De acordo com o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), de janeiro a abril de 2024, houve 57 acidentes que resultaram na morte de 57 pessoas na capital federal. No mesmo período do ano passado, foram 63 acidentes com o óbito de 69 vítimas. A Universidade de Brasília (UnB) está participando de um importante projeto que visa diminuir esse número por meio de um sistema de dados rodoviários. Esse estudo será fundamental na tomada de decisões mais assertivas quando se trata de investimentos na infraestrutura viária. A pesquisa começou em março e foi denominada de "Aprimorando o sistema de dados rodoviários para prevenção de sinistros no Brasil".
A iniciativa tem o aporte da Organização das Nações Unidas (ONU) e conta com a colaboração da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), da Polícia Rodoviária Federal (PRF), do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). O projeto vai unificar a forma de identificação de trechos críticos e aprimorar bases de dados de segurança.
A professora Michelle Andrade, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental (ENC) e Programa de Pós-graduação em Transportes da UnB, lidera os estudos propostos e conta que as pesquisas ainda estão em fase inicial. "É de competência da UnB fazer toda a pesquisa de natureza técnico-científica, revisão de metodologias, treinamentos e capacitações das equipes envolvidas", detalha.
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Soluções em rede
O projeto tem três anos de duração e a estimativa é dos resultados em 2026. "Esse banco de dados vai ajudar na tomada de decisão mais assertiva do poder público", explica Michelle. "Essa iniciativa é uma oportunidade de a universidade contribuir de maneira efetiva, em conjunto com órgãos do Sistema Nacional de Trânsito para colocar o Brasil em uma condição de maior efetividade na condução de um ambiente seguro para a população", acrescenta.
A especialista em transportes avalia a atual situação dos sinistros no país. "É algo que permanece como um problema de grande gravidade. Apesar dos programas que vêm sendo implementados, estamos em um cenário de grande risco. É necessário que se fortaleça os estudos e que se incremente os sistemas, para serem mais efetivas as ações", defende Michelle. "É importante incorporar mecanismos que subsidiem a tomada de decisão relacionadas às medidas de segurança viária, sobretudo, relacionadas à infraestrutura", completa.
O coordenador-geral de Segurança Viária da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Jeferson Almeida, explica que o órgão faz o levantamento dos trechos e identifica problemas no fluxo de veículos, na infraestrutura, na sinalização e esses problemas são colocados em relatórios. Porém, em muitos casos, acabam perdendo a efetividade, por não ter a devida comunicação com as instituições que possam, de fato, resolver os problemas detectados. "Ao criar esse banco de dados, que será acessível aos órgãos que estão envolvidos com as rodovias, com por exemplo, a própria PRF, DNIT, Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e Concessionárias, essas informações serão usadas para planejamentos de soluções, como uma obra, tapar um buraco, uma melhora de sinalização, tudo que contribui muito para a diminuição dos sinistros", explica.
DF e região
Michelle Andrade, da UnB, acredita que o DF vai ganhar e muito com o projeto. "Por ser um território com grande densidade rodoviária com trechos de grande complexidade, com certeza vai acrescentar muito", afirma. Ainda de acordo com ela, a infraestrutura viária é um pilar da engenharia muito importante e que vem sendo tratado com muita importância pelas organizações internacionais, porque é parte fundamental para a segurança dos usuários.
O coordenador da PRF Jeferson Almeida também acredita que esse projeto vai agregar na região do Distrito Federal, onde, de acordo com ele, há trechos com alto índice de sinistralidade, como a BR-040. "Vai agregar em outras regiões, especialmente as metropolitanas, onde a gente tem a necessidade de comunicação entre as instituições. E o canal de comunicação, via esse sistema, vai facilitar e a gente acredita que vai agilizar as soluções para os problemas de infraestrutura constatados", conclui.
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