Dengue

Dengue: pacientes reclamam da falta de testes na tenda de Santa Maria

Há pelo menos uma semana, os profissionais de saúde que atendem na tenda da região administrativa trabalham sem o método de diagnóstico NS1, que detecta a dengue nos primeiros dias de sintomas

Bruna foi encaminhada para o Hospital Regional de Santa Maria -  (crédito: Letícia Mouhamad/CB/D.A Press)
Bruna foi encaminhada para o Hospital Regional de Santa Maria - (crédito: Letícia Mouhamad/CB/D.A Press)

Quem procurou a tenda de hidratação de Santa Maria, na manhã de ontem, com sintomas iniciais de dengue, foi atendido, mas recebeu a orientação de realizar um hemograma no hospital regional da cidade ou na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) mais próxima. O Correio apurou que, há pelo menos uma semana, faltam testes do tipo NS1, que detectam a doença a partir dos primeiros dias de sintomas.

A recomendação de procurar outra unidade foi dada à Bruna Alves, 27 anos, que chegou à tenda com cansaço, fraqueza, febre e dores no corpo e na garganta, sintomas identificados há três dias. "Eles me atenderam e entregaram o encaminhamento do hemograma para eu apresentar no laboratório do HRSM (Hospital Regional de Santa Maria). Apesar de eu acreditar que seja dengue, também há suspeita de ser covid-19 ou gripe", contou a estudante. 

A orientação dos profissionais da tenda não agradou ao pai de Bruna, José Ferreira, 55, que disse ter observado que os encaminhamentos foram recorrentes nos minutos em que a acompanhou no local. "Trouxe a minha esposa aqui há quarenta dias e ela foi muito bem atendida. Fez o teste e foi medicada. Hoje (ontem), estão dispensando as pessoas para outras unidades de saúde, que sabemos que estão lotadas. Penso que ainda não é hora de recuarmos nos atendimentos e testagens", avaliou. 

Segundo a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) as tendas de hidratação são responsáveis por fazer o manejo clínico da dengue nos pacientes classificados como grupos A e B, que não têm sinais de alarme, conforme Diretrizes do Ministério da Saúde. Os pacientes C e D, que apresentam sinais de alarme e de choque, serão removidos para as UPAs ou Serviço Hospitalar de Emergência. Questionada sobre a falta de testes NS1 na tenda de Santa Maria, a pasta não respondeu. 

Prevenção

Ainda na tenda de Santa Maria, a reportagem conversou com Cláudia Fernandes, 46, que chegou à unidade com ardência nos olhos e muita dor nas pernas e na cabeça. Como os sintomas começaram há dois dias, a recomendação foi aguardar mais 24 horas para verificar se permanecem. Em caso positivo, ela deve retornar para tentar fazer o teste, visto que, a partir do terceiro dia, as chances de os resultados serem mais precisos é maior.  

Moradora de Valparaíso e professora na região administrativa, Cláudia disse que sua mãe e irmã já foram infectadas pelo vírus, além de duas colegas da escola em que trabalha e inúmeros alunos. Mãe de um adolescente de 12 anos, ela revelou por que optou por não levá-lo para tomar o imunizante contra a dengue. "Não quero expô-lo a vacinas de urgência". Santa Maria já acumula 12.447 casos e, no momento, é a quarta região administrativa com o maior número de atendimentos em tendas. 

Sargento do Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF), Edivânia Silva, 40, reforçou que a equipe, em serviço rotativo, tem prestado apoio logístico e de transporte na tenda. Contou também que se depara de forma recorrente com acúmulo de lixo e entulho. "Para prevenir a dengue, é preciso conscientização. Sei que nem todo mundo tem condição de comprar um repelente, mas descartar o próprio lixo corretamente é atitude básica", comentou. 

Em relação às 11 novas tendas previstas para serem inauguradas nesta semana, a SES informou que os atendimentos serão iniciados somente após as etapas de montagem e de vistoria serem concluídas, porém não especificou uma data. Conforme dados do InfoSaúde, o DF acumula 201.391 casos de dengue e 206 óbitos. 

 

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postado em 05/04/2024 04:08
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