Saúde

Pacientes da dengue continuam lotando pontos de atendimento da rede pública

O Correio visitou, nesta quarta-feira (27/3), as tendas de hidratação localizadas em Samambaia e Brazlândia e ouviu relatos de angústia com os sintomas da doença. DF segue na liderança nacional do número de incidência de casos

Na família Silva, ninguém escapou da dengue. A cabeleireira Leilane da Costa Silva, 36 anos, está com fortes sintomas. As dores de cabeça e nas articulações começaram no último dia 18 de março. Ela chegou a ir ao posto de saúde mais próximo da sua casa, mas mandaram que ela descansasse em casa, porque estaria com ansiedade. Ela se deu conta de que poderia ser dengue quando manifestou febre alta e calafrios. O filho João Gabriel, 10, e o marido, o motorista Daniel Aparecido, 39, apresentaram os mesmos prognósticos. 

Ontem, em Samambaia, os três integrantes da família realizaram exames de sangue para controlar as plaquetas. "Quando fui ao posto de saúde e me mandaram voltar para casa, dizendo que era ansiedade, achei melhor vir direto na tenda porque eu sabia que não era. Comecei a ter febre alta no domingo. Achei que ia morrer. Nunca havia ficado daquele jeito", afirmou Leilane. Há quatro dias, o filho dela também passou a manifestar febre, além das dores. O último a adoecer foi o marido, que, há dois dias, tem sentido dor nas articulações e calafrios. Foi a primeira vez que a família foi infectada pelo mosquito Aedes aegypti.

Correio foi até as tendas de hidratação de Samambaia e Brazlândia para conversar com pacientes que seguem sofrendo com os fortes sintomas da doença. Apesar da demanda constante, nenhuma das duas unidades estava lotada. No entanto, o Distrito Federal segue na liderança nacional do número de incidência de casos da arbovirose — são 6337,5 a cada 100 mil habitantes. 

Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - Leilane, o marido Daniel e o filho João Gabriel: família com dengue

Pai, mãe e filho foram juntos à tenda de hidratação de Samambaia. O serviço foi deslocado para a Unidade Básica de Saúde (UBS) 2 da cidade na última segunda-feira. A tenda de Sobradinho também foi realocada, mudou para a UBS 2 do lugar. Em Brazlândia, o serviço foi transferido da administração local para a área externa da Unidade Básica de Saúde (UBS) 1 da cidade.

Na manhã de quarta-feira (27/3), a estrutura estava montada, porém não havia energia nem equipamentos dentro dela. Os atendimentos da dengue estavam sendo realizados em três salas dentro da unidade realocadas para isso. Segundo a Secretaria de Saúde do DF, a mudança aconteceu devido às fortes chuvas no local. 

Maratona

A diarista Carmelita Dias dos Santos, 55, havia acabado de testar positivo para a dengue quando nos encontramos na UBS de Brazlândia. No último sábado, ela começou a sentir dor de cabeça e nas pernas, mas pensou que fosse cansaço. Tanto que foi correr uma maratona de 5km no domingo e ainda terminou em segundo lugar em sua faixa etária. Após a corrida, ela começou a ter febre. Na segunda-feira, a diarista foi fazer uma faxina, mas não aguentou. "Eu tenho muita preocupação com a minha saúde. Todos os dias eu faço treino de corrida: pratico 10km no parque Veredinhas", contou.

Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - Carmelita esteve na tenda de atendimento na UBS 1 de Brazlândia.

A preocupação de Carmelita é não perder a próxima corrida na qual está inscrita, no Domingo de Páscoa. Praticante do exercício há dois anos, a diarista emagreceu 20kg e melhorou a qualidade de vida. "Na minha família, algumas pessoas ficaram muito mal. Chegaram até a ir para a UTI por conta da dengue", relatou. Ela acredita que os sintomas estão leves por conta da atividade física e da alimentação nutritiva diária. Após o exame de sangue positivo para a arbovirose, a recomendação médica foi de repouso e hidratação. "Também recomendaram que eu não participasse da corrida no domingo. Mas eu vou repousar até lá para consegui correr", disse.

O aposentado Antônio Isaías de Lucena, 79, levou a esposa, a dona de casa Delsa Oliveira de Lucena, 79, à tenda de hidratação de Samambaia. Essa é a primeira vez que ela foi diagnostica com a arbovirose. "Eu não sei como fui picada. Desde o início da epidemia, eu estou muito vigilante com o mosquito. Não deixo água parada, limpo bem a casa e passo repelente todos os dias", enumerou. Os sintomas começaram com dores nas pernas e nos braços. "Senti muita dor e estou queimando de febre desde ontem. Sinto frio toda hora", contou, ressaltando que muitos vizinhos também estão com dengue.

Atenção básica

Nas unidades de atenção primária em saúde, como é o caso dos postinhos e das UBS, os atendimentos da dengue equivalem a 26,5% dos atendimentos realizados, segundo dados da Secretaria de Saúde do DF. Até agora, já foram realizados 356.631 consultas de pacientes com a arbovirose nas unidades públicas de saúde, seja na atenção básica, seja nas urgências.

 


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