Intolerância

Treinador detalha caso de injúria racial em torneio de futebol de escolas do DF

Estudantes da Escola Franciscana Nossa Senhora de Fátima acusam alunos do Galois de chamá-los de "macaco" e "pobrinho"

Ofensas raciais e em virtude de classe social tornaram uma partida de futebol de salão do Torneio da Liga das Escolas, em 2 de abril, um lamentável episódio de hostilidade no esporte. Estudantes do Colégio Galois, instituição anfitriã do jogo, teriam ofendido os atletas do time adversário, da Escola Franciscana Nossa Senhora de Fátima, com termos como “macaco”, “filho de empregada” e “pobrinho”. Todos os envolvidos são alunos do ensino médio, com idades entre 15 e 17 anos. Ambas escolas estão na Asa Sul.

O treinador da Escola Fátima, Carlos de Souza Maia, deu mais detalhes ao Correio sobre a cena que ele presenciou. “Eles também zombaram dos cabelos dos estudantes atletas da Escola Fátima e do tipo físico, pois eram muito magros, insinuando que não comiam porque passavam fome”, lamenta o treinador, que também é orientador educacional.

De acordo com Carlos, os atletas da Escola de Fátima também relataram que a torcida batia com o punho no peito imitando gestos de macaco. “Ao término do 1º tempo, foi realizada uma abordagem ao professor do Colégio Galois, pedindo uma atitude educativa, pois nossos estudantes atletas da Escola Fátima estavam sendo humilhados de maneira absurda”, conta o treinador. Ele comenta que, por parte da sua equipe, o espírito sempre foi o de participar da disputa de modo saudável e evitando qualquer possibilidade de conflito. “Considerando que nossa escola sequer levou torcida”, ressalta.

Maia também lembra que o professor do Galois foi até a torcida pedir para que parassem com as ofensas. Mesmo assim, as agressões não cessaram. “O episódio gerou um enorme dano emocional para os nossos estudantes atletas da Escola Fátima e seus familiares”, enfatiza.

Mesmo diante da situação, “apesar das expressões de ódio, ofensas e palavrões, continuamos jogando”, diz o professor. Ele pede que o caso não fique sem que providências sejam tomadas. “Não pode ser natural olhar para um grupo de jovens estudantes e vê-los chorar porque estão sendo massacrados por preconceito”, reclama.

Instituições

Em carta de repúdio direcionada à direção do Colégio Galois, a Escola Fátima informa que o ocorrido será remetido à coordenação da Liga das Escolas e à delegacia competente. O documento também pede que o Galois tome medias disciplinares e educativas cabíveis aos envolvidos.

Por mensagem à diretora da Escola Fátima, o Colégio Galois afirma que a instituição não está inerte diante do ocorrido. “Já iniciamos uma investigação interna rigorosa e estamos comprometidos em não apenas identificar os envolvidos, mas também a aplicar medidas disciplinares e ampliar, ainda mais, ações educativas necessárias pertinentes”, diz o texto.

A direção do Galois também disse que a instituição se solidariza com os alunos da Escola Fátima e se colocou à disposição para colaborar com os alunos envolvidos, com a Escola Fátima e, se necessário, com as autoridades para desenvolver iniciativas conjuntas que possam beneficiar ambas as comunidades escolares.

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