Aniversário de Ceilândia

Mistura cultural define Ceilândia, defende repentista Nenê

O cordelista Nenê, que já foi diretor da Casa do Cantador, comenta que, além do Nordeste, a região abriga outras raízes, como o hip hop

O poeta e repentista Francisco de Assis, 51 anos, é conhecido no mundo artístico como Nenê e conta que só não nasceu dentro de Ceilândia, pois a região não tinha um hospital, em 1973. "Mas sou filho de Ceilândia e da sua cultura. É até uma responsabilidade muito grande a pessoa falar que é filho da cultura de Ceilândia, pois ela tem essa significação da cultura, não só nordestina, mas de vários outras raízes, como a capoeira, o hip-hop, a catira (que é predominante em MG), entre tantas outras culturas", ressalta.

Para Nenê, essa "miscigenação cultural" é exatamente o que reflete Ceilândia. "E não é só sobre a cultura artística, vai da vestimenta, da culinária, da questão social mesmo, dos jovens pedem benção aos mais velhos e nisso eu me encontrei e agora eu sou um operário da cultura", afirma. "Venho de uma geração de cantador repentista e cordelista e nasci em uma cidade que, no fim das contas, tem uma das maiores representatividades nesse cenário, que é a Casa do Cantador", comenta.

O artista lembra que, quando era criança, sentia muito o preconceito que as pessoas tinham com quem era de Ceilândia. "Hoje, isso se reverte, porque Ceilândia é uma potência, inclusive na economia. Boa parte do PIB (Produto Interno Bruto) do DF sai daqui", avalia. "É lógico que a cidade tem vários problemas, mas, levando em consideração o que era há 53 anos, ela evoluiu muito. Criou-se o respeito de não haver essa discriminação sobre quem é da Ceilândia. Hoje, as pessoas saem do Plano Piloto para atividades culturais aqui", acrescenta Nenê.


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