Brasília alcançou o número de 205 mortes em decorrência da dengue, somente este ano, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (1/4) pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF). Outros 55 falecimentos pelo mesmo motivo ainda estão sendo investigados, de acordo com a pasta, que ainda verifica a possibilidade de confirmar mais 190 mil casos pela picada do Aedes aegypti.
O governador Ibaneis Rocha anunciou, nesta segunda-feira (1/4), também, por seu perfil em rede social, a autorização para montagem de 11 tendas de atendimento aos infectados pela arbovirose (enfermidade transmitida por mosquito). Além disso, informou que foi liberada a contratação de 200 médicos e a ampliação da UTI do Hospital da Criança em 10 leitos.
Mesmo com as medidas do governo do Distrito Federal para controlar e reverter o crescimento da epidemia, os pacientes ainda sofrem. Os sintomas (dores de cabeça e pelo corpo, febre, fraqueza etc.) os impedem de ir à escola, de trabalha e, em alguns casos, são tão fortes que as pessoas sequer conseguem se levantar da cama. A reportagem do Correio conversou com alguns desses doentes que relataram o que estão vivendo.
Problemas
Na tenda de hidratação montada em Santa Maria, Hudson Barbosa, 28 anos, aguardava, nesta segunda-feira (1/4), aparentando abatimento, o resultado de um teste. Ele, que trabalha com reformas e transformações na aparência de automóveis, disse que no fim da tarde da última sexta-feira começou a sentir dores nas articulações, que se espalharam pelo corpo. À noite, elas haviam tomado os olhos e o mal-estar era tal que não conseguiu dormir.
Mesmo assim, contou que trabalhou no fim de semana para atender os compromissos assumidos com sua clientela. Porém, a doença o impediu totalmente de manter a agenda. Relatou que teve de tomar coragem para dispensar trabalhos que apareceram, nesta segunda-feira (1/4), em seu estabelecimento e, com muito custo devido ao incômodo, procurou a tenda de Santa Maria. Lamentou que, além de precisar se ausentar dos afazeres profissionais, ainda teve que deixar com a esposa a responsabilidade de cuidar dele e dos quatro filhos.
A situação de Barbosa era muito parecida à da filha de Claudia Alves, 44. Ela acompanhava a menina, de 15, que estava bastante debilitada pela dengue a ponto de não conseguir ir à aula. A garota contou que outros estudantes estão tendo que se ausentar do Centro de Ensino Médio Setor Leste, que frequenta, pelo mesmo motivo.
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Durante a entrevista, ela se queixava de estar com dor de cabeça, febre e náuseas, e que antes de ir à tenda chegou a desmaiar. Foram esses motivos que alarmaram Claudia a buscar ajuda especializada. "É uma situação bem difícil, daqui a alguns dias eu tenho prova, não vou conseguir pegar os conteúdos e depois vou ter que correr para me atualizar", lamentou a adolescente.
Todas as pessoas com quem o Correio conversou disseram que os sintomas que sentem estão tão fortes que chegam a imaginar ter outras doenças. A empresária Rayane Cristina Peres, 31, mal conseguia abrir os olhos enquanto aguardava ajuda médica, por exemplo.
Contou que estava sentindo muita dor de cabeça desde sábado, e que a febre chegou a 41 graus. Além desses problemas, Rayane teve sangramento nasal, nesta segunda-feira (1/4), e por isso foi classificada como paciente em estado grave. "Eu tive dengue há seis anos, mas nem se compara ao que estou sentindo agora. Nenhum medicamento abaixou a minha febre. Não consigo me alimentar e até (beber) água me dá náusea", reclamou. Desde o primeiro dia de sintomas, a empresária não conseguiu abrir mais sua loja e, ainda muito mal, não faz ideia de quando retomará o trabalho.
Novas tendas
Com o anúncio, nesta segunda-feira (1/4), de Ibaneis, a capital federal passará a ter 20 tendas de atendimento. A empresa vencedora da licitação para instalar as 11 novas estruturas foi a Santa Casa de Misericórdia de Oliveira dos Campinhos, que também fará a gestão desses espaços e a dos profissionais de saúde que trabalharão nessas unidades. O governo regional também informou que o acolhimento aos pacientes será reforçado no Gama, Guará e Planaltina, ainda esta semana.
O Correio procurou a companhia fornecedora dos serviços para saber quando a montagem será concluída, e pediu detalhes sobre como atuarão os profissionais nas tendas. Contudo, não obteve retorno até o fechamento desta edição.
Imunização
Segundo a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, atualmente, cerca de 71 mil doses de vacinas contra a dengue foram aplicadas, sendo que mais de 50 mil imunizaram pacientes entre 10 e 14 anos. Porém, em torno de 20 mil doses do imunizante, com data de vencimento para 30 de abril, ainda não foram aplicadas.
Por sua vez, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) passará a oferecer a vacina aos municípios com alta incidência da doença. Assim, por determinação do Ministério da Saúde, doses não utilizadas e que apresentam risco de perda por validade deverão ser remanejadas para outras cidades.
A SES-DF informou que, das vacinas que ainda não foram utilizadas na região, 11.720 serão enviadas ao Amapá pelo ministério, que fará a renovação do estoque do DF com imunizantes com validade superior.
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