Com uma vela acessa em cada par de mãos, as pessoas no cortejo seguiram o Santíssimo Sacramento, que estava sendo levado no papamóvel usado por João Paulo II durante sua visita a Brasília, em 1980. Nesse momento, o rito religioso é marcado pela concessão de três bênçãos: aos doentes, aos governantes e às famílias.
Na Santa Missa, o cardeal arcebispo de Brasília, dom Paulo Cezar Costa, enfatizou que este é o momento de manifestar publicamente o amor da igreja pela eucaristia. "Não podemos guardar o amor de Cristo para nós, e ele jorra por meio da Eucaristia. Quem ama, testemunha e anuncia o amor de Cristo, e isso deve existir em cada um de nós", declarou.
Edna Maria Muniz, 59 anos, veio sozinha de Ceilândia. Ela participa há seis anos da celebração e pede pela conversão dos familiares. "Esse evento é um momento que eu não consigo explicar com palavras. Enquanto eu puder, eu vou estar aqui todos os anos", garante a fiel.
O encerramento da festividade cristã contou com a presença de diversas autoridades, como o deputado federal Izalci Lucas (PL-DF), o distrital Chico Vigilante (PT), o secretário de Governo do Distrito Federal, José Humberto Pires, e a comandante-geral da Polícia Militar (PMDF), Ana Paula Habka.
Tapete de 125 metros
A celebração de Corpus Christi começou cedo. Cerca de 600 fiéis de diferentes movimentos e pastorais da Arquidiocese de Brasília se reuniram, por volta das 6h30, para confeccionar o tradicional tapete. A montagem é praticada há 46 anos.
Quem chegou junto com os primeiros raios de sol recebeu a benção do bispo auxiliar Denilson Geraldo, que fez uma breve homilia no início dos preparativos. Durante a manhã, jovens, adultos e crianças vindos de diferentes partes do DF preencheram os 25 quadros — com dimensões de 4m por 3m — que compõem o tapete da celebração. Serragem, borras de café, sal, areia, palha de arroz, corante, glitter e pétalas de flores foram os materiais utilizados na confecção dos 125m da "tapeçaria" que já estava colorida com os desenhos.
Para fazer as demarcações do desenho na lona estendida no gramado, Gustavo Bezerra, 41, chegou bem cedo à Esplanada. Ele integra a Legião de Maria a nível arquidiocesano e, há cerca de duas décadas, frequenta a Paróquia Maria Imaculada, localizada no Guará II. Com ele, ao menos 40 fiéis da paróquia colocaram a mão na massa para produzir o tapete.
Há cinco anos, o Colégio Cor Jesu marca presença na montagem do tapete de Corpus Christi. A instituição religiosa feminina, do Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, participou da solenidade como parte da Igreja Católica. "Escolhemos, como símbolo, o ostensório que entra com a hóstia, e no meio colocamos o coração por conta do sagrado coração de Jesus que é da nossa instituição, o carisma institucional", explica a coordenadora de pastoral escolar, irmã Cassia Renata da Costa, 31.
Rafael Morais, 29, é membro da Pastoral da Juventude do Paranoá e ficou encarregado da locação de ônibus de caravanas para trazer os fiéis da comunidade. O primeiro ônibus trouxe cerca de 40 pessoas, jovens encarregados de confeccionar dois quadros do tapete de Corpus Christi. "A pastoral organizou a caravana. À tarde, outros três ônibus trazem os fiéis que vem assistir a missa à noite. No total, facilitamos o transporte de quase 200 pessoas", celebrou.
Os jovens do movimento Escalada homenagearam Carlo Acutis, jovem beatificado pela Igreja Católica na quinta-feira passada, no tapete deste ano. Carlo aparece de costas, segurando uma mochila, como se estivesse caminhando em direção ao Divino Sacramento. O jovem morreu em 2006, aos 15 anos.
Na festa de 2024, integrantes do Joia, Encontro Movimento SIM, Efatha, Infância e Adolescência Missionária, Emaús, EJNS (Equipes Jovens de Nossa Senhora), Segue-me, Acamps, Renovação Carismática Católica, VEM, JESUS, Regnum Christi, Pastoral do surdo, Recomeçar, Escalada, EJC, Shalom, Colégio Cor Jesu, Pastoral da Juventude do Paranoá, Eureka, Basílica São Francisco e CAC ficaram responsáveis pela confecção do tapete.
União pelos gaúchos
Este ano, durante a celebração, a Arquidiocese de Brasília recolheu doações de alimentos não perecíveis e vestimentas para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. As 167 paróquias estão participando da campanha. O foco, nesta noite, foi o recolhimento de alimentos não perecíveis, que serão recolhidos em quatro caminhões do Exército Brasileiro e, posteriormente, encaminhados à Base Aérea de Brasília (BABR).
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