Um homem foi preso na tarde de quinta-feira (2/5) suspeito de atuar como gerente operacional dentro do escritório do crime de uma organização criminosa que aplicava o golpe do falso site do leilão de carros. Ele coordenava os atendentes que faziam a interface com as vítimas. O acusado foi preso tentando sair de São Paulo. A prisão faz parte da operação 3 minute rule, conduzida pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), que busca desarticular a organização que aplicava o golpe cibernético. Bloqueios judiciais foram exitosos na localização de pelo menos R$ 1,2 milhão nas contas dos criminosos. Esses valores serão usados para ressarcir os prejuízos das vítimas.
Lucas Simões, líder da organização criminosa, continua foragido em Miami (EUA) e não manifestou interesse em se apresentar à Justiça brasileira. Caio Souto, segundo líder, também encontra-se foragido com paradeiro desconhecido. As diligências pertinentes estão sendo adotadas para capturá-los por intermédio de cooperação internacional com a Interpol.
“As novas tecnologias alteraram a sociedade pra sempre. Jamais retornaremos ao tempo de sossego e possibilidade de desatenção com a segurança cibernética. A polícia faz seu papel repressivo, mas
a população deve redobrar os cuidados com seus relacionamentos e ações nos ambientes digitais. A ampla disponibilidade de mecanismos de IA irá potencializar ainda mais as capacidades dos golpistas”, declara o delegado Erick Sallum, da 9ª Delegacia de Polícia, do Lago Norte.
Veja fotos dos suspeitos que ainda estão foragidos:
O caso
A operação 3 minute rule é conduzida pela PCDF com o apoio da PCSP e tem como objetivo a desarticulação de um grupo criminoso que já trabalhava há pelo menos cinco anos com o golpe do falso leilão de carros.
Para operacionalizar o esquema, os criminosos selecionavam websites reais de famosas empresas do ramo de leilão de veículos. Então clonavam esses sites, criando outros idênticos. Contudo, apenas trocavam a extensão do endereço eletrônico. Isto é, os verdadeiros sites possuíam terminação “com.br” e os clonados tinham o exato mesmo nome e aparência, mas com a terminação “.net”. Depois de clonar os sites, os criminosos pagavam empresas de marketing digital para impulsionar os endereços falsos em mecanismos de pesquisa como o Google.
Assim, quando uma pessoa procurava pela empresa real, nos primeiros resultados da lista de pesquisa aparecia o site clonado e não o verdadeiro. As pessoas induzidas a erro entravam no site falso e passavam a conversar com os criminosos pensando estar lidando com a empresa real. Nos sites clonados haviam telefones de contato e as vítimas interagiam com os criminosos pelo WhatsApp sendo levadas a crer que negociavam com a empresa real até fazer os depósitos dos lances. Até mesmo falsas notas de arrematação eram enviadas para as vítimas que só percebiam o golpe meses depois quando o carro nunca era entregue, oportunidade em que já não conseguiam mais contato, pois os criminosos haviam bloqueado o telefone.
O escritório do crime era uma sala alugada num prédio comercial de Santo André que hoje sofreu buscas. Os criminosos batiam ponto das 8 às 18h nessa sala, trabalhando o dia inteiro dando golpes em vítimas em todo o Brasil como se realmente fossem uma empresa.
A PCDF orienta que todos que sofreram o golpe acessando algum dos websites abaixo, devem procurar a delegacia mais próxima para registrar uma ocorrência:
www.parquedosleiloes.net
www.futuraleiloes.net
Www.danielgarcialeiloes.net
Www.claudiokussleiloes.net
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