Saúde

No outono, o tempo mais frio e seco afeta a saúde respiratória da população

Doenças respiratórias como gripe, sinusite, pneumonia e bronquite afetam a população no período mais frio e seco que vem com a chegada do outono. Para piorar, o DF enfrenta uma epidemia de dengue e aumento nos casos de covid-19

Os brasilienses passam a ter, nas próximas semanas, mais uma preocupação com a saúde, além da dengue e da covid: as doenças respiratórias. Os casos de indivíduos afetados com males do tipo — que se caracterizam por sintomas como nariz escorrendo, tosse e dores de cabeça e de garganta — aumentam com a chegada do outono.

A estação, iniciada em 20 de março, precede a do inverno. É uma estação em que o clima seco e a baixa temperatura, entre outros fatores, permitem a disseminação de enfermidades que atingem a laringe, faringe e pulmões. O Correio conversou com médicos, que orientaram sobre como evitar ou reduzir as possibilidades de agravamento desses problemas. Também falou com pessoas que costumavam sofrer com esses males e notaram melhoras, após seguirem orientações de especialistas.

O coordenador de pneumologia do Hospital Santa Lúcia, William Schwartz, explicou que a bronquite, a gripe, a pneumonia e a sinusite são mais comuns a partir do fim de março. O motivo é que as pessoas, por permanecerem durante grande parte do dia em ambientes fechados e com ventilação limitada, ficam mais expostas à transmissão de vírus, que proliferam com a alteração do clima. "A presença de ar frio e seco pode irritar as vias respiratórias e comprometer as defesas naturais contra infecções, além disso as mudanças bruscas de temperatura podem afetar o sistema imunológico", disse.

Segundo o otorrinolaringologista Stênio Ponte, membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia, alimentação saudável, hidratação e sono tranquilo são importantes ao fortalecimento e ao bom funcionamento do sistema imunológico dos seres humano. O médico informou que as doenças respiratórias do outono estão associadas às alergias, uma vez que o pólen, por exemplo, se faz muito presente nessa época do ano. Já no inverno, a baixa temperatura e a aglomeração em locais fechados são as principais causas para o surgimento delas.

No caso das crianças, Ponte acrescentou que os pais precisam estar atentos. Eles devem ensiná-las sobre a importância de manter as mãos sempre limpas, usar agasalhos durante os dias frios e dormir a quantidade de horas necessárias ao seu bom desenvolvimento, o que varia de acordo a idade. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que bebês durmam um máximo de 16 horas e adolescentes até 10 horas. O otorrinolaringologista reforçou que criar uma rotina com horários certos para as refeições, não ir para a cama muito tarde, alimentação saudável e atividade física também são indispensáveis para que a resistência das crianças a adoecimentos funcione da melhor maneira.

 

Relatos
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 21/07/2023 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF - Frio em Brasília

A podóloga Eliane Alves, 41 anos, é mãe de cinco filhos. Ela relatou que em sua casa, durante o outono e o inverno, praticamente toda a família é acometida por problemas respiratórios. Contou que, não raro, são comuns entre eles a falta de ar, coriza e incômodos na garganta. Para se livrar desses inconvenientes, adotaram hábitos que os ajudaram a melhorar a imunidade. "Nós tiramos todas as cortinas de casa (para não juntar poeira), começamos a tomar vitaminas diariamente e nunca deixamos acumular poeira nos móveis", listou.

De acordo com o servidor Bruno Rafael, 36, pai de Lorenzo Rafael, 3, atitudes como a de Eliane e seus parentes não foram suficientes para reduzir o padecimento asmático do seu pequeno. Ele disse que, apesar de manter a casa sempre arejada e livre de mofo, as crises do filho são recorrentes durante as estações mais frias.

