Festa

Mestre Woo destaca que a harmonia é o segredo de sua vitalidade

Difusor do Being Tao celebrou, na Praça da Harmonia Universal, 93 anos de uma vida dedicada ao estilo de vida saudável e ao ensino gratuito de práticas que equilibram o corpo e a mente

Aos 93 anos, com um olhar vivaz, o mestre Woo, difusor do Being Tao, que prega o engrandecimento físico, mental e social, só coletou elogios e foi o centro de todas as atenções no aniversário comemorado ontem, nas imediações da Praça da Harmonia Universal (EQN 104/105). "O Being Tao já tem tudo que preciso. Quem quer harmonia com relógio biológico, com estado de saúde, tem que buscar a harmonia", diz o cidadão honorário de Brasília, que completa: "Pensa o que seja bom para toda a humanidade, nessa verdade, tudo volta para mim. Aos 93 anos, tenho vitalidade e não tem segredo (nisso): 'tudo tem que estar em harmonia, sem ela não dá para continuar'".

O ensinamento básico do mentor de um estilo de vida apoiado na agilidade das artes marciais, na orientação filosófica e em muitos cuidados de origem médica é imediato: "Todo dia temos que vivenciar a prática, e praticar. É vital seguir assim". Perpetuados em aulas gratuitas, na praça, diariamente, a partir das 8h, meditação, tai chi, energização solar e automassagem formam a base da vida do mestre Moo Shong Woo, nascido em Chiayi (Taiwan) e que chegou à capital em 1968. O que teria motivado essas práticas adotadas? "Nós, humanos, reconhecidamente não damos (em geral) atenção a isso que é muito importante: primeiro, o corpo tem bioenergia, e se pode ter lucro com isso, com ganho de saúde. Caso contrário, não se conquista saúde. Com a bioenergia há reflexo positivo para o corpo e para a mente", assegura o ilustre nonagenário.

Quando se tem saúde, se tem tudo. Esse é o veredito de Woo, um entusiasta do movimento e que tem se visto mais descansado e relaxado nos últimos anos. "Com minha idade, não é mais tempos dos 40, 50. Quando novo, ajudava em tudo, carregava cadeira, limpava os ambientes e tudo mais. Agora, cada um arruma e eu sento e bato papo. A idade já passou: só de olhar, contemplar, está tudo bem", diverte-se. Pouco a pouco, alguns traços de brasileiros venceram aspectos mais orientais. "Brasileiro é muito de paz, é pacífico. Há muita fraternidade aqui. Nisso, me identifico. Não é por qualquer coisa que levanta e briga, não. Brasileiro senta, conversa — e isso é muito importante", aponta o mestre.

Questão de atitude

Viúvo há quase 30 anos, morador da 105 Norte, mestre Woo preza a autonomia, um dado que tem admirador muito especial: o filho dele, o médico Aristein Woo. "A longevidade, vitalidade e energia não vêm de uma prática específica; é uma atitude, na verdade, diante da vida. Para ele, as coisas como estão, estão bem, e sempre caminham para algo melhor", constata Aristein.

Dois exemplos práticos vêm à mente do filho. Quando dormia, sobre as malas e roupas, recém-chegado entre Taguatinga e Brazlândia, as goteiras no barraco de invasão não lhe tiravam o sossego: "Que fantástico: dá para ver as estrelas daqui!", saudava. Aristein lembra ainda de um passeio no Nordeste propiciado pela irmã, de escuna, com o objetivo era ver a migração de baleias. Quando todos se zangaram com a neblina, frustrados, Woo disparou, feliz da vida: "Nunca estive tão longe do continente, não dá para ver nada daqui, em alto-mar!". "Ele sempre tem disposição para as coisas boas, além do cuidado constante com a saúde", entrega o filho.

Enorme admiração

Sumidade que, por mais de 25 anos, regeu o Templo Shin Budista Terra Pura na capital, monge Sato chegou a Brasília em 1986 para testemunhar o primeiro governo civil brasileiro. A vocação humanista compartilhada por mestre Woo não demorou a construir a ponte de amizade e deferência pelo amigo. "Via o mestre chinês de manhã cedo, no tai chi chuan, e eu trazia a experiência das artes marciais. O interessante é que, na modernização do Japão, em 1868, o que era técnica de dominação (nas artes marciais) foi transformado em caminho de aperfeiçoamento do ser humano. A pessoa do mestre Woo revela a disciplina e vejo que ele carrega a vontade de integrar todo o povo brasileiro, isso me entusiasma muito", pontua monge Sato.

Diariamente dedicado ao orgânico método do pilates ("que absorveu muito das artes marciais orientais, do tai chi e do judô"), Sato, um paulista de Araçatuba, diz que não se aposentou "nem do budismo, nem da brasilidade". Na ponte entre tantas culturas, Sato reserva enorme apreço pelo amigo. "Mestre Woo é minha grande referência. Pessoalmente, ele é a própria gentileza, cordialidade e respeito que as artes marciais representam. Foi campeão de judô, sumô de atividade hípica — aliás, se percebe, pela postura dele. Acima de tudo, ele tem se dedicado realmente à sociedade", conclui.

LUIS TAJES -
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