Investigação

PM preso com esmeraldas ameaçou delegada: 'No Goiás as coisas são diferentes'

Caso ocorreu em 2019. Wilson Viana da Silva intimidou investigadores dizendo que "lá fora a gente se entende", além de ter mandado a delegada do caso "calar a boca"

O cabo da Polícia Militar do Estado de Goiás (PMGO) Wilson Viana da Silva, 41 anos, preso por atirar no carro de um policial reformado do DF, em Águas Claras, na madrugada desta segunda-feira (4/3), é um velho conhecido da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).

Detido em flagrante com duas armas de fogo e 2kg de esmeraldas — avaliadas em R$ 200 mil —, Wilson já chegou a responder um processo criminal por ameaçar um agente e uma delegada nas dependências da 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul), em 13 de dezembro de 2019. 

A reportagem apurou que, naquele dia, por volta de 19h, Wilson estava nas proximidades do condomínio onde morava, na QS 5 do Areal, e decidiu atirar em via pública. Com medo, vizinhos acionaram a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que prendeu o cabo em flagrante, mesmo com a resistência do militar.

Levado para a delegacia, Wilson começou a ofender o agente e a delegada da 21ª DP. "Sou policial também e vamos nos encontrar lá fora", teria dito o militar. Wilson prosseguiu tentando intimidar os investigadores, afirmando: "lá fora a gente se entende" e "no Goiás as coisas são diferentes".

Na ocasião, Wilson também mandou a delegada "calar a boca". O episódio resultou em uma condenação de quatro anos e cinco meses por desacato e disparo de arma de fogo em local público. A reportagem não conseguiu localizar a defesa do acusado.

O caso

Segundo a PMDF, o militar reformado recorreu à equipe policial do 17° Batalhão, que patrulhava a região, depois que teve o veículo, uma Toyota/Hilux, alvejado enquanto trafegava na cidade. O disparo foi efetuado de dentro de um Volkswagen Polo, branco, conduzido por Wilson.

A equipe do batalhão foi ao local indicado pelo policial reformado, na Avenida Jacarandá. No endereço, a guarnição constatou que o indivíduo era policial militar da PMGO e que havia subido para o apartamento onde reside. Os negociadores da corporação tentaram contato com o morador, que se negou a atender à ordem.

Foi acionada, então, por volta das 3h, a guarnição da PMGO e o Batalhão de Operações Especiais (Bope), que deu início à Operação Gerente. A entrada tática conteve o suspeito e o algemou durante a operação. 

De acordo com o Corpo de Bombeiros (CBMDF), Wilson teve um surto psicótico. Segundo a PMDF, na residência, foram apreendidas duas armas de fogo, uma delas pertencente à PMGO — mas nenhuma registrada no nome do suspeito. A prisão dele foi convertida em preventiva.

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