Nascida em Manaus, em 1949, Elza Praia Fiúza Dias Pinto foi uma das primeiras mulheres a exercer a carreira de repórter fotográfica em Brasília, quando veio à capital em 1975. Elza começou trabalhando no Correio como laboratorista, entre 1979 e 1981, teve passagens pela Radiobras e Empresa Brasileira de Notícias (EBN), além de ter vivido longa trajetória na Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Criada em família de indigenistas, era apaixonada por registrar a natureza e ilustração. Elza lutou bravamente contra um câncer de pulmão por sete anos e faleceu na madrugada desta quarta-feira (10/4), aos 74 anos.
“O lugar onde ela dizia ser mais feliz era nas pautas. Ela fez vários amigos no Correio, foi uma pessoa muito amada e tinha lembranças maravilhosas”, recorda a filha Joana Praia.
“Dizíamos que a casa dela era uma grande oca, porque ela veio de uma cultura amazonense. A mãe do meu pai era irmã do pai da minha mãe, então, eles foram criados da Amazônia e muito perto de aldeia indígena convivendo com indígenas de várias etnias. Em Brasília, a casa do meu pai recebia muito os Xavantes. O cacique Raoni também, que a Caiapó, quando vinha para a capital, ficava lá em casa”, completa.
Elza se formou na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Suas fotografias contemplam duas publicações: o V documento de arte contemporânea do Centro-Oeste, e Brasília Ano 20 – onde estão documentadas as primeiras décadas da, até então, nova capital do Brasil.
Elza foi casada por 55 anos com o jornalista Chico Dias. Joana destaca que o comediante Grande Otelo e o cartunista Ziraldo, foram padrinhos do matrimônio. Agitadores culturais, ela e o esposo foram fundadores do bloco de carnaval Pacotão.
“Ela cobriu todos os blocos do Pacotão desde o início, na época em que era mesmo o bloco político de jornalistas. Na minha infância, íamos ao clube da Imprensa para fazer as faixas”, lembra Joana.
Nos últimos sete anos, a fotógrafa sofreu duas sepses (resposta inflamatória causada por uma infecção bacteriana) em sua batalha contra o câncer de pulmão.
“Ela era uma pessoa extremamente independente. Vimos sua luta como uma prova de amor, porque ela ficou 7 anos acamada sofrendo, mas, firme e forte para estar conosco. Ela demorou muito a aceitar esse final, ela gostava muito de viver”, lamenta a filha.
Elza Fiúza deixa quatro filhos – Marina, Joana, Vânia e Pedro – e seis netos – Heitor, Helena, João, Moreno, Mariah e André. A fotógrafa será velada amanhã na capela 6 do Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, das 11h às 13h. Seu corpo será cremado às 16h em Valparaíso.
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