ENTREVISTA | ANA ELISA DUMONT, PRESIDENTE DO SINEPE-DF

Gestores de escolas privadas do DF buscam lições de tecnologia no Japão

Ao CB.Poder, a presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sinepe-DF), Ana Elisa Dumont, fala da imersão que 17 gestores educacionais farão em colégios japoneses para adoção de práticas inovadoras nas escolas do DF

Ana Elisa Dumont, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF), é a entrevistada do CB.Poder -  (crédito:  Andreia Nalini/CB)
Ana Elisa Dumont, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF), é a entrevistada do CB.Poder - (crédito: Andreia Nalini/CB)

Dezessete gestores de escolas privadas do Distrito Federal farão um intercâmbio em colégios do Japão com o objetivo de observar as práticas nos ambientes escolares de lá e implementar, com adaptações, na proposta pedagógica daqui. O uso da tecnologia em sala de aula, a introdução da educação inclusiva, violência e bullying nas escolas foram os principais temas tratados na entrevista com Ana Elisa Dumont, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF), no programa CB.Poder — parceria entre o Correio e a TV Brasília — desta quarta-feira (10/4). 

Às jornalistas Samanta Sallum e Priscila Crispi, a presidente do Sinepe-DF conta que o motivo de enviar gestores ao Japão é sair da zona de conforto e pensar novas possibilidades que possam ser agregadas nas escolas brasilienses. Ela disserta sobre adaptar e aplicar fatores que contribuem na educação nipônica e fazer com que esses feitos se adequem aqui.

“É muito importante o olhar do gestor que participa da missão. Ele tem que observar aquela prática e debater se ela pode ser adotada na proposta pedagógica das escolas. Temos muitas expectativas para trazer fatores do Japão que contribuam com a educação daqui, pois é um país desenvolvido e tecnológico. Temos que averiguar como isso é aplicado nas salas de aula”, afirma.

Ana Elisa também evidenciou a prática da tecnologia dentro das salas de aula, se o uso deveria passar por uma regulamentação na Justiça ou se os colégios deveriam aplicar o uso com a liberdade que quisessem. “Por ser da iniciativa privada, quando falamos de opção, tem que estar muito bem explicado, dentro do processo pedagógico, para avaliar se esse método de usufruir a tecnologia seria benéfico ou não. Entretanto, quanto a celulares, e adaptar a didática toda para forma eletrônica, verificamos que não. Tudo que é demais é problema, tudo de menos é problema. Não dá para termos um estudante e não prepará-lo para o mercado, por isso, hoje, o maior desafio das escolas é fazer o estudante utilizar a tecnologia de forma saudável”, explica a presidente do Sinepe-DF.

Inclusão

Ana Elisa foi questionada sobre como as escolas estão se preparando para receber estudantes diversos. “A inclusão é um tema muito delicado, que exige da gestão da escola e das famílias muito diálogo. São crianças diferentes com necessidades diferentes. Existe um documento chamado PEI — Plano Educacional Individualizado — no qual essa pessoa laudada é adaptada para estar inserida nas aulas e entender um pouco mais, mesmo com alguma dificuldade em determinada área de conhecimento”, argumenta.

“Não são salas especiais que vão terminar o trabalho pedagógico que a escola está fazendo com o estudante. As escolas particulares não têm obrigatoriedade de impor essa sala na instituição. Depende muito mais da rotina e do manejo desse aluno, e por isso o PEI é necessário. Às vezes, para fugir do convívio social, esse aluno especial prefere ficar na biblioteca que já temos em nosso ambiente”, completa.

Violência nas escolas

No desfecho da entrevista, a presidenta do Sinepe-DF é questionada sobre como a escola se prepara para conter a violência e o bullying. “A gente tem atuado em parceria com a Secretaria de Segurança Pública, com a delegacia de crimes cibernéticos e com o Batalhão Escolar. A chance de uma criança ou um adolescente se tornar um agressor ativo porque vive em um ambiente violento multiplica-se em sete vezes. A resolução desse caso é o diálogo das famílias com os próprios filhos para prevenir que ele possa se tornar um agressor ativo. Questionar com quem o seu filho anda, o que ele tem feito, a individualidade tem de ser rompida para identificar os problemas, caso seu filho se mostre uma pessoa suspeita de uma hora para outra”, salienta Ana Elisa.

“Em relação ao bullying, tem sido um trabalho contínuo, de família, escola e sociedade. O bullying não surge do nada, é preciso cuidar disso dentro e fora da instituição. A solução é atuar preventivamente na vida de seu filho, conversar sobre com quem ele conversa, com quem ele sai, o que seu filho leva na mochila, não deixar assistir conteúdos inadequados — são alguns exemplos. Eu diria que a essência da conversa é a parceria e o diálogo. O que tem acontecido nas escolas é de uma sociedade que está demonstrando que precisa de cuidados para acatar questões emocionais e sociais, então, não é só da escola essa responsabilidade, e sim da sociedade como um todo”, complementa. 

*Estagiário sob a supervisão de Patrick Selvatti

 

 

 

 

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postado em 10/04/2024 18:26 / atualizado em 10/04/2024 18:26
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