EXECUTIVO

Governo divulga ações para mitigar crise na saúde pública do Distrito Federal

Os secretários da Casa Civil, Gustavo Rocha, e da Saúde, Lucilene Florêncio, e o diretor-presidente do Iges-DF, Juracy Cavalcante, participaram de coletiva de imprensa e destacaram que o sistema está tensionado, principalmente pela alta demanda do Entorno

A secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, o secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, e o presidente do IgesDF, Juracy Lacerda:  compra de mais ambulâncias e contratações emergenciais -  (crédito: Geovana Albuquerque/Agência Brasília)
A secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, o secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, e o presidente do IgesDF, Juracy Lacerda: compra de mais ambulâncias e contratações emergenciais - (crédito: Geovana Albuquerque/Agência Brasília)

A Secretaria de Saúde fez investimento de R$ 18 milhões na compra de 60 ambulâncias para a rede pública do Distrito Federal. O anúncio foi feito em coletiva de imprensa convocada pelo Governo do Distrito Federal (GDF), nesta quinta-feira (23/5), para falar sobre as ações que estão sendo feitas na área de saúde. O próprio governador Ibaneis Rocha destacou, em 27 de abril, que a situação na rede está complicada e que planeja construir até 2026 cinco hospitais e 17 Unidades Básicas de Saúde. Estiveram presentes na entrevista representantes do Executivo local e do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF). 

De acordo com a secretária de Saúde do DF, Lucilene Florêncio, de 2022 até hoje, a capital teve aumento de 103 leitos de UTI, totalizando 117 leitos pediátricos, 98 de UTI neonatal e 293 adultos, entre contratados e leitos próprios. A secretária declarou estar abalada com a notícia das mortes das crianças registradas na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Recanto das Emas e no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), entre abril e maio deste ano. "Todas as notícias, todos os fatos nos comovem, nos abalam", disse.

De acordo com Lucilene, das 60 novas ambulâncias, 15 serão destinadas ao Samu (que resgata vítimas de acidentes com equipamentos de socorro) e 45 são do tipo branca (para transporte de pacientes). Segundo a secretária, até agosto, todas devem ser entregues para a rede pública.   

Entre as medidas anunciadas, também está a ampliação da carga horária de pediatras da rede pública. Atualmente, o DF tem deficit de 158 pediatras, principalmente nos hospitais de Ceilândia, Planaltina, Sobradinho e Taguatinga. Lucilene ressaltou que apenas três dos 34 municípios do Entorno fazem partos e que o DF faz todos os partos de Águas Lindas de Goiás, por exemplo. 

A secretária foi questionada sobre a estratégia do governo para zerar o deficit de pediatras na saúde da capital. "A nossa busca, enquanto Secretaria de Saúde, é a realização de contratos temporários (emergencialmente). Também há intenção e uma orientação para que as seis UPAs antigas, que têm duplo fluxo (adulto e criança), passem a ter pediatria. Três já têm e demandamos o Iges-DF para que as outras três também tenham. Com isso, ampliamos o acesso (para esse público)", avaliou.  

Questionada sobre a situação dos profissionais da saúde, que também sofrem com a sobrecarga do sistema, Lucilene ressaltou que os trabalhadores da saúde têm a missão de dar assistência e citou a construção de três novos hospitais como uma das soluções para o problema. "Nós temos um sistema tensionado, um volume aumentado, uma insuficiência de leitos, porém, nós temos três hospitais licitados. Em dois, as empresas vão (começar a) entrar no canteiro de obras. São entregas a médio prazo, para que a gente tenha um aumento no número de leitos. Porém, mais vale um paciente dentro de uma unidade hospitalar, em um lugar que pode não ser o ideal, mas está sendo assistido, a um paciente na porta, onde não consiga adentrar", analisou.

Pressão

O secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, lembrou que processos seletivos para a contratação de médicos ocorrem constantemente, mas que não aparecem interessados para assumir as funções, o que contribuiria para o deficit de profissionais na rede pública do DF. Rocha ainda destacou a alta demanda de pacientes do Entorno, o que pressionaria o sistema público de saúde do DF. "Só em Santa Maria, 56% dos atendimentos são do Entorno. Aqui, atendemos todo mundo. O SUS é universal. É um dado que precisa ser colocado porque isso impacta na rede de saúde do DF", apontou. 

Perguntado se a atuação do Iges tem avaliação positiva do GDF, Gustavo Rocha disse que todo sistema de saúde do mundo precisa passar por constante evolução e aprimoramento. "Isso serve tanto para a Secretaria de Saúde quanto para o Iges, que veio para essa simplificação jurídica da saúde. Há o entendimento de que, apesar de precisar de evolução constante, o Iges vem prestando o seu serviço de maneira adequada e significativa para a saúde do DF", respondeu.

Sobre a situação da saúde pública do DF, o chefe da Casa Civil negou que haja uma crise, apesar de reconhecer que exista uma sobrecarga. "A Saúde do Distrito Federal funciona. (...) Há casos em que é preciso aprimoramento, de melhora, mas falar que há caos no sistema de saúde, eu não posso concordar com essa afirmação", declarou. "Nós estamos fazendo o possível, buscando abertura de leito, buscando remanejamento para que a gente possa atender todas as pessoas. Mas vou repetir: há uma sobrecarga real no sistema de saúde do Distrito Federal", acrescentou. 

Após trazer os dados sobre a morte das três crianças, Juracy Cavalcante Lacerda Júnior, diretor-presidente do Iges, afirmou que não houve negligência e nem inércia por parte dos profissionais de saúde em relação aos casos. O representante do instituto também falou da criação de uma sala de monitoramento no Hospital de Base, que está em fase de implementação, onde serão definidas as prioridades de pacientes a serem atendidos pelas ambulâncias. 

 


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postado em 24/05/2024 04:00
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