A situação enfrentada por Rafael, segundo o pneumologista Schwartz, é típica de pacientes com asma (uma inflamação pulmonar). Essas pessoas, além do cuidado com a imunidade, devem evitar os chamados "gatilhos" — situações que estimulam o surgimento de suas disfunções respiratórias —, como fumaça de cigarro, pólen, pelos de animais e poluição. "É crucial, também, a gestão ativa da asma com medicação preventiva e de controle, conforme prescrito (por um médico)", salientou o coordenador do Santa Lúcia.

A cozinheira Maria do Rosário, 44, contou que sempre teve de lidar com doenças respiratórias que acometem a sua primogênita, de 14 anos. Ela é asmática e também apresenta fortes crises de rinite alérgica. Para tentar amenizá-las, as roupas da cama da menina são trocadas pelo menos três vezes na semana. Além disso, gatos, cachorros e qualquer animal peludo não pode entrar em casa. Outro item importante é a hidratação, a mãe cobra que a filha tome água e sucos ao longo do dia. Graças a essas medidas, o estado de saúde da moça melhorou significativamente.

 


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Dicas

- Manter vacinação atualizada
- Lavar as mãos com frequência
- Evitar ambientes fechados e aglomerados
- Manter-se aquecido em ambientes frios
- Consumir alimentos saudáveis e ricos em vitaminas
- Beber muita água
- Praticar atividades físicas regularmente
- Ter boa qualidade de sono

Fonte: Stênio Ponte, médico otorrinolaringologista 

11 novas tendas de atendimento

Mais 11 tendas de acolhimento a pacientes com sintomas da dengue foram instaladas no Distrito Federal. Os espaços começarão a funcionar a partir desta semana, somando, agora, 20 tendas.

Com atendimento diário, das 7h às 19h, os locais possuem polos de hidratação e cuidados, proporcionando suporte contínuo aos usuários. Três das novas tendas terão atendimento 24 horas. Agora, mais quatro regiões de saúde serão contempladas: Central, Centro-Sul, Leste e Sul do DF.

"A medida busca, principalmente, garantir maior acesso ao atendimento durante a epidemia de dengue, desafogando outras unidades da rede. Aos primeiros sintomas, as pessoas devem procurar por uma UBS (Unidade Básica de Saúde) ou pela tenda mais próxima", afirma a coordenadora de Atenção Primária à Saúde, Sandra Araújo de França.

Cada tenda funcionará com uma equipe mínima, composta por um coordenador; três médicos, sendo um pediatra; um enfermeiro; dois técnicos de enfermagem; dois técnicos de laboratório; um especialista em laboratório (biomédico ou farmacêutico bioquímico); dois apoios administrativos; um farmacêutico; funcionários de limpeza e de segurança.

Assistência ampliada

Desde o início do ano, a pasta conta com nove tendas de hidratação, espalhadas por várias regiões do DF: Sol Nascente, Brazlândia, Estrutural, Recanto das Emas, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião e Sobradinho. Como suporte à assistência nas UBSs, entre 20 de janeiro e 14 de março, os espaços atenderam mais de 63 mil pacientes, uma média de 1,2 mil por dia.

No mesmo período, as tendas que tiveram o maior movimento foram as de Samambaia (11,3 mil atendimentos), Ceilândia (10 mil) e Recanto das Emas (7,7 mil). Apesar disso, todas as outras regiões apresentaram números altos de demanda: Santa Maria (7,2 mil), São Sebastião (6,7 mil), Sol Nascente (5,8 mil), Brazlândia (5,5 mil), Estrutural (4,7 mil) e Sobradinho (3,7 mil).

As novas tendas terão funcionamento 24h nos seguintes locais: Gama, Guará e Paranoá. Já as com atendimento diário, das 7h às 19h, ficam no Plano Piloto, Vicente Pires, Varjão, Taguatinga, Planaltina, Águas Claras, Ceilândia e Samambaia. Essas duas últimas regiões administrativas já contavam com uma tenda de atendimento e foram beneficiadas com mais um espaço de acolhimento.

Todas as UBSs continuam a atender casos de dengue.