As novas tecnologias da agricultura brasileira e como elas podem ser um exemplo para outros países foram pontos destacados pelo presidente da AgroBrasília e da Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF), José Guilherme Brenner, no CB.Agro — parceria entre Correio e TV Brasília. Às jornalistas Adriana Bernardes e Jaqueline Fonseca, Brenner também revelou que o DF é um grande exportador de frango, fato desconhecido por muitas pessoas.
Como está o desenvolvimento da agricultura no Distrito Federal?
A agricultura do Distrito Federal está bem consolidada. Ela começou a se desenvolver muito no final dos anos 70 e início dos anos 80 e acompanhou todo o desenvolvimento da nossa agricultura. Ela já incorporou todos os preceitos do plantio direto — que diminui o impacto das máquinas agrícolas no solo. Inclusive, é uma agricultura que se utiliza dessa técnica, além de todas as tecnologias que estão surgindo, como equipamentos com georreferenciamento, piloto automático, taxa variável de semeadura, taxa variável de aplicação de defensivos etc. O DF realmente dispõe de um grupo de produtores que utiliza bastante a tecnologia e acreditamos que a AgroBrasília tem um papel nisso, pois o fato de existir aqui uma feira onde são apresentadas as soluções tecnológicas das empresas facilita muito para o produtor obter conhecimento.
Essa vitrine mostra o potencial da tecnologia aplicada, desenvolvida aqui, além da exterior, através de atividades que vocês desenvolvem com embaixadas, certo?
Isso, dentro da feira temos o dia internacional, no qual promovemos a visita de um grupo do corpo diplomático à nossa feira para mostrar o que estamos fazendo. Fazemos algumas apresentações introdutórias, explicando sobre a agricultura brasileira, como ela se desenvolveu, e temos um circuito que eles percorrem para conhecer algo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater-DF), exposições do Grupo Associado de Agricultura Sustentável (Gaas) e das empresas que expõem lá. Achamos isso muito importante, pois desmistifica um pouco e coloca o corpo diplomático em contato direto com a produção agrícola. O corpo diplomático de Brasília é um grupo importante.
Como a aplicação da tecnologia ajuda o agronegócio a fazer uma transição mais sustentável em relação às mudanças climáticas?
A agricultura brasileira, na verdade, pode ser professora para os outros. Acho que a agricultura brasileira desenvolveu muita tecnologia relacionada ao plantio direto, correção de perfil de solo, a maneira de trabalhar, pois é uma agricultura muito resiliente e suporta muito mais as adversidades. Acho que o mundo tem que olhar um pouco mais para o que fazemos, para aprender e levar adiante. Conseguimos produzir mais, usando menos insumos. A tecnologia permite direcionar os insumos para onde realmente são necessários. Isso é uma característica importante da sustentabilidade, ela tem outra vantagem que considero muito importante, a questão geracional. Estamos sempre evoluindo, e as gerações que estão chegando se interessam muito pelo uso da tecnologia. Percebemos que, hoje em dia, na agricultura brasileira, existe uma agricultura jovem. Isso é muito bom e positivo. A tecnologia será importante tanto para um grande produtor quanto para um médio e pequeno, pois eles podem usar drones e máquinas para aplicações.
O DF exporta e um dos destaques é o frango. Poderia falar um pouco sobre isso? Existem outros produtos que também exportamos?
Às vezes, as pessoas não têm conhecimento disso, mas somos um grande produtor de frango. Temos uma indústria importante aqui, a Seara, que pertence à JBS. Esse produto é exportado principalmente para os Emirados Árabes e outros países árabes. Hoje, esse é o principal produto da nossa pauta, o que é algo curioso, não é? Faz muito tempo que temos no DF uma tradição na indústria de frango e, de certa maneira, é muito importante para nós, pois o frango é um consumidor natural do milho que produzimos na região.
O que o DF produz hoje que era inimaginável anos atrás?
A Coopa-DF, há algum tempo, produz trigo. Inclusive, se você ver a história do trigo, ela vai nesse sentido. Os produtores da nossa região perceberam a necessidade de plantar trigo como uma exigência agronômica para fazer uma rotação de culturas e dar viabilidade aos pivôs a longo prazo, e queriam plantar trigo. Mas existia uma dificuldade de mercado, então a cooperativa fez um moinho de trigo para poder criar esse mercado para os produtores e, ao mesmo tempo, a Embrapa desenvolveu materiais próprios para o cerrado, para o plantio irrigado, e esses materiais têm muita qualidade. Hoje, conseguimos produzir uma farinha de trigo de alta qualidade dentro do DF. Esse é um tipo de sistema que pode ser replicado em outras áreas. Por exemplo, ultimamente um grupo de associados se juntou para fazer uma vinícola e uma produção de vinho aqui no DF. Isso foi feito a partir do conhecimento de um pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e revolucionou a cultura do vinho no nosso país tropical, através de uma técnica de dupla poda.
