Operação Trap

Entenda a armadilha da agência de modelos falsa

Confiando na promessa mentirosa de ganhar US$ 150 mil por vídeo, mulheres caíam vítimas de esquema chantagem

Cinco suspeitos de pertencer a um grupo criminoso que chantageia mulheres, com o uso de redes sociais, foram identificados, até agora, nesta quinta-feira (14/3), pela Polícia Civil do Distrito Federal. Um deles é hacker, morador de Ceilândia e já esteve na cadeia por invadir o sistema do Nota Legal, em 2018. Apesar de haverem sido identificados e terem equipamentos eletrônicos e de informática apreendidos, nenhum deles foi preso. A Justiça, por enquanto, autorizou a busca e recolhimento de dispositivos e documentos dos acusados. A depender das provas que os investigadores encontrarem , eles poderão ser detidos.

Os investigados, entre os quais alguns também moravam no Gama, dizem ter uma agência de modelos. Eles prometem pagar US$ 150 mil por vídeos enviados pelas vítimas. Os investigadores já identificaram 14 mulheres que caíram no golpe. Elas acreditaram na oferta e mandaram os conteúdos. Entretanto, ao invés de tê-los publicados em redes de entretenimento adulto, são informadas de que as imagens haviam sido roubadas. Após, algum tempo, recebem a orientação de pagar quantias para não vê-las divulgadas pela Internet. Há dois anos o esquema é acompanhado pelas autoridades na operação Trap (armadilha, em inglês).

Segundo o delegado responsável pelo caso, Gleydson Mascarenhas, a Trap está na fase de busca e apreensão. Celulares, notebooks, tablets e outros equipamentos eletrônicos foram recolhidos e encaminhados à perícia para serem analisados. A partir do que se descobrir, se entenderá a dimensão da atuação e dos prejuízos causados pelo grupo criminoso, que age e conta com cúmplices em outros pontos do país. Além das cidades de Ceilândia e Gama, no DF, também foram cumpridos mandados de busca e apreensão em São Paulo e Pernambuco. O grupo era monitorado pelos agentes da 26ª DP desde janeiro de 2022, quando uma vítima apresentou a primeira denúncia a esses agentes.

“A estratégia desse crime é muito complexa. A partir do momento que descobrimos o modus operandi (maneira de agir) do grupo , identificamos que a maioria dos seus integrantes está na cidade de Jaboatão dos Guararapes (PE)”, declarou o delegado Mascarenhas .

Os alvos dos criminosos são mulheres que postam conteúdos, frequentemente, nas redes sociais. Os membros da organização — que usam perfis fake — as contatam por mensagens pelo Instagram. Dizem serem donos de uma agência de modelos e que estão interessados em vídeos e fotos delas.

Golpe em ação

Para dar credibilidade ao golpe, o grupo mostra conteúdos que outras "modelos" forneceram e que, com isso, ganharam muito dinheiro. A partir daí, são iniciados diálogos com as mulheres-alvo, que recebem cópias dos documentos (RG e CNH ) das supostas moças que se beneficiaram com essas filmagens. São garantidos US$ 150 mil por vídeo, e uma suposta carreira como modelo. A investigação também descobriu prints (capturas de tela) falsos enviados às vítimas. Neles há imagens de contas bancárias com saldos na casa dos milhões de reais.

Os golpistas, depois de estabelecida a confiança, comunicam à vítima que um cliente está interessado em fazer uma vídeo chamada com finalidade pornográfica. Esse material só pode ser realizado ao vivo, e pelo Facebook.

Após ter o "show", o cliente falso informa que não irá pagar, alegando que não gostou. A também inexistente agência, então, diz que resolverá o problema. Paralelamente, do nada, um outro perfil falso, no Facebook, contata a vítima. Relata que interceptou a transmissão, fez cópia de tudo e que, se não receber dinheiro, espalhará os conteúdo na web, indiscriminadamente.

PCDF/Divulgação -
PCDF/Divulgação -
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Muitas vítimas, sem se dar conta do esquema, contataram a agência para relatar a ameaça. Essa empresa de mentira, então, surpreende a pessoa dizendo que teve seus servidores invadidos e os vídeos foram roubados. E que o melhor é a vítima fazer o que hacker solicita: valores entre R$ 100 e R$ 300 via pix.

A 26ª DP investiga também a venda dos materiais pela quadrilha a grupos fechados do Telegram.

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