Uma mulher, de 33 anos, grávida de cinco meses, sofreu um aborto ao aguardar atendimento no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), na noite desta segunda-feira (6/5). A família dela afirma que o hospital foi negligente.
O caso foi revelado pela TV Globo e confirmado pelo Correio. Cleomar dos Santos, 29, disse que a irmã, Maria dos Santos, mora em Valparaíso de Goiás, Entorno do Distrito Federal, e chegou à unidade sentindo fortes dores. No entanto, segundo ele, a grávida ficou mais de mais de quatro horas no hospital sem ter o atendimento adequado.
"A minha irmã ficou horas na triagem, esperando atendimento, sentindo fortes dores. Eu nunca vi em nenhum lugar do mundo alguém estar perdendo um bebê e ficar no fim da fila. Em nenhum momento houve atendimento adequado. Qualquer outra narrativa que o hospital diga, é mentira", afirmou o irmão.
Cleomar disse que a irmã aguardava esperançosa pelo bebê. Ele explicou que, alguns dias antes, Maria dos Santos havia caído, mas só veio a procurar atendimento porque sentiu muitas dores. "A minha irmã chegou com o bebê vivo no hospital. Lá, se tivesse um atendimento correto, não estaríamos chorando aqui, com a perda do bebê. O ser humano é tratado que nem bicho e o Poder Público nada faz. Fica o luto e o sentimento de injustiça, porque aparentemente só há profissionais incapazes no hospital", desabafou.
"Aborto inevitável"
De acordo com o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF), responsável por gerir a unidade, a paciente deu entrada por volta das 19h, relatando queda da própria altura, há dois dias, sangramento ao se higienizar e dor pélvica. A paciente, segundo a direção, não tinha feito o pré-natal e não havia realizado nenhum exame anterior. Por isso, foi classificada como verde e orientada a aguardar o atendimento.
O Iges-DF reitera, ainda, que a mulher foi reavaliada duas vezes em um prazo de 40 minutos, onde foi realizada a troca de classificação de risco. Quando foi atendida pela médica, às 21h35, "a grávida já estava expelindo o feto, bolsa amniótica e placenta, comprovando um aborto em curso inevitável". A nota relata também que a "paciente fez todos os exames necessários, foi medicada e, às 23h31, foi reavaliada pela médica, que ao ver que a paciente não apresentava mais sinais do aborto, deu alta médica e a orientou a procurar o hospital caso apresentasse algum sangramento ou dor intensa. Além disso, solicitou uma ecografia após dez dias."
"Alta demanda"
De acordo com o Iges, o centro obstétrico do hospital estava com uma demanda "muito alta de pacientes na noite de segunda e atendia com lentidão devido à falta de médico neonatologista na maternidade do Hospital Regional do Gama (HRG)". A unidade reiterou que não deixou de atender nenhum paciente que chegou ao local.
A família disse que não registrou boletim de ocorrência, mas que irá procurar a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) nos próximos dias para confecção do termo.
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