Poderia falar sobre a força da agricultura brasileira?
Na realidade, a agricultura brasileira tem uma força que ninguém deve menosprezar. Nossa capacidade, por exemplo, de produzir proteína animal, como gado, frango, além dos vegetais, e com uma exportação imensa. O Brasil realmente passou por uma revolução, acho que todos nós devemos nos orgulhar disso. Lembro que na minha infância havia uma época do ano em que comíamos carne congelada porque não havia carne disponível. O Brasil chegou a importar carne contaminada de Chernobyl. Hoje, o Brasil é o maior exportador de carne do mundo, ou seja, nossa capacidade realmente é muito grande.
Assista o CB.Poder na íntegra
*Estagiário sob a supervisão de Patrick Selvatti
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Agenda
AgroBrasília 2024 - Aniversário de 15 anos
Data: 21 a 25 de maio (terça-feira a sábado)
Horário: 8h30 às 18h
Local: Parque Tecnológico Ivaldo Cenci - AgroBrasília, BR 251 km 5 - PAD-DF.
15 anos de tradição e referência
Organizada pela Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF), a AgroBrasília, feira de tecnologia e negócios voltada para empreendedores rurais de diversos portes e segmentos, terá início nesta terça-feira. Serão cinco dias de evento. A 15ª edição da feira, que é considerada uma das maiores do setor da região Centro-Oeste, tem como tema "O agro do futuro a gente cultiva hoje". Cerca de 592 expositores foram confirmados.
A AgroBrasília é uma vitrine de novas tecnologias para o agronegócio e tem um cenário de referência em debates, palestras e cursos sobre diversos temas relacionados ao setor produtivo. Cerca de 70 hectares do Parque Tecnológico Ivaldo Cenci, no Km 5 da BR 251, estarão ocupados com quase 600 stands.
A organização da feira prevê a visitação de mais 180 mil pessoas ao evento. Na edição de 2023, durante toda a AgroBrasília, foram comercializados mais de R$ 5 bilhões, a expectativa é que, nesta edição, o valor seja semelhante.
Em coletiva de imprensa realizada ontem, no parque onde acontecerá o evento, José Guilherme Brenner, presidente da AgroBrasília e da Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF), falou sobre o que a organização espera para este ano. "Os bancos, que são, no fim das contas, quem viabilizam as aquisições, estão se mobilizando e acredito que disponibilizarão muitas alternativas de crédito, que é o que os agricultores precisam", disse.
Brenner declarou que a feira consolidou-se como evento tradicional da região. "A AgroBrasília tem a força que tem hoje, todos esses expositores, indústrias, insumos, tecnologia e inovação graças à força da agricultura brasileira e, principalmente, da agricultura praticada no Entorno (municípios do GO e de MG). Aqui em Brasília, nós temos uma pequena área de produção no DF, unida à área de Cristalina, Unaí, Formosa e Paracatu, que hoje têm as maiores áreas irrigadas do Brasil", contou.
Cleison Durval, presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), também presente na coletiva, explicou que o principal objetivo da Emater, durante os cinco dias de evento, é dar estrutura para o pequeno agricultor, chamado de agricultores familiares. "Nós traremos cerca de 4 mil agricultores para a feira. Nós convidamos as prefeituras dos municípios e eles trazem os ônibus com os produtores. Tem ano que vêm, inclusive, mais agricultores do Entorno (GO e MG) do que do próprio DF", destacou.
O chefe-adjunto de transferência de tecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Fábio Gelape Faleiro, informou que no estande da empresa e em sua vitrine de tecnologias, pesquisadores e técnicos de dez unidades da Embrapa estarão à disposição dos visitantes, durante os cinco dias, para tirar dúvidas sobre dezenas de tecnologias. Ele destacou que o evento é dedicado aos pequenos, médios e grandes produtores.
Solidariedade
Apesar de a entrada do evento ser gratuita, este ano há uma modalidade de ingresso solidário disponível aos visitantes. Com as cheias que assolam o Sul, a organização decidiu espalhar totens com QR Code e espaços para abrigar donativos. "Nós temos muitos cooperadores do Sul, inclusive, de regiões que foram muito afetadas pela enchente, então a gente está querendo ajudar essas cooperativas e produtores rurais", declarou o presidente do evento.
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