TEMPO

DF registrou quase 50 mil raios de janeiro a março, uma média de 546 por dia

Em um período marcado pelas tempestades, uma das consequências é a queima de aparelhos, causada por quedas de energia. Especialista explica como se prevenir

Para evitar danos a equipamentos, o melhor é tirá-los da tomada durante tempestades e/ou quedas de energia -  (crédito: Fotos: Ed Alves/CB/D.A Press - Beatriz Mascarenhas)
Para evitar danos a equipamentos, o melhor é tirá-los da tomada durante tempestades e/ou quedas de energia - (crédito: Fotos: Ed Alves/CB/D.A Press - Beatriz Mascarenhas)

De janeiro a março deste ano, foram registrados 49.690 raios no Distrito Federal — sendo 17.927 em janeiro, 8.583 em fevereiro e 23.180 em março. Os dados são do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (ELAT/Inpe). Isso representa uma média de 546 raios por dia. Os números são inferiores aos do mesmo período do ano passado, quando ocorreu o total de 97.785 raios, mas ainda assim há muitos transtornos.

Este ano está sendo marcado, até o momento, por chuvas intensas. Uma das consequências são episódios de queda de energia elétrica, que, por sua vez, podem resultar em danos a eletroeletrônicos e eletrodomésticos.

Em 19 de março, a moradora do Lago Sul Natalia Valle, de 34 anos, enfrentou esse problema. Naquele dia, a região foi atingida por uma tempestade. Várias casas sofreram apagão. Quando a energia voltou, a televisão não funcionou, apesar de estar desligada na hora da chuva. "Tem filtro de linha na televisão, mas descobri que não é o suficiente. Tive um prejuízo de R$ 3 mil", recorda a moradora, que viajou posteriormente e ainda não mandou consertar o equipamento. "Nosso filho, Luca, de 2 anos, assistia desenhos todas as manhãs e é ele quem mais sente falta da televisão", lamenta.

Moradora perde TV em meio a quedas de energia em residências do Lago Sul
Natalia Valle vai gastar R$ 3 mil no conserto da televisão, que queimou em decorrência de queda de energia (foto: Beatriz Mascarenhas)

Euclides Lourenço, doutor em engenharia elétrica e pesquisador da Unicamp, indica que é necessária a instalação de pontos de aterramentos eficientes, dentro dos padrões estabelecidos. "São obrigatórios para condomínios residenciais e todo tipo de infraestrutura conectada à rede elétrica", explica.

Para os moradores, existem possibilidades como os nobreaks — dispositivos de proteção que possuem bateria para auxiliar em caso de quedas ou variações de energia, devidamente aprovados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). O especialista, que também é membro sênior do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), destaca que, se o equipamento já foi queimado durante as tempestades, o ideal é procurar pela rede credenciada do fabricante para o reparo.

Ele ressalva que, mesmo com o uso dessas ferramentas, devido à aleatoriedade dos raios e à complexidade das redes elétricas, não existe uma solução 100% eficaz, apesar da grande redução de chances de estragos. "Para evitar danos, o ideal é desconectar os aparelhos elétricos da tomada durante uma tempestade ou queda de energia na rede elétrica", complementa.

Segundo Euclides Lourenço, os fatores que interferem na tensão da rede elétrica são variados. "O mais comum é que, durante a religação da rede elétrica de energia, exista um período de tempo onde ela ainda não está estabilizada, o que implica tensões maiores, gerando picos de energia muito rápidos", detalha. "Dessa forma, não é dado o tempo para a queima do fusível de proteção dos aparelhos, porém, é o suficiente para danificar outros componentes eletrônicos dos eletrodomésticos e outros equipamentos conectados à rede de energia", completa o especialista.

Projeção

De acordo com o coordenador do ELAT/Inpe, Osmar Pinto Júnior, até o fim deste século, é esperado um aumento em torno de 40% na incidência de raios no Brasil, devido ao aquecimento do planeta.

O que provoca os raios

Para entender a formação de raios, primeiro é preciso explicar o relâmpago — corrente elétrica muito intensa que ocorre na atmosfera com duração de meio segundo e trajetória com comprimento de 5km a 10km. O fenômeno é consequência do rápido movimento de elétrons de um lugar para outro, fazendo o ar ao seu redor iluminar-se, resultando em um clarão e um aquecimento, que geram um som: o trovão. Apesar de estarem normalmente associados a tempestades com chuvas e ventos intensos, os relâmpagos também podem ocorrer em tempestades de neve, tempestades de areia, durante erupções vulcânicas ou mesmo em nuvens que não sejam de tempestade, embora, nesses casos, costumem ter extensões e intensidade bem menores.

Quando o relâmpago conecta-se ao solo é chamado de raio, podendo ser denominado ascendente, quando inicia no solo e sobe em direção à tempestade, ou descendente, quando iniciado na tempestade e desce em direção ao solo. O raio é uma descarga elétrica que ocorre na atmosfera com intensidade típica de 20 mil ampères, cerca de mil vezes a intensidade de um chuveiro elétrico. Em geral, os raios provocam um clarão e, logo em seguida, um barulho denominado trovão, por causa do deslocamento de ar.

Fonte: Inpe

Precauções

Mais importante do que cuidar dos equipamentos, é proteger a vida. Para evitar choques por descargas atmosféricas em tempestades elétricas:

  • Evite atividades ao ar livre em parques, campos e quadras poliesportivas.
  • Mantenha distância de árvores, postes de iluminação e torres de transmissão de energia elétrica.
  • Não entre nem permaneça em piscinas durante tempestades.
  • Evite ficar próximo de cercas metálicas e em terrenos descampados.
  • Evite áreas com árvores altas ou postes que possam cair devido aos ventos fortes.
  • Procure uma estrutura robusta com bom aterramento em terreno elevado para se proteger.
  • Mantenha um telefone celular carregado e uma fonte de energia alternativa para se manter conectado durante emergências.

Fonte: Defesa Civil

*Estagiária sob a supervisão de Malcia Afonso

 

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postado em 06/04/2024 03:53 / atualizado em 06/04/2024 09:47
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