Com apenas 17 anos, Letícia Maria Barroso Camargo teve a vida interrompida após sofrer um grave acidente de carro, em 21 de dezembro do ano passado. A adolescente, outras seis meninas e o motorista, identificado como Rafael Alves de Oliveira, 33, estavam em um Jetta branco e participavam de um racha na BR-070, no Setor O, em Ceilândia, segundo apurou a investigação. Passados quase três meses do ocorrido, a família de Letícia pede por Justiça.
O Correio confirmou com a Polícia Civil (PCDF) que Rafael foi indiciado por um homicídio doloso consumado e outras seis tentativas de homicídio. O dolo (quando há intenção de matar) é devido aos indícios de embriaguez, disputa de racha e fuga do local.
Letícia trabalhava como estagiária de vendas em uma concessionária de veículos na qual Rafael era vendedor. Na noite de 20 de dezembro, Rafael, Letícia e outras seis meninas combinaram de confraternizar em um bar, na QNE 25 de Taguatinga. Ainda no trabalho, antes de ir ao bar, Rafael chegou a enviar fotos de um suposto copo de bebida alcoólica a uma das meninas. Na mensagem, ele escreveu: "Já comecei. Escondido".
Em depoimento à polícia, uma madrinha de Letícia contou que soube por uma das garotas que Rafael deixaria as meninas em casa após a festa. Para a familiar da adolescente, a garota disse que todas estavam sem o cinto de segurança no carro e apenas Rafael utilizava o protetor. Contou, ainda, que o vendedor dirigia em alta velocidade e estava bêbado.
Colisão
Na madrugada de 21 de dezembro, por volta das 2h, Rafael colidiu na traseira de um caminhão de lixo. Kauane Souza, 20, era amiga de Letícia e uma das vítimas do acidente. Ela relata que o motorista dirigia em alta velocidade, a cerca de 140km/h. Letícia e uma outra menina sentaram no banco do passageiro, enquanto as outras cinco estavam atrás, todas sem cinto. "Todas se machucaram, todas tiveram fraturas. Só queremos Justiça. No carro, ele ainda estava com uma arma e sem porte", declarou a amiga, ao Correio.
Rafael se negou a fazer o teste do bafômetro no local do acidente. Mas a polícia tem provas suficientes para saber que, antes do ocorrido, o vendedor ingeriu bebida alcoólica. No bar, ele permaneceu no estabelecimento entre 20h30 e 0h34. Pela comanda, os investigadores constataram inúmeros pedidos de cervejas para a mesa.
Iamara Barroso, mãe de Letícia, alega que Rafael não foi ouvido pela polícia após o acidente e diz que a sensação é de impunidade. "A pessoa não teve coragem de ligar para os pais das meninas. Eu soube da morte da minha filha pela tevê, quando falaram que a dona do telefone que tinha o vídeo estava em óbito. Era minha única filha e é uma dor que não desejo a ninguém", desabafou.
O advogado que representa a família de Letícia, Daniel Ribeiro, afirmou que Rafael levava uma vida dupla e costumava assediar as meninas. Além disso, era comum ele beber e dirigir.
Letícia foi sepultada em caixão fechado devido ao estado como ficou. Rafael segue solto, mas o caso segue em andamento na 32ª Delegacia de Polícia. O Correio tentou localizar a defesa de Rafael, mas, até o fechamento desta edição, não conseguiu contato.
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