Familiares e amigos de Paula Rothenburg de Sá se reuniram no cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, para dizer adeus à pioneira de Brasília, que faleceu aos 83 anos nessa terça-feira (19/3). Gaúcha de nascimento e brasiliense por destino, Paula chegou à capital federal no ano de 1970, onde foi datilógrafa na Empresa Brasileira de Notícias (EBN) e, mais tarde, técnica administrativa. Sua morte, causada por um infarto fulminante, pegou a família de surpresa.
Denise Rothenburg, colunista do Correio Braziliense e filha mais velha de Paula, agradeceu fraternamente pela vida que teve sua mãe, e pelos ensinamentos deixados. Firmando a voz, ela repetiu as palavras que costumava ouvir da matriarca. "A vida é para ser vivida, e os problemas, enfrentados. Problema não gosta de intimidade, problema gosta de solução", recordou. "Agora, a senhora da família sou eu", disse, emocionada.
A jornalista lembra que a mãe fazia, todos os dias, religiosamente, as palavras cruzadas do jornal, e era, também, leitora assídua da coluna da filha, claro. Mas o passatempo favorito de Paula era o carteado, que ensinou a todos os cinco netos. O gosto pelos jogos era tanto, que lia-se em um dos arranjos florais do velório: "Que canastra exista no céu".
"Ela estava sempre pronta para jogar uma cartinha. Às vezes, minha avó dizia que não estava se sentindo muito bem, mas se oferecíamos jogar uma partida, ela respondia: 'para uma partidinha, estou bem'. Jogávamos por horas", lembrou a neta Luísa Rothenburg, de 24 anos.
"Uma curiosidade sobre a minha avó é que ela cantava muito. A Elis Regina e ela eram concorrentes nas rádios do Rio Grande do Sul. Minha avó representava uma rádio, e a Elis, outra. Nessa época, minha avó conheceu um homem que jurou ser o amor da vida dela, e pediu que ela largasse a música. Ela deixou para trás uma das maiores paixões em prol de um amor que não era o amor da vida dela, mas se não fosse isso, talvez nós não estivéssemos aqui", refletiu Luísa.
Gustavo Rothenburg de Sá Krieger Barreiro, de 31 anos, neto mais velho de Paula, acha graça ao lembrar do quanto a avó gostava que os netos coçassem as suas costas. "Ela ficava curvada e dizia 'belisca, belisca'", conta ele.
Unidas até o fim
Por quase 40 anos, Paula e Elisabete Maria Baeta Mendonça, de 83 anos, compartilharam momentos de amizade, união, jogos e correspondências. Rothenburg morou a vida inteira em um apartamento da 110 Sul, onde se tornou irmã de consideração da vizinha. As famílias de cada uma se apegaram a ponto de os netos de Paula chamarem a amiga da avó de "vovó Bete". Firme e lúcida, Elisabete se diz realista quando o assunto é o fim da vida.
"A essa altura da vida, eu falo: a fila tem que andar. Então sou muito realista, eu estou no caminho. Nós todos vamos, ninguém fica por semente. Sou muito grata à amizade dela e da família, mas vamos caminhar", frisou.
Ao fim da tarde, após o sepultamento, Denise notou um fato curioso. Ela relata que a mãe gostava de observar as curicacas que viviam nos arredores de seu apartamento, e que vigiava o ninho, da janela de casa, zelando pelos bichinhos. "Uma curicaca estava aqui mais cedo. Engraçado que nunca vi nenhuma curicaca por aqui antes", ao que o filho Gustavo assentiu, "eu também não".
Paula Rothenburg de Sá deixa três filhos — Denise, Reginaldo e Paula Cristina — e cinco netos — Gustavo, Luísa, Valkíria, Renato e Frederico.
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