Nos discursos de Juscelino Kubitschek, no tombamento como patrimônio mundial, na inauguração das pontes que uniram dois lados. O Correio Braziliense nasceu com Brasília e acompanha a cidade em seus momentos mais importantes. O jornal, que faz a aniversário hoje, deixa a sua marca diariamente na história da capital e é forjado na mesma pedra fundamental que nutre este solo candango.
"A relação entre o Correio e Brasília é única. O jornal se alimenta da energia vibrante da cidade, enquanto contribui para moldar sua identidade e fortalecer laços com a comunidade", avalia o presidente do jornal, Guilherme Machado. "Com um olhar firme no futuro, o Correio se reinventa e se adapta às novas demandas, assumindo o compromisso de continuar sendo um parceiro dos brasilienses."
E toda boa história é feita de bons personagens. As de Brasília e do Correio estão recheadas deles. Por muitas vezes, os nomes dos protagonistas se confundem. Na família da pernambucana Maria Silvia Valladares, 81 anos, o amor por Brasília resultou, inesperadamente, em um forte vínculo com o jornal e com a TV Brasília.
Filha de médico pioneiro, chegou à capital aos 17 anos, antes mesmo da inauguração. Em 21 de abril de 1960, recebeu um presente: conheceu Jairo Valladares, aquele que, pouco tempo depois, tornaria-se seu futuro marido. O homem havia chegado à capital em dezembro de 1959, para ser gerente de obras da construção do prédio que abrigaria o Correio Braziliense e a TV Brasília.
Logo começaram a namorar e, alguns meses depois, veio o casamento. Após a inauguração da sede, em 21 de abril, Jairo foi convidado para ser o primeiro diretor comercial do jornal e, posteriormente, o chamado estendeu-se à direção da TV Brasília — ele aceitou. À época, era advogado, mas se interessou pelo jornalismo após atuar nas obras e ser incentivado pelos colegas a fazer parte da equipe de produção de conteúdo. A partir daí, a rotina mudou. Sílvia estudava em uma das primeiras turmas do Centro de Ensino Fundamental Caseb, mas frequentava o prédio do Correio para acompanhar o marido nos eventos do trabalho.
Descreveu em entrevista que, naquele tempo, a redação era ampla, com muitos funcionários. "Eu ia muito ao Correio Braziliense, via o pessoal montando o jornal, fazendo a composição e tudo o mais", relembra.
Após quatro anos atuando como diretor comercial, o jornalista foi promovido a diretor geral da TV Brasília, cargo em que permaneceu por 35 anos. Pais de quatro filhas brasilienses, inseriram as pequenas no mundo da comunicação logo cedo. "Na década de 1980, foi a minha participação maior. Eu ajudei a fazer a produção da Turma do Carrossel, programa da TV Brasília. Como eu já era psicóloga, criei vários personagens baseados na psicologia e as minhas filhas que atuavam", conta. O programa era um sucesso e faz parte da memória afetiva da cidade.
Os Diários Associados marcaram a família inteira. "Eu brinco que a paixão de Jairo era tão grande que nós (a mãe e as filhas) tivemos que ir para lá. As meninas acompanhavam o pai desde pequenas e curtiam muito." Sílvia diz que se sente muito feliz por ter visto Brasília nascer e ter acompanhado de perto todo o processo de crescimento.
Jairo Valladares morreu, aos 91 anos, em janeiro de 2023. As três primeiras filhas seguiram seus passos e atuam na comunicação, uma delas, inclusive, na TV Brasília.
Duradoura parceria
Foi justamente a TV Brasília que preparou uma bela homenagem ao jornal e aos seus mais antigos funcionários este ano. Nas histórias de vida de Liana Sabo, colunista de gastronomia; Possidônio Meireles, superintendente Administrativo e de Logística; Lino Ferreira, gerente de Produção; Francisco Lima, pesquisador do acervo do Correio; e de Aída Rodrigues, coordenadora de Apoio Administrativo da Redação, o jornal ocupa um vultoso espaço. Apesar de não serem brasilienses, chegaram à capital quando ela ainda era uma menina, e testemunharam de perto as transformações do primeiro jornal e da televisão pioneira.
O amante da gastronomia de Brasília já leu as histórias de Liana Sabo, à frente da coluna Favas Contadas. Considerada a "madrinha do bom-humor", Liana chegou à capital federal em março de 1967. "Quando comecei com a coluna, dava para contar nos dedos os restaurantes de Brasília. A partir disso, toda semana tinha notícias com a abertura de novos restaurantes", conta. "Cada um que abria o seu negócio, me chamava. É muito gratificante, porque isso frutificou. Cheguei como uma menina. As minhas rugas e cabelos brancos são daqui. Esta casa que me deu isso", vibra Liana.
Possidônio Meireles chegou a Brasília em fevereiro de 1969 e, em junho do mesmo ano, tornou-se funcionário do jornal. Em 2024, quase 55 anos depois, permanece integrando a equipe. "O Correio Braziliense é um jornal de referência no Brasil, por estar aqui no centro do poder, e a TV Brasília é muito importante para a cidade. Eu amo esta empresa, se eu não gostasse muito, se eu não tivesse lutado muito, eu não estaria aqui até hoje", declara.
O mineiro Lino Ferreira chegou a Brasília aos 19 anos e, enquanto descobria a capital, conheceu o Correio. A tia trabalhava no jornal e abriu as portas para que ele pudesse ingressar no primeiro emprego. Foi contratado inicialmente como recortador e hoje, após 51 anos na empresa, ocupa o cargo de gerente de Produção. Há mais de cinco décadas Lino troca o dia pela noite imprimindo jornais. Testemunhou diversos acontecimentos memoráveis: a primeira vez do papa na capital, as eleições diretas e a ocasião em que a filha de um empresário foi sequestrada e quando o resgate aconteceu, na madrugada, a edição teve de ser modificada e impressa outra vez. "Os Diários Associados foram pioneiros no Brasil, principalmente com televisão. O grupo era a voz de Brasília. O Correio sempre foi uma referência nacional."
Diário da cidade
Guardião do acervo do jornal, Francisco Lima, mais conhecido pelos funcionários como Chiquinho do Cedoc, atua na empresa há 37 anos. Entrou como datilógrafo e, pouco tempo depois, passou a cuidar do acervo de imagens do Distrito Federal. "Hoje, é impossível me imaginar fora do jornal. Fiz grandes amigos e vi gerações de jornalistas passando por aqui. Esses dois órgãos (Correio Braziliense e TV Brasília) são os diários de Brasília, desde os primeiros instantes, são os testemunhos vivos da história da capital e do Brasil também", pontua.
No caso de Aída Rodrigues, coordenadora de Apoio Administrativo da Redação do Correio, o crescimento foi simultâneo — chegou ao jornal com apenas 17 anos e, há mais de três décadas, inicia e encerra o dia na Redação. Inicialmente, foi contratada como secretária e, após o incentivo dos colegas de trabalho, formou-se em jornalismo. "A gente vê que o Correio dá oportunidade, assim como deu para mim, que cheguei aqui sem nenhuma experiência", declara. "O jornal conta a história de Brasília o tempo todo, eu tive muita sorte. Na verdade, não fui eu quem escolhi, foi o jornal que me escolheu", finaliza Aída.
Confira abaixo as entrevistas concedidas à TV Brasília, acessando os QR Codes. A produção é do gerente de Jornalismo da emissora, Patrício Macedo.
Confira o especial sobre o aniversário de Brasília
Veja as homenagens:
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