O caso de injúria racial em um jogo de futsal entre duas escolas no Distrito Federal levou órgãos e instituições a pedirem providências. Neste sábado (13/4), o Ministério do Esporte publicou nota repudiando o fato ocorrido no início deste mês. Ao Correio, o presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Legislativa do DF (CLDF), o deputado distrital Fábio Félix (PSol), disse haver solicitado à Secretaria de Educação (SEE-DF) medidas de responsabilização contra os agressores. No mesmo caminho, cobrando punições para os responsáveis, seguiram a Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF), a Comissão dos Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados (CDHM) e o Movimento Negro Unificado (MNU).
Em vídeo divulgado, neste sábado (13/4), pelas redes sociais, Dulcineia Marques, diretora-presidente do colégio Galois — onde estão matriculados os estudantes suspeitos de fazer ofensas verbais de cunho racista —, pediu desculpas aos alunos da Escola Nossa Senhora de Fátima, convidados para um jogo. A torcida anfitriã teria chamado os jogadores adversários de "macaco", "pobrinho" e "filho da empregada". Além disso, existe a denúncia de que alguns imitaram chimpanzés e ridicularizaram os cabelos dos jogadores visitantes.
A diretora, na filmagem, afirmou que um grupo muito pequeno foi identificado como possível autor das injúrias. Na postagem, ela garantiu que serão tomadas "todas as medidas pedagógicas, educacionais e de direito" contra quem for identificado como responsável pelos atos que sua escola rejeita.
Por sua vez, o deputado Fábio Felix ressaltou a necessidade de o Galois elaborar e divulgar um cronograma sobre as medidas que adotará. "É importante dar visibilidade a este caso para constranger esses comportamentos no ambiente escolar e esportivo. Esse episódio lamentável nos mostra a urgência de uma educação antirrascista nas escolas", declarou o presidente da comissão da CLDF.
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O Correio falou com outras autoridades e defensores dos direitos dos negros que se disseram chocados com as atitudes de injúria racial. A copresidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-DF, Patrícia Guimarães, afirmou que o episódio deve servir de exemplo. "A denúncia é importante para dar o exemplo a outras instituições de que o racismo não é tolerado no esporte e em nenhum outro âmbito educacional", disse. Ela lembrou que, pela lei brasileira, todo ato de injúria racial cometido em ambiente esportivo é crime grave e pode levar a uma pena de dois a cinco anos de prisão.
Para Moema Carvalho, coordenadora do MNU no DF e Entorno, a situação entre esses estudantes é reflexo das atitudes de racismo que vêm ocorrendo nos grandes torneios de futebol ao redor do mundo. "Isso nos mostra como as crianças e os adolescentes estão absorvendo o que veem no mundo do esporte. Quando não há punição nas legislações, infelizmente nós não avançaremos em ações afirmativas e de combate ao racismo", declarou.
O Ministério do Esporte, por sua vez, em nota divulgada, neste sábado (13/4), lamentou o ocorrido. "É inaceitável que episódios de discriminação racial persistam em nossa sociedade", apontou o texto. Já a presidente da CDHM, deputada Daiana Santos (PCdoB-RS), ressaltou: "É inadmissível que estudantes negros sejam humilhados e vítimas de racismo e nada seja feito".
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