Conhecida como uma cidade administrativa, Brasília tem, dentro de seu território, algo que pretende mudar essa visão. O Parque Tecnológico de Brasília (Biotic) — que fica na Granja do Torto — tem como principal objetivo cuidar da gestão, controle e estruturação de empreendimentos voltados para a área. Atualmente, existem 23 residentes instalados no parque, entre empresas privadas e públicas, com área total potencial de 1.242.566 m².
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O Correio entrevistou dois dos principais representantes do Biotic. Diretor-presidente do parque, Gustavo Dias afirmou que o local será um polo para desenvolver o futuro tecnológico da cidade e a mudança da matriz econômica do DF. "A população vai ter a oportunidade de ter um ecossistema em que vai poder estudar e, além disso, terão emprego, porque as empresas vão ancorar aqui para que essas pessoas possam trabalhar nelas, futuramente", ressaltou.
Diretor de administração e finanças, Marcelo Cunha explicou que o Biotic viabiliza e faz a gestão do negócio. "Consideramos o projeto como o mais importante do governo, pois aqui vai ser um polo científico e tecnológico, vai ter oportunidades de trabalho, vai gerar renda e, com isso, fomentar a economia do DF", avaliou. "Além disso, os nossos jovens terão um polo de conhecimento. A reitoria e o Fundo de Apoio à Pesquisa da UnDF (Universidade do DF) estão aqui. Agora, estamos doando terrenos para que seja construído um campus", revelou Cunha.
O prédio principal do Biotic, conhecido como Edifício de Governança, ocupa uma área construída de 10 mil m² e está em operação desde 2018. Segundo Dias, ele já está "saturado" de empresas. "Temos aqui startups, empresas, instituições representativas do setor tecnológico, como associações e sindicatos, e alguns órgãos públicos que têm viés de discussão de ampliação tecnológica", pontuou. "Não temos mais espaço, por isso, estamos avançando para as próximas obras", acrescentou o presidente.
Marcelo Cunha destacou que a ideia é "construir uma cidade dentro da cidade". "O ideal é que tenham as empresas instaladas aqui, mas também hotéis, residências e comércios, para que as pessoas possam fazer de tudo por perto", explicou. O masterplan do projeto é ter uma mistura de empreendimentos, com 33% de construções corporativas e 34% de prédios residenciais — o restante estaria dividido entre escritórios, comércio e cultura. "É o conceito de 'work, live and play', com integração dos ambientes para diferentes usos", esclareceu o diretor.
Concentração
Sobre a escolha de Brasília para a instalação do Biotic, o presidente ressaltou a presença das representações internacionais. "Temos uma média de três visitas de embaixadas por mês. Além disso, o maior consumidor de tecnologia também está instalado em Brasília, que é o governo federal", destacou. "Brasília também tem o maior percentual per capita de pesquisadores que são mestres e doutores. Dessa forma, temos muitas pessoas preparadas para esse desenvolvimento tecnológico", observou Dias.
Para o futuro, o diretor presidente afirmou que a intenção é trazer três ou quatro empresas-âncoras, de grande renome. "Estamos conversando com várias, mas ainda não podemos cravar. A partir disso, queremos criar startups que vão dar subsídios para outros projetos", disse. "Queremos fazer com que Brasília passe de uma cidade administrativa para uma cidade tecnológica. Esse é o nosso sonho", cravou Gustavo Dias.
Ambiente propício
Diretor da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro) do Distrito Federal, Fábio Rocha ressaltou a importância do investimento em tecnologia na capital do país. "É fundamental para diversificar a economia, criar empregos qualificados e impulsionar a inovação em setores como serviços, educação e saúde", avaliou. "O DF tem um forte potencial em tecnologia, devido à sua localização estratégica, alta concentração de instituições de pesquisa e universidades de ponta", acrescentou Rocha.
Para o especialista, ter uma estrutura como a do Biotic é essencial para o desenvolvimento tecnológico do DF. "Ele proporciona um ambiente propício para a colaboração entre empresas, universidades e órgãos governamentais, incentivando a inovação e o empreendedorismo", afirmou.
O diretor da Assespro-DF comentou que é preciso mais engajamento dos setores do governo local, federal e das entidades representativas, para buscar cada vez mais incentivos fiscais e tecnológicos, investimentos contínuos em infraestrutura digital, programas para startups e empresas de tecnologia, além de parcerias público-privadas para impulsionar a pesquisa e o desenvolvimento de soluções inovadoras. "O foco em setores emergentes, como inteligência artificial, biotecnologia e cidades inteligentes, pode consolidar o DF como um polo tecnológico de destaque no país", observou Fábio Rocha.
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