QUALIFICAÇÃO

Incentivo ao afroempreendedorismo

Projeto oferece capacitação com o objetivo de impulsionar os negócios de empresários brasilienses pretos e pardos

Coordenadora e idealizadora do projeto, Cristiane Pereira (D) destaca que o curso está dando bons resultados: jovens líderes negros  -  (crédito: Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Coordenadora e idealizadora do projeto, Cristiane Pereira (D) destaca que o curso está dando bons resultados: jovens líderes negros - (crédito: Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Dados do estudo Empreendedorismo por Raça-cor, realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mostram que, até o fim do primeiro semestre de 2023, no Distrito Federal, de todos os donos de negócio, 59% eram pretos ou pardos. Só que a jornada de iniciar um empreendimento do zero sem a capacitação adequada é repleta de desafios e de incertezas, especialmente para esse público que, muitas vezes, conforme o estudo, é invisível para grande parte do mercado.

É por isso que o Instituto Multiplicidades criou o projeto Igualando Oportunidades, que propõe impulsionar o afroempreendedorismo brasiliense, reconhecendo a importância crucial dos mentores negros no processo de empoderamento e desenvolvimento dos jovens.

Por meio de palestras, workshops e mentorias com especialistas renomados, a iniciativa oferece capacitação em áreas como elaboração de plano de negócios, marketing, finanças, gestão de projetos, tecnologia da informação, programação, desenvolvimento de software, aplicativos, redes sociais e habilidades empreendedoras.

Ao Correio, a coordenadora e idealizadora do Igualando Oportunidades, Cristiane Pereira, conta que o projeto surgiu, inicialmente, com o intuito de fazer com que o jovem negro conquistasse um perfil de liderança, preparando-o para o mercado de trabalho. "Só que, neste ano, fomos provocados a preparar esse público não só para arrumar um emprego, mas também para pensar em ser empreendedor de verdade", destaca.

"Foi aí que criamos a incubadora do 'Igualando Oportunidades'. Estamos na nossa primeira turma e tivemos bons resultados, com três dos nossos alunos conseguindo levar suas empresas para a Campus Party", detalha. "Também temos casos de alunos que receberam proposta para dar aula em determinados cursos por causa da sua startup", acrescentou Cristiane. Segundo ela, atualmente, são 20 pessoas participando do projeto. "No fim de todo o processo, a gente espera que elas formem empresas", adianta.

Mudança

Uma das mentoras da iniciativa é Vivian Miranda, que enfatiza a "mudança de chave" que a proposta viabiliza. "A gente tinha um curso com uma pegada mais de segurar a mão do aluno. A mentoria, agora, é no sentido de conduzi-los durante a jornada em que vão tirar, definitivamente, seus empreendimentos do papel", ressalta."Então, a missão da incubadora é dar um motor de propulsão e fazer com que deslanche esse negócio e a tarefa do mentor serve como esse motor de propulsão, dando dicas e ideias", assinala.

"Em uma das aulas, falamos sobre redes de negócios, instigando os alunos a fortalecerem uns aos outros: 'eu te indico, você me indica, e a roda da engrenagem acaba trazendo melhores ganhos para todos que estão atribuídos na rede'", comenta Vivian. "Foi assim com muitos empreendimentos que hoje são comandados por mulheres e homens negros", reforça a mentora.

A moradora de Samambaia Sara Antônia Ferreira, 41 anos, procurou o curso para mudar de vida. "Como eu tinha muita vontade de ter mais conhecimento nessa área de empreendedorismo para, no futuro, ter um negócio, vendo toda a estrutura e conhecendo um pouco do projeto, vi que era interessante, atendia aquilo que estava buscando havia bastante tempo e, o que é melhor, voltado para o público negro", salienta.

Sara lembra que já teve um negócio que não deu muito certo e viu a necessidade de uma formação sobre empreendedorismo. "Tenho um projeto que é o Sara Sarada Refeições Saudáveis. Eu era obesa mórbida e tive de me adequar à alimentação saudável. Durante esse processo, passei a ver que falta isso para o público negro, principalmente", avalia. Sobre a decisão de se aperfeiçoar, Sara analisa que "uma coisa é você ter o senso comum, outra é ter uma formação e ensinamentos que foram testados e que, comprovadamente, deram certo. Quero sucesso e agora vou lutar por isso".

FRASE

Quero sucesso e agora vou lutar por isso"

Sara Antônia Ferreira, aluna do projeto Igualando Oportunidades

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postado em 21/04/2024 04:00
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