam abertos, e iam embora. O mais importante agora é que os outros tenham essa consciência, pois estamos fazendo a nossa parte, com a separação do lixo e a orientação dos nossos funcionários", explicou.
Para ter acesso ao serviço, o comerciante deve apresentar um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), documento que define diretrizes de gerenciamento ambientalmente adequado de todos os resíduos que são gerados no estabelecimento, determinando estratégias de controle e monitoramento dos processos produtivos, visando evitar destinações inadequadas que possam gerar poluição ao meio ambiente e acarretar prejuízos à saúde pública.
* Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado