Num cantinho da cidade, na Quadra EQNN 22/24, na Guariroba, em Ceilândia Sul, há um espaço que tem muito para contar. O sebo, nomeado de Givaldo Discos, é uma grande miscelânea de cultura. Discos de vinil, CDs dos mais variados estilos musicais, aparelhos de DVD, toca-discos, celulares antigos e até um kichute (tênis antigo) compõem o cenário que prende, imediatamente, quem visita o lugar. O proprietário, Givaldo Nunes, 51 anos, recebeu, com orgulho, a reportagem do Aqui para mostrar o espaço que ilustra sua história de amor pela Ceilândia.
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Paraibano, Givaldo chegou a Ceilândia com poucos meses de vida. No local, cresceu na companhia dos pais e dos irmãos mais novos. Frequentava a Escola Classe 25, de Ceilândia Sul, e vivia nas ruas brincando de pipa e futebol. A forte conexão com a música iniciou ainda na infância, quando presenciava o pai consumir diversos discos de artistas dos mais variados estilos musicais e o acompanhava nos eventos musicais da região. Aos 10 anos, a pipa, que antes era apenas um instrumento de diversão, passou a ser um meio de ganhar dinheiro. O menino fazia e vendia o brinquedo para comprar discos de vinis que queria colecionar.
O empreendimento iniciado ainda na infância virou trabalho de verdade no futuro. Aos 21 anos, conseguiu emprego como vendedor de discos, em uma loja na Asa Sul. Percebeu, ao longo dos quase 20 anos, trabalhando em diferentes lojas do mesmo segmento, que precisava realizar o sonho de ter o seu próprio sebo. O local perfeito? Ceilândia, claro.
Hoje, Givaldo Discos é um sebo de sucesso que recebe consumidores de todo o país. "Atendo clientes de muitos lugares, até dos Estados Unidos. O parceiro do Will Smith, Jazzy Jeff (DJ e ator americano), e o Nelson Triunfo (dançarino de breaking, músico e ativista social brasileiro) são alguns dos grandes nomes que já passaram por aqui."
Importância
Givaldo garante que sair de Ceilândia não é uma opção. Criou os filhos mais velhos, Lorena e Raul, na mesma região onde cresceu e agora mostra ao filho mais novo, Pedro, 5 anos, a importância do lugar. "Ceilândia é um celeiro artístico e cultural. Nós temos o hip-hop, o Samba da Guariba, o Forró Repente na feira, aqui nós respiramos arte, sempre foi assim."
Para a Ceilândia do futuro, Givaldo espera um lugar sem desigualdade e com jovens conscientes que continuem fomentando a arte e preservando a cultura. "Eu espero que daqui a 53 anos, a juventude que cresce agora consiga colocar Ceilândia no topo!"
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