O Tribunal do Júri de Planaltina definiu, nesta segunda-feira (22/4), que quatro dos cinco acusados de assassinar 10 pessoas da mesma família, entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, irão a júri popular. O juiz do caso pronunciou os réus, mas não definiu a data do julgamento.
Gideon Batista de Menezes, Horácio Carlos Ferreira Barbosa, Carlomam dos Santos Nogueira e Carlos Henrique Alves da Silva, ficaram em silêncio durante o interrogatório judicial. O quinto réu, Fabrício Silva Canhedo, vigia do cativeiro, anexou solicitação na Justiça para que o processo fosse desmembrado — deferido pelo magistrado. Não há data definida para ele ser pronunciado.
O episódio foi mostrado em primeira mão pelo Correio. Na época, noticiamos o desaparecimento da cabeleireira Elizamar da Silva, 37 anos, e dos filhos, Gabriel, 7, e os gêmeos Rafael e Rafaela, 6. Dias depois, o caso se tornaria na maior chacina registrada na história do Centro-Oeste. Um ano depois, os assassinos permanecem presos no Complexo Penitenciário da Papuda.
Elizamar e os filhos desapareceram na noite de 12 de janeiro, após saírem de um salão de beleza localizado na Asa Norte de propriedade de Elizamar. Do salão, ela seguiu de carro com as crianças para a chácara do sogro, Marcos Antônio Lopes de Oliveira, 54. A ida à residência de Marcos teria sido um pedido do marido, Thiago Belchior, 30. No entanto, se tratava de uma armadilha articulada pelos assassinos, encabeçada por Gideon.
Mentor da chacina, Gideon articulou toda a série de assassinatos, numa tentativa de eliminar a linha herdeira de Marcos. Os dois eram amigos e se conheceram na década de 1990, na Papuda, após compartilharem o mesmo pátio na prisão. Ao sair da cadeia, Marcos ofereceu um lote para Gideon na chácara dele. Por anos, Gideon participou dos negócios financeiros de Marcos e, inclusive, de empreitadas criminosas.
Mortes
No mesmo dia que o Correio noticiou o desaparecimento, o carro de Elizamar foi encontrado carbonizado com quatro corpos dentro, em Cristalina de Goiás. Em menos de 24 horas depois, foram localizados os corpos da sogra de Elizamar, Renata Belchior, 52, e da cunhada, Gabriela Belchior, 25, também em um carro carbonizados, em Unaí (MG). Começava ali uma saga de descobertas.
Dois dias depois após o sumiço e localização dos corpos, policiais civis da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá) chegaram ao encalço de Gideon e Horácio. Frios e calculistas, os dois assassinos montaram um verdadeiro enredo de teatro e, em depoimento, culparam Marcos e Thiago pelas mortes de Elizamar e os filhos e afirmaram terem sido recrutados para ceifar a vida da mulher e das crianças. No entanto, os investigadores desconfiaram da versão apresentada, isso porque pai e filho seguiam desaparecidos.
No decorrer das investigações, constatou-se ainda o desaparecimento da ex-mulher de Marcos, Cláudia Regina, e da filha deles, Ana Beatriz, além de Marcos e Thiago.
Mas o mistério logo teria um fim. Em menos de uma semana, a polícia prendeu Carloman e Fabrício. Os dois eram amigos de longa data e participaram das execuções. Ao serem confrontados pela polícia, deram a verdadeira versão dos fatos. Segundo eles, pouco depois do natal, em dezembro de 2022, Gideon e Horário atraíram todos os membros da família para um cativeiro, localizado em uma casa em Planaltina. Lá, as vítimas foram vendadas, amarradas, extorquidas e, por fim, mortas.
O corpo de Marcos foi localizado em 18 de janeiro enterrado no quintal da casa. Relutante, Horácio só decidiu confessar aos policiais a verdade por meio de um desenho. Em um papel, ele desenhou o local onde estariam os corpos de Thiago, Ana Cláudia e Ana Beatriz. Os três foram mortos a facadas e jogados em um poço, em um terreno baldio.
O caso foi solucionado em menos de 10 dias pela PCDF. Todos envolvidos permanecem na Papuda.
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