Luto

Morre, aos 31 anos, a ativista Maria Eduarda Mendonça

Duda, como era conhecida, era bacharel em direito e se dedicava a palestras sobre inclusão das pessoas com deficiência na sociedade. Ela morreu devido a complicações da dengue nesta segunda-feira (11/3)

"O impossível não existe", costumava dizer Maria Eduarda Mendonça, a Duda. Com 87 centímetros e 20% da visão, nunca deixou que ninguém lhe dissesse que não seria possível realizar o que quer que fosse. Inteligente e destemida, passou a fazer palestras sobre a inclusão de pessoas com deficiência aos 8 anos de idade. A ativista era bacharel em direito e estudava para concurso público: queria ser procuradora. Um sonho interrompido pela dengue, descoberta na sexta-feira (8/3).

A princípio, Duda, que tinha 31 anos, ficou internada no hospital apenas para observação, mas seu quadro piorou no domingo, com acometimento pulmonar, evoluindo para síndrome da angústia respiratória. Ela morreu às 8h15 desta segunda-feira (11/3).

"Duda era uma mulher forte e determinada. Sincera, às vezes também sobravam 'broncas' para os desavisados (risos)", lembra a prima Júlia Mendonça ao Correio.

Material cedido ao Correio -
Ana Rayssa/ Especial para o Correio -
Ana Rayssa/ Especial para o Correio -
Material cedido ao Correio -
Material cedido ao Correio/Arquivo Pessoal -
Material cedido ao Correio/Arquivo Pessoal -

Até os 8 anos de idade, Duda não sabia ler nem escrever, até que foi "descoberta" por sua professora Idalene Aparecida, que a ajudou na alfabetização. Desde então, apaixonou-se pela leitura. Contava com a ajuda da mãe e, mais tarde, de um leitor automático. Foi destaque na escola pública em que estudou, no Guará. Em 2005, a história de Duda estampou as páginas do Correio, escrita pelo jornalista Marcelo Abreu.

Em 2018, formou-se em direito, já aprovada na prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). "Duda foi uma pessoa ímpar. Tinha uma inteligência admirável. Lutava como uma guerreira pelos direitos das pessoas com deficiência. Fazia palestras e encantava com sua fala cheia de conhecimentos e sorriso fácil", recorda Idalene Aparecida ao Correio.

O diagnóstico da ativista veio somente em 2015: displasia óssea esponjometafisária com distrofia de cones e bastões. Até 2018, havia registro de apenas 10 casos como o dela no mundo. Isso, porém, não foi capaz de abalá-la. Duda continuou firme em seus propósitos. Recentemente, dedicava-se aos estudos e também às palestras sobre inclusão e superação. 

Segundo sua prima, "apesar das guerras que enfrentava desde que nasceu, a Duda viveu a vida de uma forma muito leve, sempre com um sorriso no rosto". E ela continuará a sorrir, de onde estiver.

As diretorias da Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF) e da Caixa de Assistência dos Advogados do Distrito Federal (CAADF) publicaram uma nota de pesar pelo falecimento da advogada. No texto, eles destacam a luta de Duda pelos direitos das pessoas com deficiência no Brasil. "Neste momento difícil e delicado, a OAB/DF e a CAADF se solidarizam e desejam força, coragem e muita união aos familiares e amigos(as)", diz trecho da nota.

Velório

O velório de Duda será na terça-feira (12/3), das 8h às 10h, na Capela 7 do Cemitério Campo da Esperança na Asa Sul. Em seguida, o corpo seguirá para cremação no Crematório Jardim Metropolitano em Valparaíso (GO).

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