O Zoológico de Brasília é o espaço que dá oportunidade aos brasilienses e turistas de cnhecerem de perto espécies de animais que dificilmente poderiam ser vistos na zona urbana ou, até mesmo, no Brasil. Atualmente, o local, que ocupa uma área de 139,7 hectares, abriga um total de 600 animais, distribuídos entre 180 espécies de aves, répteis e mamíferos. "O zoológico não é apenas lazer, mas também educação ambiental, pesquisa e conservação", destaca Leandro de Souza Drigo, médico veterinário e diretor de mamíferos da instituição.
O Correio preparou uma série de reportagens sobre algumas das espécies que vivem no local e atraem os olhares curiosos de adultos e crianças que visitam diariamente o espaço. A primeira matéria é sobre os felinos, como o gato-mourisco, o gato-palheiro e a onça-pintada.
Leandro explica que nem todos os animais acolhidos pelo zoo vêm de situação de resgate. Também ocorre permuta entre instituições para proporcionar acasalamentos, a fim de agir na conservação. "Sempre tentamos manter as parcerias com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que sabe onde há machos e fêmeas que podem acasalar, tendo, inclusive, controle genético dos cruzamentos", detalha.
Celebridade
No mesmo recinto vive Peter, que recentemente viralizou nas redes sociais ao escalar a grade de proteção que separa os visitantes do lugar onde mora com o irmão George. Peter também chamou a atenção ao conseguir subir no tronco instalado no centro do recinto. O público ficou apreensivo com a possibilidade de o animal pular para o lado de fora. "A atitude dele não representou perigo para os visitantes. É apenas o que as onças costumam fazer na natureza", tranquiliza Leandro.
George e Peter foram encontrados ainda filhotes em um pasto, no Mato Grosso, em 2021, e chegaram ao Zoológico em setembro do mesmo ano. "Estavam desnutridos e desidratados e não temos informações sobre o que pode ter acontecido com a mãe deles", relata o diretor.
A onça-pintada (Panthera onca) é um tipo de felino carnívoro que existe do norte da Argentina até o México. Com hábitos mais noturnos, peso médio de 60kg, podendo passar dos 80kg, é o maior felino das Américas. No Brasil, o animal pode ser encontrado em diferentes biomas, como Cerrado, Caatinga, Amazônia e Pantanal. A espécie é classificada como vulnerável pelo ICMBio.
Na natureza, as onças costumam se alimentar de aves, mamíferos — geralmente capivaras, veados e cotias — e, eventualmente, répteis. George e Peter são alimentados com 2,5kg a 3kg de carne bovina por dia, a mesma que encontramos em açougues. "Mas, uma vez por semana, eles ficam de jejum, porque na natureza eles não comem todo dia. É uma forma de simular essas situações e de ter tempo para digestão da carne. Um outro dia da semana, damos ossos, que ajudam na limpeza dos dentes, são fonte de cálcio e proporcionam enriquecimento ambiental", descreve Leandro Drigo.
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Solitário
Também conhecido como jaguarundi, o gato-mourisco (Herpailurus yagouaroundi) é um felino pouco conhecido da fauna brasileira. Nascidos em 2018, os irmãos Pegasus e Fênix são filhos de uma fêmea resgatada pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBMGO) e que cruzou com um macho que vivia no Zoológico de Brasília. Na natureza, a alimentação consiste na predação de pequenos roedores, aves e serpentes.
Os gatos-mouriscos estão presentes em quase todo o Brasil, além de outros países das Américas do Sul e Central e do México. Com 4,5kg a 9kg, têm corpo mais alongado, assim como a cauda. "Aqui, eles são alimentados, em média, com 110 a 150 gramas de carne bovina e frango diariamente. Têm hábitos solitários, encontrando-se com outros indivíduos apenas para acasalar. Os filhotes são cuidados pelas fêmeas", assinala o veterinário.
Sul-americano
Um desavisado pode achar que se trata de um gato doméstico comum, tanto pelo tamanho quanto pelo jeito do animal. O gato-palheiro (Leopardus colocolo) aparece apenas na América do Sul, em regiões de campos mais abertos, como o Cerrado, o Pantanal e os Pampas gaúchos. Apenas um gato-palheiro, Palhaço, mora no Zoológico de Brasília.
"O Palhaço foi trazido pelo Ibama, mas não temos informações sobre a origem nem a idade dele. Só sabemos que ele vive aqui há 10 anos", conta Leandro. A alimentação de Palhaço é igual a dos gatos-mouriscos, tanto na natureza quanto no zoológico.
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