Luto

Amigos homenageiam Paulo Pestana: 'Era o melhor cronista de Brasília'

A morte do jornalista Paulo Pestana foi confirmada nesta segunda-feira. Ele passou mal na noite de domingo

Paulo Pestana, 66 anos, era conhecido em Brasília como um dos grandes nomes do jornalismo da capital federal. Por onde passou, deixou fãs, fez amigos e encantou milhares com suas incríveis crônicas. A morte do jornalista e cronista foi confirmada nesta segunda-feira (11/3) e muitos amigos o homenagearam. 

Em conversa com Correio, Luis Natal, jornalista e amigo de Pestana, falou como é até difícil encontrar apenas algumas histórias para contar: "A gente viveu muitas coisas juntos, criamos os filhos juntos".

Amigos há 40 anos, Luis categorizou Paulo como o melhor e mais lúcido cronista de Brasília e afirmou que a notícia da morte foi recebida com uma tristeza imensa.

Ele conta que Paulo era conhecido e exaltado por seu grande conhecimento geral e que além de amigo era um dos fãs dele. "Sou amigo e fã do conhecimento geral dele, do conhecimento humano. Falam muito sobre o conhecimento musical dele, ele também tinha uma memória fabulosa, um vocabulário vastíssimo", contou também. 

O jornalista Fábio Lino, que trabalhou com Pestana na redação do Correio no fim dos anos 1990, definiu o amigo como "um cara espetacular" e que fazia as coisas com calma e sem estresse. "Ainda estou sem acreditar na notícia", comentou.

"Ele era o irmão que eu nunca tive", disse o jornalista Luis Augusto Mendonça, ao se referir a Pestana. Ambos se conheceram em 1976 e trabalharam juntos no Correio Braziliense, na Rede Globo e na Rádio Nacional. "Desde essa época, a gente nunca se separou." A calma de Paulinho, como se referia ao amigo, era uma de suas marcas registradas. "Eu costumava brincar que ele era o nosso Drummond. Jornalista de primeira e ensaísta maravilhoso. Por pior que fosse o problema, Paulinho sempre tinha uma palavra e um norte para resolvê-lo; tinha um jeito manso e humilde", contou emocionado.

José Natal do Nascimento, também amigo de redações, revelou que conversou com Pestana no fim de semana e que ele aparentava estar bem. Com quase 40 anos de amizade, a dupla se encontrava sempre que podia. "Ele sempre foi muito versátil, escrevia de tudo, tinha uma sensibilidade aguçada e era bem humorado. A bagagem cultural, então, nem se fale... tinha uma memória musical muito interessante", descreveu José.

O Sindicato de Jornalistas Profissionais do Distrito Federal também se manifestou, lamentando a morte do jornalista. "Tido por colegas como uma pessoa culta, respeitosa, atenciosa e generosa, Pestana compartilhou conhecimento pelas redações e outros trabalhos por onde passou. O SJPDF se solidariza com a família e amigos próximos do colega Paulo Pestana", disse em nota.

Diretor de Redação do Estado de Minas, Carlos Marcelo descreve Pestana como o "melhor crítico de música que eu já li". "Escrevia sobre música clássica, jazz, rock, samba, MPB, blues com idêntica desenvoltura e sem pedantismo. Paulinho foi o meu primeiro chefe numa redação de jornal. No início dos anos 1990, no Correio Braziliense, pediu minha transferência da editoria de Esportes para a Cultura, que ele editava.
Fez de um jornalista recém-formado um repórter de cultura", escreveu nas redes sociais. "Perdi um mestre, uma referência, um farol. Perdemos uma pessoa bem-humorada, gentil, sábia, afetuosa, que sabia tudo de música e da vida."

Rosângela Rabello, amiga e dona de um dos quiosques da Quituart, lembra-se emocionada de Pestana: "O que falar de Paulo Pestana, meu amigo/irmão, irmão de verdade, que te chama a atenção, que te dá carinho, que ajuda a resolver o possível e o impossível e que senta numa mesa de bar e toma uma com você a perder de vista..." Ela se lembra ainda da cumplicidade e da companhia para sugerir bom pratos e saboreá-los. "Dentro da gente ele não partiu, vamos sempre lembrar de tudo de bom: do bom garfo, das sugestões de prato, do sorriso gostoso, da cumplicidade, da amizade."

O velório de Paulo Pestana será na terça-feira (12), às 9h, na Capela 1 do Campo da Esperança em Brasília. O corpo dele será cremado em Valparaíso.

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