CB. Debate

Combate à dengue exige prevenção e mobilização

Com 14 convidados, entre especialistas da área e autoridades políticas dos governos federal e local, o Correio promoveu debate sobre ações de prevenção e combate à doença. A preocupação com os idosos foi um dos temas

O Correio Braziliense promoveu, na quinta-feira (29/2), o seminário Dengue — Uma luta de todos, que contou com a presença de 14 painelistas, entre especialistas da área e autoridades, para discutir ações de prevenção e de combate à doença. O evento, mediado pelos jornalistas Adriana Bernardes e Carlos Alexandre de Souza, foi dividido em quatro momentos: abertura; primeiro painel, que abordou medidas de enfretamento; segundo painel, sobre prevenção e controle de casos; terceiro painel, acerca da responsabilidade para os próximos anos; e encerramento, com a presença da vice-governadora do DF, Celina Leão (PP). 

Na abertura, o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, abordou a questão do abastecimento de insumos, destacando que, em breve, haverá pedidos para registro de autotestes para a dengue. O diretor também tranquilizou a população em relação a repelentes e medicamentos. "Não há ameaça de desabastecimento de insumos", garantiu. 

Além disso, Barra explicou que o fenômeno climático El Niño, que está provocando mais chuvas e mais calor, faz com o ciclo reprodutivo do mosquito, vetor da dengue, fique mais curto. "É necessário o recolhimento de lixo e outros materiais que possam favorecer os focos do Aedes aegypti. Se temos mosquito na nossa casa, é porque há focos dele nas proximidades", ressaltou. O diretor lembra que a vacina só imuniza após a segunda dose, que ocorre três meses após a primeira. "Por isso, o enfrentamento imediato à doença é tão necessário", reforçou. A imunização está prevista para crianças de 10 e 11 anos, inicialmente. 

Marcelo Ferreira/CB/D.A Press -
Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press -
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press -

Indicadores e alertas

Os efeitos das mudanças climáticas podem impactar mais um pico de casos da dengue no país, a partir de março. É o que revelou o diretor do Departamento de Emergência em Saúde Pública do Ministério da Saúde, Márcio Garcia. Ele destaca a preocupação com o aumento global da temperatura, e os efeitos no Brasil, um país tropical. Além disso, a circulação de quatro sorotipos da doença também potencializa a ação do mosquito da dengue em solo brasileiro, visto que, certas cidades, que estavam somente com um sorotipo, começaram a ter a circulação de outros. 

Ao longo da apresentação, o diretor chamou atenção para o óbito de pessoas acima de 60 anos. No DF, 32 das 55 mortes são de um público na faixa etária acima dos 60. "O adulto jovem tem a maior incidência de casos graves, mas a população que está morrendo é a de idosos. Por isso, eles precisam ser olhados de maneira diferenciada, com orientações sobre o curso da doença. De forma geral, orientamos que os agentes de saúde e de vigilância monitorem esses casos ao longo da trajetória da doença", citou o gestor.

Garcia pediu atenção da população contra a automedicação. O Correio destacou, no início da semana, que informações equivocadas compartilhadas nas redes sociais sobre o uso de medicamentos durante o tratamento da dengue podem gerar complicações no estado de saúde do paciente e, até mesmo, levar a óbito. "A questão dos sinais de alarme e a procura por um atendimento médico rápido vão salvar muitas vidas. A automedicação pode retardar a busca e não resolver, como também agravar a condição de saúde de quem pode estar com dengue", advertiu.

Estabilização 

A secretária de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), Lucilene Florêncio, estimou que, até a segunda quinzena de março, os casos de dengue devem se estabilizar. "Isso é próprio da sazonalidade da doença, e agora estamos passando pelo pico, e, do ponto de vista epidemiológico, é previsto que haja uma estabilização e, em abril, a gente possa vivenciar uma redução", almeja. Sobre o plano de contingenciamento da pasta, desenvolvido desde o final de 2023, a secretária citou o monitoramento de locais com maior número de ovos para priorizar o uso do fumacê. 

Lucilene celebrou que o DF foi a primeira unidade da Federação a começar a vacinação e alertou que a dengue é uma doença que vai além de obstáculo de saúde, abrangendo a questão ambiental. "É necessário alterações nos hábitos de comportamento." A secretária destacou que sua maior missão durante a epidemia é evitar mortes e também enfatizou que o combate à doença depende da união de vários órgãos públicos. "A (pasta da) Saúde, sozinha, não dá conta de tudo, do ponto de vista de contingência. Nós buscamos ajuda com o reforço do Corpo de Bombeiros, do Exército e da Aeronáutica". 

Conscientização

Para o presidente do Correio Braziliense, Guilherme Machado, o Correio, como uma referência jornalística do DF, não poderia deixar de se mobilizar nesse momento de epidemia. "Nós temos que auxiliar os órgãos públicos no combate à dengue e, com este seminário, iniciamos uma campanha de conscientização que une as pessoas e os governos", disse. "Não vamos discutir o que poderia ter sido feito, mas, sim, quais ações podemos fazer agora para minimizar essa situação difícil que estamos passando", completou Machado.

No encerramento do debate, a vice-governadora do DF, Celina Leão, acrescentou a importância do envolvimento de toda a sociedade. "Aqui, na capital, temos um laboratório central que faz uma prévia do que pode acontecer. Assim, conseguimos testar mais de 100 mil pessoas e, com isso, o governo conseguiu se antecipar rapidamente em relação ao combate à epidemia, ampliando os horários nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e oferecendo tendas de hidratação", ressaltou. 

Celina reforçou que o Hospital de Campanha (Hcamp) da Força Aérea Brasileira (FAB), inaugurado no início de fevereiro, possui mais de 40 leitos e há perspectiva de abrir mais 10, além de ampliar as tendas de hidratação de nove para 20. Sobre os demais investimentos, Celina elencou a capacitação e nomeação de servidores; entre médicos, técnicos de enfermagem, enfermeiros e agentes de vigilância ambiental. Outro tema abordado pela vice-governadora foi o descarte irregular de lixo. "Não adianta limparmos se as pessoas continuarem a sujar, ação que coloca a própria família e a dos outros em risco. Cerca de 70% dos focos (de mosquitos) estão dentro das residências", acrescentou.

 

Mais Lidas

FRASES

“Não há ameaça de desabastecimento de insumos"

Antônio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa  

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"Automedicação pode agravar a condição de saúde de quem pode estar com dengue”

Márcio Garcia, diretor do Departamento de Emergência em Saúde Pública do Ministério da Saúde

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"Do ponto de vista epidemiológico, é previsto que haja uma estabilização e em abril a gente possa vivenciar uma redução”

Lucilene Florêncio, secretária de Saúde do Distrito Federal

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"O governo conseguiu se antecipar rapidamente em relação ao combate da epidemia"

Celina Leão, vice-governadora do DF

 , o Correio, como uma referência jornalística do DF, não poderia deixar de se mobilizar nesse momento de epidemia.

 

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“Com este seminário, iniciamos uma campanha de conscientização que une as pessoas e os governos”

Guilherme Machado, presidente do Correio Braziliense

presidente do Correio Braziliense, Guilherme Machado