Três prédios e uma casa evacuados pelo Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) na Quadra 18, na Vila Buritis 4, em Planaltina, estão interditados desde a noite de domingo, devido ao risco de desabamento e colapso estrutural. A decisão foi ratificada após nova vistoria da Subsecretaria do Sistema de Defesa Civil (Sudec), vinculada à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF), na manhã de ontem. Parte da rua onde estão localizados os imóveis — residenciais e comerciais — está fechada desde domingo e não tem previsão de liberação.
Após análise técnica, a Sudec emitiu os termos de interdição para as quatro edificações da Quadra 18 e afirmou, por meio de nota, que somente a partir do laudo de vistoria será possível identificar a causa dos abalos nas estruturas. As construções incluem um prédio com quatro apartamentos, onde residem sete pessoas (lote 15); outro com um apartamento e quatro residentes (lote 14); um terceiro com sete apartamentos e 18 moradores (lote 13); e uma casa no lote 12 com oito residentes.
- Prédios são evacuados e interditados em Planaltina por risco de desabamento
- Saiba como identificar risco de desabamento e sinais de perigo em edificações
- Saúde confirma 14 feridos por desabamento de mezanino de bar em Ceilândia
Vinicius Alves, 27, disse que quando acordou no domingo percebeu que a parede do apartamento estava com uma rachadura, mas achou que era algo simples. Por volta das 16h começou a ouvir estalos nas paredes e cerâmicas. "Liguei para minha mãe e chamamos os bombeiros", descreve.
Acionado, o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF) chegou ao local à noite. Ao verificar as rachaduras na parede do comércio do lote 13, evacuou os quatro prédios que apresentavam risco de desabamento. "Só consegui pegar uma televisão. Estou ficando na casa da minha mãe por enquanto", conta Vinícius.
A possibilidade de alugar outro imóvel é descartada por Vinícius, pois toda a mobília está dentro do apartamento interditado. "É complicado deixar tudo para trás, eu trabalho com vendas de roupas on-line e dessa forma não consigo. Minha esposa foi para o serviço preocupada com tudo isso. Compramos muitas coisas este ano e não queremos perder tudo", pontua.
O proprietário da casa, que preferiu não revelar a identidade, explica que quando saiu na manhã de domingo não percebeu nada de errado. "Quando eu retornei à tarde, notei que havia uma grande rachadura no asfalto. Comentei com minha esposa, pois nada se racha sem motivo", alerta.
Os moradores lamentam as perdas. Márcia Messias, 47 anos, é proprietária de um dos apartamentos interditados, e conta que ficou muito assustada quando chegou da igreja e viu a situação. "Estou ficando na casa da minha filha, a única coisa que tenho da minha casa comigo é a roupa do corpo. Minha confeitaria fica no térreo do prédio e não consigo trabalhar. Meu filho é motoboy, mas a moto dele está na garagem e não podemos pegá-la. Está muito difícil nossa situação", lastima.
Márcia se entristece por não poder entrar na residência que mora há quase duas décadas. "Tudo o que tenho está aqui. Minha vida está neste prédio, é o que batalhei durante boa parte da minha vida. Estou um pouco assustada, mas acredito em Deus e vai dar tudo certo", comenta.
Quando o Correio chegou ao local, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) estava verificando um possível vazamento no asfalto em frente aos imóveis, que pode estar relacionado com as questões estruturais dos edifícios.
Serviço social
A Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) foi acionada pela Defesa Civil para atender as famílias afetadas. De acordo com a pasta, a equipe ofereceu acolhimento institucional e benefícios socioassistenciais. No entanto, "as famílias preferiram ficar em casa de parentes ou conhecidos e informaram que não possuem demanda de assistência social, pois não estão em situação de vulnerabilidade econômica". Dessa forma, não foram concedidos benefícios, nem acolhimento institucional durante este atendimento.
Ainda assim, a Sedes ressalta que os profissionais orientaram e deixaram os contatos do Cras de referência para que as famílias acionem os profissionais em qualquer necessidade.
Até o fechamento desta reportagem não havia previsão da Defesa Civil de novas condutas no local.
*Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado