Relatos de moradores de diversos pontos do Distrito Federal, enviados ao Correio, desde o início do ano, sobre deficiências na iluminação pública — em ruas e praças, por exemplo — têm sido recorrentes e vêm aumentado. A reportagem foi a diferentes locais da capital federal e verificou o problema e os possíveis riscos à segurança dos brasilienses.
Em um deles, o Parque da Cidade, pessoas que o frequentam e que trabalham lá reclamam que, à noite, o lugar é tomado pela penumbra, que favorece a criminalidade. O dono de um quiosque, que pediu anonimato, disse que há dois meses seu estabelecimento foi alvo de bandidos, que levaram equipamentos e utensílios para preparar alimentos. "Durante o dia, raramente há ocorrências. O problema é à noite. A pouca quantidade de postes de luz facilita a ação de ladrões", avaliou.
Ele lembrou que, há alguns meses, a Companhia Energética de Brasília (CEB Ipes) consultou visitantes e outros comerciantes do parque sobre os pontos que necessitariam melhor iluminação. Contudo, o tempo passou e nada teria sido feito. "Eu conheço pessoas que evitam vir ao parque à noite por conta da escuridão. Isso nos preocupa porque (minha família e eu) vivemos deste comércio (que temos no parque). O meu espaço é rodeado por árvores sem poda. As copas tampam as lâmpadas dos postes. E, para piorar eles são poucos. É quase um breu", protestou.
O universitário Mherrhy Esperança, 21, gosta de se exercitar na área verde mais famosa da capital federal. Ele, porém, só o faz durante o dia. "Não me sinto muito seguro à noite, no Parque da Cidade. A iluminação é fraca. Não me parece ser planejada. No Rio de Janeiro, onde eu morava, os parques são bem iluminados e seguros", comparou.
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O Correio foi a outros lugares do DF e recebeu relatos parecidos com os do comerciante e do estudante. Foi possível encontrar um poste com com lâmpada piscando intermitentemente no novo viaduto do Sudoeste. A situação pode prejudicar a visibilidade de condutores que passam por lá, segundo alguns deles. "Isso, com certeza, atrapalha os motoristas. Eu ando de moto, e pode acontecer que alguém, conduzindo outro veículo, não me veja por conta da escuridão e acabe batendo em mim. Dá para melhorar", analisou o motociclista Matheus Pereira, 21.
A via que dá acesso ao Mosteiro de São Bento, no Setor Ermida Dom Bosco, é outro ponto com ausência total de iluminação. Lá foi possível contar nove postes, um ao lado do outro, totalmente apagados, perto da capela do centro religioso, que fica aberta ao público até as 22h. "Há motorista de aplicativo que não quer vir até o mosteiro por causa da escuridão", contou uma senhora que costuma ir ao local, mas pediu anonimato.
Em outro endereço, como o trecho próximo à Casa do Ceará, na Asa Norte, a situação se repete.
Providências
A CEB Ipes, por nota oficial, informou que foi aos locais acionados pela reportagem. De acordo com a companhia, entre 2019 e 2023, foram investidos mais de R$ 70 milhões na substituição de lâmpadas convencionais por modelos em LED. "A CEB Ipes criou uma força-tarefa, em 2024, para intensificar as atividades de substituição das luminárias convencionais por LED, e já trocou mais de 15 mil luminárias antigas em todo o Distrito Federal", acrescentou o comunicado.
Sobre o viaduto do Sudoeste, a companhia informou que foi ao local e que não "foi detectado problemas nas luminárias". Em relação à região do Mosteiro de São Bento, garantiu que enviaria uma equipe para "ajustar a situação". E sobre as proximidades da Casa do Ceará, informou — sem dar prazos — que instalaria postes de iluminação.
Já sobre o estacionamento 13 do Parque da Cidade, a companhia informou que a área foi alvo de furto de cabos, mas que vem atuado constantemente no local. O Correio não obteve retorno da administração do parque sobre a falta de segurança e a poda de árvores na área.