Uma bebê de 8 meses de idade morreu por causa de complicações da dengue e da covid-19. O óbito ocorreu na quarta-feira (28/2), mas o caso só veio à tona neste sábado (2/3). A mãe, Gabriella Alves, 32 anos, conta que passou por vários hospitais públicos do Distrito Federal em busca de atendimento na última semana, mas, segundo ela, a filha era sempre liberada. Na quarta-feira, a bebê Helena Alves morreu em casa, nos braços da mãe, em Planaltina.
Gabriella conversou com o Correio e disse que tudo começou no último domingo (25/2). “Estávamos na casa de um parente quando, de repente, veio uma febre. Como os dentinhos dela estavam nascendo, achei que fosse por causa disso”, comentou. “Só que ela começou a reclamar muito e a Helena nunca teve uma febre de 39ºC”, ponderou a mãe.
Ela levou a pequena Helena para o Hospital Regional de Planaltina (HRP) onde, segundo Gabriella, estava lotado. “Só passamos pela triagem. Ela teve um episódio de vômito, mas como não tinha febre, a médica me mandou para casa. Não me falaram sobre covid”, ressaltou.
No dia seguinte, ela levou a filha até uma unidade básica de saúde (UBS) de Planaltina. “Lá, fui super bem atendida e fizeram o teste rápido de dengue na minha filha. A médica também me orientou a fazer um hemograma, para saber como estavam as plaquetas”, elogiou.
Só que, de acordo com Gabriella, quando chegou até a clínica particular, ficou “um pouco desesperada” assim que descobriu que o exame só ficaria pronto à noite. “Fui para o Hospital de Sobradinho, pois imaginava que o atendimento era bom. Chegando lá, como ela não estava com febre, não me atenderam. Colocaram pulseira laranja na minha filha e ficamos sete horas aguardando”, reclamou.
A mãe de Helena disse que só conseguiu atendimento depois de falar com a diretora do hospital. “A médica pediu um hemograma, deu soro, mas disse que não iria manter minha filha internada porque ela estava sem febre, urinando e, por isso, entendia que não tinha nada”, afirmou. “Mas a minha filha estava com os olhos vermelhos, por causa da dengue, e bem fraquinha”, avaliou.
Na terça-feira (27/2), Gabriella levou a filha novamente até à UBS, mas, dessa vez, alega não ter tido um atendimento efetivo. “Não deram o soro para minha filha. Eu tive que comprar tudo: soro, paracetamol e dipirona. Por volta das 18h, ela teve um episódio de vômito, mas porque tinha comido uma pêra”, comentou. “À noite, ela vomitou seis vezes, porém, o tanto que ela vomitava, tomava leite e água. Ela sentiu uma sede louca e não deu febre”, observou.
Morte
De acordo com Gabriella, as coisas pioraram no início da quarta-feira (28/2). “Na madrugada, fiquei a noite toda acordada com minha filha no carrinho. Ela não estava gemendo e a temperatura estava normal. Quando foi de manhã, ela estava bem molinha”, lembrou. “Fui dar um banho nela e percebi que as extremidades estavam frias, tentei dar leite e ela já não quis. Ela morreu nos meus braços”, lamentou a mãe de Helena.
Ela contou que ainda foi até o Hospital de Planaltina, na tentativa de reanimar Helena. “A equipe de lá deu todo amparo, colocaram oxímetro nela, mas minha filha não estava respondendo mais. Ficaram uma hora tentando reanimá-la, deram 10 doses de adrenalina”, contou. "Se houve erro, foi no Hospital de Sobradinho. No Hospital de Planaltina, fui muito bem amparada, por mais que o hospital estivesse superlotado", acrescentou.
O laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) apontou que, além de dengue, a pequena Helena também morreu com covid-19.
O funeral da bebê ocorreu na quinta-feira (29/2), no Cemitério de Planaltina. Por conta da covid-19, a mãe conta que o enterro da filha teve que ocorrer com caixão fechado.
Respostas
Em nota, a Secretaria de Saúde (SES-DF) disse que Helena passou pela triagem do Hospital Regional de Planaltina, onde recebeu classificação verde, de acordo com o protocolo de classificação de risco. De acordo com a pasta, o hospital, no momento do atendimento, estava em bandeira vermelha, "ou seja, priorizando os casos mais graves, com risco de morte".
Ao procurar o Hospital Regional de Sobradinho, a bebê passou pela triagem, foi acolhida e avaliada, recebendo hidratação, ainda de acordo com a SES-DF. "(Ela) recebeu alta hospitalar, já que não havia alterações clínicas ou ambulatoriais, naquele momento, que indicassem a internação. A família foi orientada a manter hidratação oral e a retornar à uma unidade de saúde, caso houvesse alguma alteração no estado clínico", ressaltou a nota.
Com a evolução do quadro, segundo a secretaria, a família retornou ao Hospital de Planaltina, onde a criança já deu entrada com quadro de parada cardíaca. "Foram iniciadas as manobras de reanimação mas, infelizmente, ela não respondeu aos procedimentos", lamentou o texto. "A pasta esclarece que o óbito está sendo avaliado pela comissão de investigação de óbitos da região de Saúde Norte", finalizou a nota da Secretaria de Saúde.
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