Inaugurado no início de fevereiro, o Hospital de Campanha (HCamp) da Aeronáutica tem sido apontado como referência em atendimentos a pacientes com dengue. A auxiliar de escritório Janiele Aparecida dos Santos, 44 anos, por exemplo, esteve no local neste sábado (30/3) e elogiou o serviço responsável por acolher seu filho Enzo, 4, com sintomas da doença. "Ele estava todo empolado, com ânsia de vômito e diarreia. Levou uma hora para nos chamarem, mas o atendimento com a pediatra foi excelente", contou.
- Dengue: mais 11 tendas de acolhimento são criadas no DF
- Novas tendas para dengue terão o padrão do Hospital de Campanha, diz GDF
- Dengue: Hospital de Campanha registra quase 900 atendimentos por dia em um mês
A competência do espaço — que costuma ter agilidade no atendimento à população —, porém, não é aproveitada por moradores de regiões administrativas mais distantes que recorrem às poucas opções disponíveis. A informação de que, nesta semana, começam a funcionar mais 11 tendas de acolhimento chamou atenção. "Amém! Vai ajudar justamente quem tem dificuldade em ser atendido", celebrou Janiele.
De acordo com o Governo do Distrito Federal (GDF), as novas instalações atuarão como hospitais de campanha, com consultórios, equipamentos, mobiliário e climatização. As estruturas são bem mais complexas e maiores do que as das tendas montadas anteriormente. O atendimento será feito por uma equipe selecionada pelo vencedor do edital de chamamento público para a formação do convênio. Além de uma equipe própria, a instituição responsável fornece toda a parte estrutural, além de insumos e medicamentos. O objetivo é aumentar a capacidade de acesso das pessoas logo que apresentem os primeiros sintomas da doença.
Das 11 novas instalações da Secretaria de Saúde, três irão operar 24 horas: Gama, Guará, Paranoá. Plano Piloto, Vicente Pires, Varjão, Taguatinga, Planaltina, Águas Claras, Ceilândia e Samambaia serão as outras regiões contempladas com o serviço. Foram priorizados espaços próximos a hospitais, unidades de pronto-atendimento (UPAs) e unidades básicas de saúde (UBSs), para facilitar casos de remoção de pacientes.
Com a expansão, a capital federal terá 20 tendas. Com atendimento diário, as tendas possuem polos de hidratação e cuidados, visando proporcionar suporte contínuo aos usuários. Cada uma funcionará com uma equipe mínima, composta por um coordenador; três médicos, sendo um pediatra; um enfermeiro; dois técnicos de enfermagem; dois técnicos de laboratório; um especialista em laboratório (biomédico ou farmacêutico bioquímico), dois apoios administrativos; um farmacêutico; pessoal de limpeza e de segurança.
Peregrinação
A Secretaria de Saúde ainda não divulgou as datas exatas para início das atividades das novas tendas. Luana Alves, 33, contou que procurou atendimento para a filha, Giovanna, 15, em, pelo menos, três regiões diferentes e foi erroneamente informada de que a tenda de hidratação em Taguatinga já havia sido inaugurada. "Foi desesperador percorrer tantos hospitais e UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) em busca de atendimento para ela, que está muito abatida. Tenho dado dipirona de duas em duas horas para ver se as dores diminuem e a febre abaixa", desabafou.
Com a fala lenta e visivelmente cansada, Giovanna queixava-se de dores, calafrios e enjoos. A estudante, que está com dengue, nem precisou fazer o teste do laço no HCamp, pois, com manchas avermelhadas no rosto e pressão baixa, já constatou-se que se tratava da doença. "Me sinto muito fraca, porque não consigo comer e tenho vomitado com frequência", relatou.
A recepcionista Juliane Soares, 22, também apresentava, há três dias, dores no corpo, mal-estar, febre e falta de apetite. "Como a tenda de Ceilândia estava sem médico, fizeram apenas o teste do laço em mim, que não apontou a chance de dengue. Os sintomas não passaram, então eu vim aqui (HCamp) para ver se consigo fazer, ao menos, um exame de sangue", observou Giovanna.