Os três prédios e uma casa evacuados pelo Corpo de Bombeiros (CBMDF) e interditados pela Defesa Civil, em Planaltina, aguardam laudos contratados pelos próprios responsáveis das edificações para definir sobre o retorno aos espaços.
Segundo a Defesa Civil, 12 famílias e comerciantes foram retirados desde a noite de domingo (28/4) na Quadra 18, na Vila Buritis 4. Entre os prejudicados, está Lucivaldo Rodrigues, de 47 anos, dono de um supermercado no térreo de uma das edificações. Ele relatou prejuízos consideráveis com a perda de produtos devido à interdição do comércio. "Estou aqui há 14 anos e está sendo muito difícil não poder trabalhar. Perdi toda carne, verdura, pão, bolo, além do faturamento diário. É precoce determinar o quanto deixamos de faturar, mas espero que tudo se normalize", disse ao Correio.
Rodrigues explicou que, apesar dos relatos de moradores sobre estalos e rachaduras nos andares superiores do prédio, não observou nenhum problema no supermercado. Ele contratou um engenheiro para elaborar um laudo que ateste a segurança do espaço e permita sua reabertura. "Parece que as rachaduras foram apenas no andar superior do meu estabelecimento, mas não afetaram a loja, pois a estrutura é sólida. O engenheiro vai ver a situação desses dois andares. No entanto, acredito que não serão liberados para moradia. Espero voltar para cá na próxima semana", acrescentou.
Nessa quarta-feira (1º/5), uma equipe da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) trabalhava para consertar um vazamento de esgoto em frente ao estabelecimento, com autorização da Defesa Civil. Enquanto isso, em outras edificações onde havia fitas de isolamento, a reportagem flagrou moradores que adentraram um apartamento para recuperar pertences. "Entramos apenas para pegar roupas e objetos. Apesar da interdição, precisamos seguir com nossas vidas", falou uma moradora, que preferiu não se identificar.
A estudante Geovana Cristina, 20, mora na outra esquina do prédio interditado pela Defesa Civil. Ela conta que, no domingo, enquanto voltava para casa, percebeu a movimentação do Corpo de Bombeiros evacuando rapidamente todas as edificações devido ao risco de desabamento. "Estava retornando da igreja e, ao chegar na rua, notei uma agitação intensa. Perguntei às pessoas o que estava acontecendo e elas me responderam aos gritos, alertando que o prédio poderia desabar. Fiquei aqui acompanhando, bastante apreensiva, afinal, não é todo dia que um prédio ameaça cair", relatou.
Geovana acredita que a situação possa se normalizar e que os moradores dos prédios retornem para seus lares. "Tenho amigos que moravam ali. Espero que estejam bem e possam voltar em segurança. Muitos pais e mães de família residem ali", completou.
Laudos
Para poderem voltar, os proprietários foram notificados e deverão entregar, em um prazo de 30 dias, a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), atestando a segurança estrutural e indicando as causas e possíveis soluções para mitigação dos riscos encontrados. O documento deve ser produzido por empresa ou profissional habilitado em engenharia.
O Correio questionou a Defesa Civil sobre o acesso de moradores aos imóveis interditados, mas a pasta não respondeu. No entanto, informou, preliminarmente, que entradas nas edificações só são permitidas por profissional habilitado. "A desinterdição está condicionada ao cumprimento de todas as exigências e só ocorrerá mediante Termo de Desinterdição, que é emitido pela Defesa Civil", explicou a pasta.
"A Defesa Civil informa, ainda, que atua executando ações preventivas, de socorro, assistenciais e recuperativas, destinadas a evitar ou minimizar desastres, apoiando as ações dos órgãos de emergência, que realizam as primeiras intervenções", completou.
Como forma de ajudar os moradores desalojados, a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) foi acionada para oferecer acolhimento institucional e benefícios socioassistenciais. No entanto, "as famílias preferiram ficar em casa de parentes ou conhecidos e informaram que não possuem demanda de assistência social, pois não estão em situação de vulnerabilidade econômica", de acordo com o órgão.
Dessa forma, conforme a pasta, não foram concedidos benefícios, nem acolhimento institucional durante este atendimento. Ainda assim, a Sedes ressaltou que os profissionais orientaram e deixaram os contatos do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) para que as famílias acionem os profissionais em qualquer necessidade.
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