A doença cardíaca ainda é a principal causa de morte mundialmente, conforme Wladimir Magalhães de Freitas, médico cardiologista da Biocardios Instituto de Cardiologia. Os fatores de risco e prevenção desta enfermidade foram os principais assuntos comentados durante o programa CB.Saúde — parceria entre o Correio e a TV Brasília — nesta quinta-feira (15/4). Aos jornalistas Sibele Negromonte e Ronayre Nunes, o especialista afirmou que o tabagismo é o fator predominante para a causa dessa doença e comentou sobre o cigarro eletrônico.
De acordo com o cardiologista, a doença cardíaca é a que mais mata no mundo, e as ocorrências têm caído rapidamente nos países mais desenvolvidos. “Uma coisa que temos que refletir. Quando tivemos a pandemia, mobilizamos recursos tecnológicos, científicos, tomamos todas as medidas em combate à covid-19. Passada essa pandemia, nós continuamos tendo o mesmo número de mortes em doença cardíaca, e nossos investimentos na redução dessa mortalidade têm sido muito aquém do que o necessário. Em 2022, morreram 400 mil brasileiros, um número semelhante ao pior momento de covid no mesmo ano, em que morreram 411 mil no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Nós, como sociedade nos mobilizamos, muito pouco para diminuir a mortalidade das doenças cardíacas nos próximos anos”, afirmou.
Infarto
O cardiologista explica pelo que o infarto é provocado e mapeia os riscos. “O infarto é causado na maioria das vezes pela doença aterosclerótica, que é um entupimento das artérias da gordura, que ocorre pelo LDL, que é o colesterol ruim. Conseguimos mapear muito bem os fatores de risco da doença cardíaca. Em primeiro lugar, o tabagismo; em segundo lugar, as diabetes; em terceiro lugar, uma dieta não ideal, após vem a obesidade, inatividade física, pressão alta e controle do peso. Esses fatores já são bem estabelecidos com bastante evidência, uma vez que você controla esses fatores de risco, você consegue diminuir a incidência dos infartos. Esse é um dos motivos no qual a incidência de infartos no mundo de países de nível médio economicamente, mais avançados, ainda bem, está caindo, a incidência está diminuindo”, enumerou.
Wladimir Guimarães informou sobre como ter hábitos melhores para amenizar a doença cardíaca. “Se tivermos que elencar o inimigo número um em prioridade, é o tabagismo, um fator muito importante para o desenvolvimento da doença. Os outros fatores, também são muito importantes, como o controle da pressão. Uma das justificativas da queda do número de infartos é basicamente baseada nestes três fatores: cessar o tabagismo, controlar melhor a pressão e controlar melhor os níveis de colesterol, no caso da pessoa que é diabética. Atuando sobre esses fatores, conseguimos reduzir novos casos de infarto”, explica o médico.
Cigarro eletrônico
Em relação ao tabagismo, Wladimir Guimarães esclarece, ainda, se o uso do cigarro eletrônico também entra nos motivos da origem da enfermidade. “Como o cigarro eletrônico não é regulamentado, nós não sabemos o que os jovens estão inalando. Os estudos mostram que o uso tem um potencial de dano tão grande na parte pulmonar que não tem a possibilidade de desenvolver a doença cardíaca, porque a doença pulmonar aparece antes. Muitos desses cigarros eletrônicos têm óleos em sua composição que não são absorvidos pelo organismo e vão se acumulando dentro do pulmão", explicou.
O especialista afirma que os usuários de cigarros eletrônicos tendem a desenvolver mais rapidamente as doenças pulmonares do que os cigarros tradicionais. "Não houve uma evolução do ponto de vista de saúde pública com a troca do cigarro convencional para o eletrônico. Havia, no início, a ideia do menor dano; isso não se provou, é pelo contrário: ele agrava a doença pulmonar mais rápido do que o cigarro convencional”, concluiu.
*Estagiário sob supervisão de Patrick Selvatti
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