Investigação

Ex-campeão do Barcelona não irá responder por tiro para o alto em Brasília

Justiça rejeitou pedido do Ministério Público para tornar réu o jogador de futebol goiano Douglas Pereira, ex-São Paulo e Barcelona, por disparar para o alto em um passeio no Lago Paranoá, no aniversário de Brasília, em abril de 2023

Com a decisão, ex-lateral de gigante europeu não terá que pagar acordo com o Ministério Público -  (crédito: EFE/Alejando García)
Com a decisão, ex-lateral de gigante europeu não terá que pagar acordo com o Ministério Público - (crédito: EFE/Alejando García)

A 2ª Turma Criminal de Justiça do Distrito Federal rejeitou um pedido do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) para tornar réu o ex-lateral do Barcelona e do São Paulo Douglas Pereira pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e disparo de arma de fogo.

O caso é referente à prisão do atleta no aniversário de Brasília do ano passado, no Setor de Clubes Sul, após supostamente ter atirado para o alto às margens do Lago Paranoá. O ex-campeão pelo Barcelona na Champions League poderia fechar um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) com o MP, tendo em vista que é réu primário e o crime em que responderia, enquadrado no artigo 15 da Lei de Armas, possui uma pena mínima inferior a 4 anos de prisão.

Apesar disso, o MP recorreu em segunda instância, alegando que o crime de porte ilegal de arma de fogo não foi absorvido pelo delito de disparo de arma de fogo. Os promotores alegaram, ainda, que Douglas ocultou a arma, bem como as munições — o revólver nunca chegou a ser encontrado por investigadores da Polícia Civil e policiais militares.

No entanto, o desembargador Arnaldo Corrêa Silva, ao analisar a solicitação, detalhou que, com base em depoimento de testemunhas no inquérito policial, não ficou comprovado que Douglas foi autor dos disparos, apesar de ele ter confessado informalmente aos PMs.

“O vigilante da orla afirmou ter escutado o disparo e outra pessoa teria lhe dito que foi o réu (Douglas) o autor do disparo, mas não informou ter visto o recorrido armado, tampouco efetuando disparos. A esposa do réu, ouvida como informante, afirmou que todos os tripulantes da embarcação consumiram bastante bebida alcoólica no dia dos fatos, que ao descer da embarcação estava se sentindo mal e por isso foi direto para o seu veículo, que não houve e não ouviu qualquer disparo de arma de fogo por parte do réu”, escreveu o desembargador.

“Portanto, ninguém viu Douglas portanto a arma de fogo, tampouco que ele tivesse efetuado o disparo. A apreensão de munição e uma cápsula deflagrada não comprovam os delitos descritos na denúncia. Eventual registro de arma em nome da mãe do réu não comprova que ele a portava ou que a usou no dia dos fatos. Vê-se que a arma sequer foi encontrada”, apontou o magistrado.

Com isso, o desembargador votou para rejeitar o pedido do MP, acompanhado pelos desembargadores Roberval Belinati e Silvanio Barbosa dos Santos. Com a decisão, não há possibilidade de ser firmado à ANPP, já que não ficou comprovado a autoria dos disparos por parte do ex-lateral do Barcelona.

O caso

Na data do episódio, em 21 de abril de 2023, Douglas participou de um passeio de lancha no Lago Paranoá na companhia de algumas pessoas. Segundo relatos, o lateral ingeriu bebida alcoólica e se desentendeu com outros ocupantes da lancha.

Quando desceu da embarcação, próximo ao horário de fechamento da marina, um dos seguranças pediu para que o atleta deixasse o local. De acordo com a polícia, nesse momento, Douglas teria ido até o estacionamento onde deixou o carro e usou uma pistola .380 para efetuar disparo para o alto. 

Em seguida, o ex-São Paulo pegou uma bolsa de viagem e colocou dentro dela cinco munições não registradas e um certificado de registro de arma de fogo de uma pistola Glock, registrada no nome da mãe do atleta. De acordo com o indiciamento por parte da Polícia Civil, ele adentrou no matagal e ocultou os bens, além de ter escondido a arma utilizada.

À época, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) foi acionada e avistou Douglas saindo do matagal. A esposa do atleta confirmou que o lateral era o autor dos disparos para o alto, mas o jogador inicialmente negou.

No entanto, após os policiais darem início as diligências no meio do mato e encontrarem a bolsa contendo munições e o certificado, além de localizarem a cápsula da munição da arma perto do carro do acusado, Douglas admitiu o disparo, mas se recusou a dizer onde escondeu a arma. 

Uma equipe de policiais chegou a usar cães farejadores na noite do caso e no dia seguinte, pela manhã, mas não conseguiram encontrar a pistola. A arma nunca foi encontrada.

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postado em 20/05/2024 23:49 / atualizado em 21/05/2024 00:03
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