Uma das principais expressões da cultura popular brasileira, o artesanato fortalece o turismo no Distrito Federal e a economia, sendo responsável pelo sustento de milhares de famílias. Na capital do país, existem 13,4 mil profissionais do ramo registrados no Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (Sicab). Embora o contingente tenha caído entre os anos de 2021 e 2022, aumentou em relação ao ano passado e ainda é bem maior do que há 5 anos, quando havia 7,4 mil artesãos na capital (veja evolução abaixo).
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Maridelcio Ribeiro, 62 anos, e a esposa, Ester Marques Cotrim, 55, são donos de um espaço na Feira da Torre de TV, ponto de artesanato mais conhecido do DF, onde vendem peças feitas à base de pedra sabão. A loja Mulher da Pedra foi passada para Ester após o pai se aposentar. E depois da saída como servidora da Secretaria de Educação, ela assumiu o espaço de forma integral. São 30 anos no ponto. "Extraímos a pedra da terra, da região de Goiás Velho. E fazemos a seleção especializada da matéria-prima, para dar um bom acabamento. A logística é complexa", explica Maridelcio.
As peças confeccionadas por Ester são exclusivas — porta-jóias, saboneteiras e lembrancinhas dos monumentos de Brasília. "Nós aprendemos com artesãos de Minas Gerais que a família trouxe para trabalhar conosco, há muitos anos", conta. O casal produz o artesanato em uma oficina, em Vicente Pires, onde mora, mas alguns produtos são terceirizados.
De acordo com o coordenador de Artesanato da Secretaria de Turismo (Setur-DF), Klever Antunes, nos últimos anos, houve um aumento nas vendas e nos eventos do setor, que tem o apoio da pasta. "Existe também o programa Prospera, coordenado pela Subsecretaria de Microcrédito e Economia Solidária (SME), para a concessão de empréstimos produtivos e orientados para micro e pequenas empresas, pequenos empreendedores do setor formal e informal — feirantes, artesãos, manualistas, trabalhadores autônomos, empreendedores individuais", frisa o coordenador.
Novas empreendedoras
A iniciativa Empreendedoras do P. Norte promove feiras em Ceilândia para fomentar a produção cultural local e o empreendedorismo feminino. Iniciado em abril de 2023, pela idealizadora Brisa Santana, o coletivo reúne mais de 150 artesãs. "No início, o grupo era formado por poucas mulheres. O projeto foi tomando proporção até que, nos dias atuais, contamos com um grupo grande de mulheres, com nichos variados, que se reúne todos os meses", explicou Brisa.
Uma das empreendedoras é Maria das Graças, 38, mineira do município de Tiros, que há dois anos voltou para o artesanato. Desta vez, como produtora e mãe solo de um bebê e de uma adolescente, Maria confecciona tapetes de crochê e também vende nas redes sociais. Aos 14 anos, ela aprendeu a bordar. Aos 15, mudou-se para Brasília. "Nesses últimos anos, eu produzia e parava. Atualmente, é a minha atividade principal. Tem sido uma terapia", destacou.
Em 1990, Klebian Ferreira Santos, 60, começou a pintar panos de prato e os vendia em salões de beleza. Com dois filhos pequenos, o início foi para ajudar o marido no sustento da casa e poder cuidar das crianças. Ela compartilha o sentimento de Maria das Graças. "O artesanato foi uma terapia, me ajudou quando tive depressão e síndrome do pânico após um trauma. Foi além do suporte financeiro", contou Klebian. Hoje, ela produz biscuits personalizados e santinhos com vidros de esmalte, um conhecimento que adquiriu de forma empírica, sem cursos de apoio, apenas testando as possibilidades.
Elizabeth Carvalho, 55, há 10 anos trabalhava no serviço de limpeza da Secretaria de Saúde (SES-DF) e observou uma colega de trabalho ensinando às outras a pintar panos de prato. No dia seguinte, comprou material e foi testando pinturas de jarros e flores nos panos. Foi o início da carreira como artesã. No entanto, o que começou para complementar renda se tornou se tornou responsável por 60% do ganho total. Elizabeth vende na Feira Empreendedoras do P. Norte e inovou com novas técnicas, como patchwork — trabalho com retalho, que une tecidos de formatos variados para chegar à peça final.
Apoio
Os artesãos recebem apoio da Setur-DF que, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-DF) está realizando cursos para esses profissionais.
No Espaço Cultural do Turismo e Artesanato, na Asa Sul, são oferecidas algumas atividades pela Setur, como WhatsApp Business, e-commerce, criação de portfólio artístico, marketing pessoal e profissional (oratória, dicção, impostação de voz, capacidade de convencimento e desenvoltura social). Os artesãos cadastrados também podem comercializar seus produtos no Pátio Brasil, na Asa Sul, e no Alameda Shopping, em Taguatinga.
A atividade ajudou Cristiane Melo, 55. Há quatro anos, ela ficou desempregada e, durante a pandemia, viu-se sem opções. "Comecei fazendo para mim e para familiares. As pessoas foram indicando umas para as outras", recorda. Posteriormente, ele se registrou no Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (Sicab) e pôde expor com o apoio da Setur-DF.
Hoje, o artesanato representa 50% da renda de Cristiane, que começou com a saboaria e depois incluiu velas aromáticas, aromatizadores de ambiente e hidratantes. "Meus produtos são de origem vegetal, confeccionados de forma sustentável e procurando promover a saúde das pessoas, sem industrializados, como petrolato e conservantes químicos. E, principalmente, são veganos, não têm origem animal", enfatiza Cristiane.
Evolução
2019 7,4 mil
2020 10,8 mil
2021 13,6 mil
2022 12,6 mil
2023 13,4 mil
» Os dados referem-se somente às carteiras atualizadas, dentro do período de validade do cadastro, que é de 6 anos. A queda ocorrida de 2021 para 2022, por exemplo, pode acontecer por diversos motivos, como óbito ou desatualização de documentos.
Fonte: Klever Antunes, coordenador de Artesanato da Setur-DF
* Estagiária sob a supervisão de Malcia Afonso
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Evolução
2019 7,4 mil
2020 10,8 mil
2021 13,6 mil
2022 12,6 mil
2023 13,4 mil
» Os dados referem-se somente às carteiras atualizadas, dentro do período de validade do cadastro, que é de 6 anos. A queda ocorrida de 2021 para 2022, por exemplo, pode acontecer por diversos motivos, como óbito ou desatualização de documentos.
Fonte: Klever Antunes, coordenador de Artesanato da Setur-DF
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