Denúncia

Mãe denuncia creche do Riacho Fundo 2 por agressão à filha autista

À mãe, a menina contou que foi agredida no rosto, arrastada pelo chão e permaneceu trancada sozinha em uma sala. A instituição afirma que a criança se machucou antes de entrar na creche

Na última segunda-feira (29/4), a pedagoga Yoshihanna Haysa Fernandes, 34 anos, registrou um boletim de ocorrência contra a creche Vovó Dita, localizada no Riacho Fundo 2, após perceber diversos hematomas no corpo da filha, que tem 7 anos e é diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Segundo a mãe, a menina, que frequentava a escola há menos de uma semana e estava em período de adaptação, foi espancada pela proprietária da instituição. A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por meio da Delegacia de Proteção A Criança e Ao Adolescente (DPCA), investiga os fatos. 

A mãe relatou que a avó da menina percebeu os machucados quando a buscou na creche. Ao questionar a proprietária, a avó ouviu da mulher que a menina havia se machucado ao sair do carro da mãe, quando foi deixada na escola, na manhã daquele dia. “Quando elas chegaram em casa e eu comecei a perguntar, minha filha relatou tudo e eu fui seguindo o que ela falava e encontrando os hematomas no corpo inteiro”, contou a pedagoga em entrevista ao Correio.

Yoshihanna disse que a filha contou que a professora a atingiu no rosto, usando um brinquedo, prendeu sua perna na porta e a manteve trancada, sozinha, dentro de uma das salas da creche, além de tê-la arrastado pelo chão. “Ela está toda machucada, com olho roxo e perna inchada, cheia de roxos e hematomas pelo corpo”, disse a mãe.

“Eu estou muito abalada, fui parar no hospital, minha pressão estava 18 por 13. Eu sou pedagoga especializada em educação especial e eu não estou conseguindo ler e ouvir os relatos das outras pessoas de tanto que estou impactada!”, disse. Ela relatou ainda que a filha está abalada e será encaminhada ao psicólogo para tratar o trauma.

Após a denúncia, a mãe expôs a situação nas redes sociais e, desde então, passou a receber diversos relatos de responsáveis por alunos e ex-alunos da creche que afirmam que as crianças também já chegaram em casa contando situações estranhas envolvendo a professora e a instituição. Em um dos prints que Yoshihanna compartilhou com a reportagem, um responsável relata que o filho de 2 anos já fez gestos imitando como a “tia” o batia.

Material cedido ao Correio -
Material cedido ao Correio -
Material cedido ao Correio -

Pronunciamento da creche

Na manhã desta quinta-feira (2/5), a instituição se pronunciou por meio de uma nota postada nas redes sociais. No texto, a creche afirma que, no dia dos fatos, a criança foi entregue com “supostos sinais de surto” e que a mãe retirou a criança bruscamente do veículo, momento em que a menina se jogou no chão e se machucou, segundo eles.

Confira o pronunciamento completo da instituição:

"NOTA OFICIAL;
Em nota, a assessoria jurídica do Estabelecimento informou que a criança foi matriculada há menos de 7 dias.

No dia dos fatos, quando a criança foi deixada aos cuidados do Espaço, já estava com sinais de um suposto surto (segundo a mãe trata-se de uma criança autista, porém não foi entregue laudo informando maiores detalhes sobre o grau e comportamento em geral).

No estacionamento, a criança foi retirada pela mãe bruscamente de seu veículo, se jogando no chão quando se machucou, ao lado da mãe em todo momento, ao entrar na Unidade a criança se debatia e tentava agredir a quem estava por perto, quando foi levada para uma sala em separado para tentar se acalmar, momento que a responsável entrou em contato com a mãe solicitando que viesse buscar a criança.

A mãe foi avisada em todos os instantes que a filha tinha se machucado antes de entrar no Estabelecimento e continuava a se jogar no chão e se debatendo e alertando que ela poderia se machucar mais ainda, a mãe relatou que era normal isso acontecer porquê ela estava em surto.

O período de permanência da criança no Estabelecimento foi bem curto e não teve nenhuma crise como a desse dia do ocorrido. A criança foi matriculada há menos de uma semana, sendo que a responsável pelo Estabelecimento afirma que a criança foi sempre cuidada e tratada com carinho e respeito por ela e por toda a equipe.

O Espaço tem várias crianças matriculadas e vários anos de funcionamento e nunca teve um episódio dessa natureza.

A direção está à disposição dos órgãos competentes para maiores esclarecimentos e que a prova de tudo o que realmente aconteceu será entregue a Polícia e aos demais órgãos competentes para as devidas apurações.”

Pronunciamento da SEEDF

Por meio de nota, a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) informou que a Creche Vovó Dita não possui portaria de credenciamento, portanto não compõe o quadro de instituições credenciadas e conveniadas pelo GDF. A pasta declarou, ainda, que não recebeu comunicado oficial dos fatos e tomou conhecimento da situação por meio da imprensa. Nesta quarta-feira (2/5), a SEEDF realizará uma diligência in loco, a fim de verificar a situação da creche.

A pasta aproveitou a situação para alertar as instituições sobre a importância de todas as instituições que atendem crianças estarem devidamente credenciadas e em conformidade com os padrões estabelecidos pela legislação. Até o momento, nenhuma denúncia sobre o caso foi formalizada na Ouvidoria da secretaria. No entanto, a pasta declarou que está comprometida em apurar quaisquer irregularidades e tomar as medidas necessárias para garantir a segurança e o bem-estar das crianças atendidas pela creche denunciada.

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