A epidemia de dengue pela qual atravessa o Distrito Federal, neste ano, tem causado quantidade de mortes elevada em comparação com os últimos anos. Ao todo, em 2024, vieram a óbito um total de 205 pessoas. O número é quase 11 vezes maior do que a quantidade registrada em todo o ano de 2023, quando 19 pessoas faleceram em decorrência da dengue. Além das mortes registradas neste ano, outros 65 óbitos estão em investigação, podendo ter sido causados pela doença. Segundo o Ministério da Saúde, no DF, a letalidade da dengue, nos casos prováveis é de 0,10: mais de duas vezes maior do que a média nacional, que é de 0,4.
Apesar do DF ter recebido uma quantidade de vacinas menor do que o número de habitantes que integram o público-alvo da primeira fase da vacinação, o Ministério da Saúde recomendou, em 3 de abril, que um total de 11.720 doses de vacina contra dengue com validade para o dia 30 deste mês fossem encaminhadas da capital do país para o estado do Amapá, pois não estavam sendo utilizadas e apresentavam risco de perda por validade.
O mesmo quantitativo remanejado será reposto pelo ministério com imunizantes com validade superior. O remanejamento foi decretado pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) para que a oferta de vacinas fosse ampliada em municípios com alta incidência de dengue.
Segundo o Painel de Monitoramento de Arboviroses, atualizado ontem pelo Ministério da Saúde, o Distrito Federal conta com 205.571 casos prováveis de dengue e segue sendo a unidade federativa com maior incidência de casos por 100 mil habitantes, seguido de Minas Gerais e Espírito Santo. Ainda segundo o levantamento da pasta, no DF, 55,3% dos casos prováveis atingiram mulheres e os outros 44,7% afetaram homens.
Atendimentos
Apesar do elevado número de casos, alguns pacientes estão encontrando menos dificuldade para serem atendidos nas tendas e unidades de saúde. É o caso do mestre de obras José Antônio de Camargos, 58 anos. Morador da Ceilândia, ele esteve, ontem, na tenda de hidratação localizada na administração da região e elogiou o atendimento. "Trouxe minha neta Clarissa, de 15 anos, e, em menos de 20 minutos, chegamos, passamos pela triagem, fizeram o teste nela e a colocaram no soro. Há um mês, isso não era imaginável", relatou.
Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ceilândia, o Correio conversou com a dona de casa Sueli da Silva, 41, que aguardava atendimento para a filha de 17 anos. Moradora do Guará, ela relatou que a filha havia tido dengue no mês passado e testou positivo para a doença novamente menos de 20 dias depois. "Ela teve dengue há duas semanas. Buscamos atendimento no posto do Guará, que estava bem cheio, mas conseguimos ser atendidas. Ela foi medicada, e fomos para casa. Recentemente, ela ficou mal de novo. Desde então, estamos procurando atendimento em várias unidades de saúde e ainda não conseguimos. Hoje, precisamos vir até Ceilândia para conseguir. Graças a Deus, ela conseguiu ser atendida e será tratada. Mas precisamos peregrinar por dois dias e nos deslocar do Guará até aqui", contou.
Saiba Mais
Novas tendas
Além das nove tendas em funcionamento no DF, outras 11 estão em fase de implementação. Gama, Guará 1, Planaltina, Paranoá, Plano Piloto, Vicente Pires, Varjão, Taguatinga e Águas Claras. Ceilândia e Samambaia, que já contam com uma tenda de atendimento, serão beneficiadas com mais um espaço de acolhimento.
Atualmente, o DF conta com nove tendas de hidratação, localizadas no Sol Nascente, Brazlândia, Ceilândia, Estrutural, Recanto das Emas, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião e Sobradinho.
Médicos
A rede pública de saúde do DF será reforçada com a chegada de 461 novos médicos de 15 especialidades. As nomeações foram assinadas pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), na ultima sexta-feira. Cerca de 240 médicos fazem parte do cadastro reserva do último edital, referente ao concurso de 2022. Outros 21 médicos convocados substituirão os candidatos que não apresentaram documentação. Os profissionais se juntarão aos 200 generalistas temporários empossados na última semana.
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