ANIVERSÁRIO DE BRASÍLIA

'Eu nunca vou sair do palco', diz humorista Welder Rodrigues

Brasiliense, o humorista Welder Rodrigues declara seu amor à cidade e ao teatro. A história da capital se confunde com a trajetória da companhia Os Melhores do Mundo, da qual faz parte. É grupo de comédia mais longevo do país

Welder Rodrigues nutre uma relação especial de amor com Brasília, a cidade onde nasceu, fez carreira no teatro, criou os dois filhos e onde vive até hoje. Além do afeto nutrido, a capital é estratégica para a vida de Welder nos palcos, um espaço que considera sagrado e ocupa todos os fins de semana há 29 anos com a Companhia Os Melhores do Mundo, grupo de comédia mais longevo do Brasil. "Quem nasce em Brasília tem uma relação diferente com a cidade. Eu nasci aqui, é onde me sinto em casa", declara.

Apesar de contratado da Rede Globo e no ar na novela No Rancho Fundo com o personagem Sabá Bodó, o humorista se recusa a deixar Brasília. A história do grupo, inclusive, se confunde com a da cidade. No mesmo dia em que a companhia completa 29 anos de existência, a capital celebra os 64. A consolidada trajetória leva Welder a percorrer o Brasil semanalmente e a capital do país acaba sendo um ponto central de onde partir para todos os estados brasileiros, que já receberam espetáculos aclamados pelo público, como Hermanoteu na Terra de Godah, Notícias Populares, entre outros.

Além de ator e humorista, Welder é ilustrador e designer gráfico. Entre 1993 e 1996, foi ilustrador, cartunista e designer gráfico do Correio Braziliense. A ilustração é uma paixão e um ofício que desempenha até hoje, diariamente. O talento para múltiplas formas de arte está sempre levando Welder a criar. "Sou responsável por toda a parte de comunicação gráfica dos Melhores do Mundo. Quando não estou fazendo algo para o grupo, eu invento algo para fazer", afirma. "Meu último projeto de design fora do grupo se chama Mundo Brasões. Na pandemia, fui estudar geopolítica e redesenhei todos os brasões de países de territórios autônomos. Foi bem divertido para mim. Para algumas pessoas pode parecer estranho", observa.

A base de tudo

Na estrada com a companhia Os Melhores do Mundo desde 1995, o trabalho no teatro rendeu contratos com a tevê, mas é nos palcos que Welder encontra a plenitude como artista. "É impossível deixar o teatro. É a nossa base. Eu nunca vou sair do palco", ressalta. "Estou apenas emprestado para as novelas. O trabalho é árduo, porque a novela exige muito. É mais texto para decorar, a rotina de gravações é intensa. Mas tanto a novela quanto o teatro eu faço rodeado de amigos", completa.

Humorista por vocação, a graça é combustível e resultado de todos os trabalhos desenvolvidos por Welder Rodrigues. "Há novos projetos de humorísticos para a tevê a caminho, e devo ser escalado para algum deles", anuncia. Entre os programas de humor que já fez para a televisão estão o Zorra Total e o Tá no Ar. Mas um dos humorísticos que mais marcaram a carreira do artista foi a Escolinha do Professor Raimundo, onde interpretou Suppapou Uaci. "Fazer a Escolinha foi emocionante, porque o programa reuniu os melhores do humor da Globo. Eu me senti honrado pelo convite", vibra.

Chico Anysio, criador da versão original da Escolinha, é inspiração para Welder e para os Melhores do Mundo. "O Chico é o nosso padrinho. Certa vez, estávamos no Rio de Janeiro com uma peça e havia 12 pessoas na plateia. Ele estava lá, foi ao camarim no fim e falou: continuem. Escutamos o conselho e aqui estamos", conta. A bênção rendeu um presente que acompanha o grupo até hoje. Chico é a voz de Deus do espetáculo Hermanoteu na Terra de Godah e se faz presente no palco com o grupo até hoje.

 

Diálogo com o público

Junto à companhia de comédia, Welder apresenta um repertório de espetáculos conhecidos do público há mais de 20 anos e, ainda assim, lota teatros por onde passa. Ao ser perguntado sobre a fórmula do sucesso, ele é taxativo: "É o trabalho. Creio que o carinho que demonstramos pelo local onde estamos nos apresentando é um diferencial também. Em cada peça, inserimos pelo menos 40 piadas locais, e isso gera identificação do público, além de empatia. A gente dialoga com os fãs de cada cidade por onde passamos", explica. "Nossos espetáculos estão no YouTube, mas as pessoas nunca deixam de ir ao teatro. No teatro, cada sessão é diferente", acrescenta.

Quanto ao futuro, Welder prefereser econômico com os planos."Estou muito feliz com minhas duas profissões. Para mim, todo dia é bom. Não reclamo, as surpresas são bem-vindas", finaliza. Os Melhores do Mundo estão em cartaz hoje, às 19h30, no teatro Royal Tulip, com o novo espetáculo: Tela Plana.

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