As ações de ajuda da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) para o Rio Grande do Sul foram pontos destacados pela comandante-geral da corporação, Ana Paula Habka, no programa CB.Poder — parceria entre Correio e a TV Brasília — dessa segunda-feira (13/5). Às jornalistas Ana Maria Campos e Mila Ferreira, a coronel também comentou sobre as necessidades do aumento de contingente de agentes de segurança.
Qual ajuda a PMDF está providenciando para as pessoas do Rio Grande do Sul?
É com muita tristeza que vivemos esses momentos. Quando tudo isso aconteceu, o governador Ibaneis Rocha (MDB) nos perguntou sobre o que poderíamos fazer para ajudar nossos irmãos do Rio Grande do Sul. Imediatamente, no dia 4, enviamos um helicóptero com dois pilotos e outros três policiais. Lá, estão realizando atividades diversas, como levar mantimentos e alimentação para as comunidades mais pobres, ajudando no deslocamento dos profissionais de saúde e na operação de salvamento também. O pessoal que foi é muito preparado para esse tipo de missão.
A corporação também fez doações?
Na semana passada, com o apoio do Governo do Distrito Federal (GDF), nós fizemos campanhas de arrecadação de mantimentos, alimentos e roupas. A PM conseguiu recolher em todos os quartéis, e em pouquíssimo tempo, quase 100 toneladas (de donativos) que foram entregues na Base Aérea na última sexta. Nossa tropa e a comunidade do DF ajudaram. Tenho que agradecer às pessoas que foram a todos os quartéis e contribuíram com isso. Nós podemos ver o lado humano da nossa sociedade.
Além do helicóptero e da tripulação, outros militares foram enviados para a região?
Entrei em contato com o comandante da Brigada Militar, coronel Feoli, que contou que precisa de ajuda nesse sentido (de segurança pública). Infelizmente, nesses momentos, acontecem crimes de oportunismo de algumas pessoas e do crime organizado. Ontem, enviamos três embarcações, nove viaturas, 25 policiais do Batalhão de Policiais Especiais (Bope), Batalhão de Cães e Batalhão Ambiental. Essa missão vai ser dividida tanto na parte humanitária quanto na parte tática, para conseguirmos preservar a ordem pública local.
Na região da tragédia, existem alguns presídios alagados. Como os policiais militares do DF vão atuar?
Eu encaminhei esses policiais para que eles entendam bem todo o problema da criminalidade, e estão preparados para lidar com isso. Tem a situação de furtos em caixas eletrônicos que eles estão carregando nos barcos. Outro problema é nos alojamentos, pois ainda não tem como dividir e saber quem é quem. As pessoas estão sendo colocadas em blocos de família e deve existir a segurança nesses locais. Em um primeiro momento, todos se dispuseram a salvar e ajudar, mas, agora, estamos passando por esse tipo de problema. Os policiais que foram encaminhados são especialmente treinados para essas atividades mais complexas.
A senhora prevê um longo trabalho pela frente?
A expectativa é de que a gente permaneça muito tempo. Pensamos em fazer uma troca. Isso porque, lá, eles não tem muito tempo para descanso, nem boas acomodações para que consigam acordar no outro dia com aquela atenção, principalmente para manusear um helicóptero, por exemplo. Pensamos em manter esse apoio, e foi um pedido do próprio governador (Ibaneis Rocha), para que mantivéssemos essa ajuda tanto humanitária quanto tática pelo tempo que precisarem.
Houve um concurso para a PMDF que tinha sido suspenso por conta da limitação do número de mulheres que poderiam participar. Poderia comentar sobre isso?
Essa é mais uma sensibilidade do governador, pois, este ano, não estava prevista a inclusão de agentes de segurança na lei orçamentária anual. Eu conversei com ele e falei sobre nosso problema de efetivo e, por conta disso, nosso concurso atrasou. Não conseguimos fazer essa inclusão no ano passado. Por uma boa causa, não temos mais barreiras com mulheres, demos continuidade no concurso, e ele encerra todas as etapas em junho. Sexta-feira passada foi aprovada na lei orçamentária a inclusão de 1.200 policiais militares.
A inclusão dos policiais está prevista para quando?
A inclusão desses 1.200 policiais está prevista para julho ou agosto, terminando todas as etapas e de recursos, pretendemos iniciar esse novo curso de formação com a entrada de aproximadamente 300 mulheres.
Qual é o efetivo da PMDF? E esse número já chegou a quanto?
Temos 10 mil homens e mulheres, o nosso previsto é 18 mil, mas já chegamos a 16 mil. O número está muito abaixo, pois Brasília cresceu. Mesmo assim, temos conseguido (dar segurança ao DF), graças à equipe montada e à dedicação do policial. Estamos fazendo um (bom) trabalho, mas não podemos cansar tanto o nosso policial. Devemos enxergar isso, pois com aumentando do efetivo, teremos um desgaste menor do nosso policial no dia a dia. Com tantos eventos que Brasília tem, e merece, precisamos manter uma cidade segura para que possamos dar continuidade a esses eventos.
Outra necessidade é olhar para a saúde mental do policial. Como isso está sendo trabalhado?
Eu reafirmo o meu compromisso de cuidar do nosso policial militar. A primeira coisa que fizemos foi uma reunião com todos os comandantes de unidade para que eles tenham esse olhar atento também de cuidado, pois eu não vou conseguir controlar 10 mil, e não sei quem está doente, além de precisar utilizar mais o meu Centro Médico. Como foi falado, e todo mundo sabe, temos um psiquiatra no nosso quadro, mas nesse concurso de agora foi autorizada a contemplação do concurso dos médicos que estão terminando as etapas, e vamos ter mais cinco psiquiatras. Nesse meio tempo, recebemos ajuda da Secretaria de Saúde com uma psiquiatra atendendo no nosso Centro Médico.
Assista o CB.Poder na íntegra
*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira
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A solidariedade continua
O Distrito Federal segue mobilizado em ajudar as vítimas do desastre que ocorreu no Rio Grande do Sul. Com diversos pontos de coleta de donativos, a base da Força Aérea (FAB), com a campanha "Todos Unidos pelo Sul", tem sido o centro de coleta de doações. O Correio esteve ontem no local e encontrou brasilienses que queriam ajudar o povo gaúcho.
Com parentes enfrentando as enchentes, Ranieri Martins mobilizou os moradores do seu condomínio em Águas Claras a fazerem doações, colocando uma caixa no hall de entrada do edifício. "Eu tenho parentes nas cidades de Canoas e Uruguaiana, e é bom a gente ajudar, porque o povo de lá está necessitado", conta. "Arrecadamos águas, ração para animais, roupas infantis e vamos continuar trazendo donativos", detalha.
Com o carro lotado de doações, Guilherme Arantes e colegas têm um projeto social chamado "Abraçados pelo pai". O grupo levou roupas e água mineral para a Base Aérea. "Trouxemos porque entendemos que, juntos, somos mais fortes e queremos fazer a diferença de alguma forma. Enquanto estiverem precisando, estaremos vindo aqui trazer doações", afirma.
Comovido pelas notícias, Wilson Junior levou água, roupas e toalhas pela primeira vez na base. "Tem sido muito triste e delicado acompanhar isso tudo", conta. Os materiais são recebidos por militares e voluntários em todas as bases aéreas abrangidas pela campanha, incluindo, além de Brasília, também o Galeão (RJ) e de São Paulo, em Guarulhos (SP).
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