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Câncer de colo do útero é o 3º tipo mais frequente entre brasileiras

O câncer do colo do útero é o terceiro tipo mais frequente entre mulheres no Brasil, ficando atrás dos de mama e colorretal. De acordo com o Inca, estão previstos 17 mil novos casos da doença para cada ano do triênio 2023-2025

A advogada Nayara Alves de Souza, de 36 anos, surpreendeu-se com o diagnóstico de câncer do colo do útero, após um exame de rotina, há dois anos. A doença se desenvolve na parte inferior do órgão e é causada principalmente pela infecção persistente do vírus do papiloma humano (HPV). Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer cervical, como também é conhecido, é o terceiro tipo mais incidente entre mulheres no Brasil, atrás somente dos de mama e colorretal, respectivamente. 

De acordo com a Estimativa de Câncer no Brasil 2023, produzida pelo Inca, estão previstos 17.010 novos casos da doença para cada ano do triênio 2023-2025, o que representa uma taxa de incidência de 15,38 ocorrências a cada 100 mil pessoas. Além de estar associado à infecção pelo HPV, o desenvolvimento da enfermidade tem como fator de risco a imunossupressão — diminuição da resposta imune, comum em pacientes transplantados, em tratamento quimioterápico ou em uso de altas doses de corticoides.

Nayara Alves de Souza, 36 anos, relembra que, ao apresentar uma alteração nos resultados do exame de rotina, sua médica solicitou uma colposcopia, que permite visualizar o colo do útero e a vagina de forma ampliada e detalhada. Foram detectadas células cancerígenas de estágio um. "Nunca tive verrugas, o que é comum em quem tem HPV. Na colposcopia, tirei um pedacinho do colo para biópsia, mas estava tranquila, porque nunca tive nenhum sintoma", relata.

Apesar dos desafios, Nayara ressalta a importância da conscientização e da prevenção, especialmente entre as mais jovens.  A imunização contra HPV é uma das principais maneiras de se evitar a infecção e o risco de tumor.

Riscos

Tabagismo, histórico de múltiplos parceiros sexuais, o não uso de preservativos e o início precoce da atividade sexual também são condições que podem aumentar o risco, conforme explica a cirurgiã oncológica Rayane Cardoso, especialista em Ginecologia Oncológica da Maternidade Brasília, da Rede Dasa no DF. 

Os sintomas incluem sangramento vaginal após a relação sexual ou entre os períodos menstruais, corrimento vaginal anormal e dor na região pélvica. "Esses sintomas geralmente só aparecem em estágios avançados da doença, quando o tratamento pode ser mais desafiador. Nos iniciais, o câncer cervical tende a ser assintomático", frisa. Por isso, a relevância do exame de papanicolau e do teste de HPV no rastreamento e na detecção precoce do tumor.

Apoio

Quando Kátia Aparecida Gomes, 35, descobriu a doença tinha com 28 anos e estava grávida de 35 semanas de uma menina. Como havia tido o primeiro filho sete meses antes dessa gestação, os exames ginecológicos eram recorrentes. Nayara apresentou um sangramento, que julgou ser causado pela gravidez. "Foi um choque muito grande, pois meu maior medo era de que isso afetasse a saúde da minha bebê, que nasceu precocemente, com 37 semanas,", conta.

No caso de Kátia, o tipo de câncer do colo do útero é agressivo e está em estágio avançado. Trata-se de um angiomixoma, tumor incomum e sem cura, não decorrente do HPV, conforme esclarece a cirurgiã oncológica Rayane Cardoso. "Fiz duas cirurgias. Em uma delas, retirei o útero e os ovários. Hoje, faço tratamento paliativo, com medicação aplicada a cada três meses", descreve. Devido à doença, Kátia se aposentou. 

A luta pela vida uniu Kátia a outras mulheres que passam pelo mesmo desafio, quando, por meio de uma comadre, conheceu a Rede Feminina de Combate ao Câncer, instituição que promove o acolhimento de pacientes no Hospital de Base de Brasília. "Trocamos experiências, fazemos ações sociais, construímos amizades e também nos ajudamos. Vamos aprendendo com as outras mulheres e suas histórias. Entre muitos ensinamentos, o maior foi nunca parar de lutar", conclui Kátia, que, hoje, é voluntária do projeto.

Rede pública

De acordo com a Secretaria de Saúde (SES-DF), todas as unidades básicas de saúde (UBS), que são a porta de entrada para o atendimento médico, disponibilizam o exame preventivo. Basta agendar a consulta com o médico da família. Quando há necessidade de atendimento especializado, a UBS faz o encaminhamento.

A vacina contra o HPV está disponível nos mesmos locais, para meninas de 9 a 14 anos. São duas doses, com intervalo de seis meses.

 

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Serviço

Assistência a pacientes

Criada há 27 anos, a Rede Feminina de Combate ao Câncer atende mulheres e homens, prestando uma série de serviços assistenciais, como oficina de perucas, salão de beleza, doação de mantimentos, transporte e lanche solidário.

Para conhecer o trabalho, assim como para ajudar e/ou se voluntariar, basta acessar o site redefemininabrasilia.org.br.