A Escola de Música de Brasília (EMB) completa 60 anos em 2024, ocupando lugar de relevância na formação de profissionais da área. Atualmente, a instituição, localizada na 602 Sul, tem 2,6 mil estudantes, distribuídos nos cursos de ensino de todos os instrumentos das músicas erudita e popular ocidentais, além das aulas de canto, e cerca de 300 professores. A EMB também oferece outros cursos relacionados à música, como os de áudio, gravação, sonorização e iluminação.
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Davson de Souza, 51 anos, é professor da instituição desde 2001. Ocupa o cargo de diretor desde janeiro de 2020. Antes do magistério, entrou como aluno na escola aos 16 anos. "Foi onde aprendi a minha profissão e tenho sorte de ela também ser minha fonte de escape, meu relax, minha terapia. Acho que isso acaba acontecendo com quase todo músico", reflete o flautista.
Após estudar na EMB e se formar em música também na Universidade de Brasília (UnB), Davson trabalhou em diversos lugares do Brasil e do mundo, como convidado de orquestra, solista e fazendo música de câmara. Depois de tantas voltas, retornou a Brasília, onde tornou-se docente da Escola de Música. "O ofício de ensinar acabou sendo uma grande paixão, de passar esse conhecimento para outras gerações", revela.
Ele conta que a missão oficial da instituição, chancelada pela Secretaria de Educação do DF e pelo Ministério da Educação, é instruir os alunos para que se tornem profissionais da área da música. "Além disso, a escola desempenha a função de abrir novos horizontes para os estudantes no mundo da cultura. Acabamos formando bons cidadãos no fim das contas", observa o diretor, que também destaca que 78% dos discentes são oriundos de outras escolas públicas e que a grande maioria vem das cidades do DF.
A escola publica dois editais de seleção de alunos por ano, admitindo estudantes a partir dos 8 anos — os testes são aplicados para níveis básico e técnico. "Mas o caminho será o mesmo para todos: tornarem-se profissionais com condições de competir no mercado de trabalho", avisa Davson, que também foi coordenador pedagógico de música erudita e deu aulas de flauta transversal e música de câmara.
Madrigal
Éder Camúzis, 56, é professor na EMB há 32 anos e leciona canto coral e teoria musical. A trajetória do instrumentista se junta à da escola no fim dos anos 1980, quando participou do tradicional Curso Internacional de Verão da Escola de Música de Brasília (Civebra) e se empolgou com a estrutura da escola. Em 1990, inscreveu-se como aluno e, no ano seguinte, começou a cantar no Madrigal de Brasília, grupo de coral criado pelo maestro Levino de Alcântara, fundador da escola.
Em 1992, Éder fazia parte do quadro de docentes da EMB e trabalhava na coordenação de musicalização infanto-juvenil. Em 1999, assumiu a regência do Madrigal de Brasília, que é um dos corais mais respeitados do país. Atualmente, o professor dá aulas de coral para crianças.
"A EMB é um centro de formação musical de grande excelência que temos em Brasília. No Brasil, é uma referência mesmo. Quando mestre Levino fundou essa escola, ele conseguiu realmente atingir todas as áreas instrumentais e vocais da música. Ele conseguiu fundar uma escola que dá formação desde a base até o profissional", observa Camúzis.
Aprendizado
Thiago Fernando Duarte Leão, 43, é aluno de cavaquinho há quatro anos. Durante a visita da reportagem à EMB, ele participava da aula prática de conjunto de samba e chorinho. A disciplina serve para que alunos consigam aplicar seus conhecimentos instrumentais em grupo. "A experiência na Escola de Música é muito interessante. Ela é referência no Brasil inteiro. Quem chega aqui com pouco conhecimento consegue crescer muito", conta.
Thiago é deficiente visual e conta que usa bastante arquivos de áudio para estudar em casa. "Já a prática é pegar no instrumento e martelar nele para aprender", determina. Ele toca em um grupo chamado Visões do Samba, no qual todos os integrantes são cegos e diz querer mais para o futuro. "Pretendo concluir o curso de cavaquinho e começar o de canto popular", revela.
Levino
A Escola de Música de Brasília existe graças à persistência de Levino de Alcântara, músico pernambucano que chegou ao DF no início dos anos 1960. Formou, junto a outros educadores, a primeira geração de músicos brasilienses.
Levino deu aula no Ginásio Moderno da Caseb, em centros de ensino em Taguatinga e no Elefante Branco, no Plano Piloto, experiência a partir da qual criou o Madrigal de Brasília, um dos corais mais respeitados do Brasil, com repertório vocal que abrange todos os períodos da música ocidental. O Madrigal é o ponto de partida para a criação do EMB, em 1964. A sede definitiva da escola, desde 1974, na 602 Sul, dispõe de 5,5 mil m² e tem nove blocos e dois teatros, um deles com o nome do seu fundador.
Após criar o ensino da música na capital do país, Levino decidiu abrir outra escola de música, localizada em Conceição do Araguaia (PA), em meados dos anos 1980. Uma vez ao ano, ele convidava professores da escola de Brasília para dar aulas e fazer apresentações para a população da pequena cidade paraense. Éder Camúzis e Davson de Souza participaram dessa experiência. "Um bandeirante da música", define Camúzis.
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