Pessoas em situação de rua

Em reunião, grupo do Plano Piloto busca propostas para uma solução complexa

Aproximadamente 50 pessoas se reuniram nesta segunda-feira (25/3), no Senac da 903 Sul, para debater estratégias e buscar resolver problema que envolve moradores em situação de rua nas áreas centrais da capital

Presidente do Sindhobar, Jael Silva integra movimento feito por moradores das asas Sul e Norte, do Sudoeste e do Noroeste -  (crédito: Caio Ramos/CB DA Press)
Presidente do Sindhobar, Jael Silva integra movimento feito por moradores das asas Sul e Norte, do Sudoeste e do Noroeste - (crédito: Caio Ramos/CB DA Press)

Com os impactos gerados por pessoas em situação de rua no Distrito Federal, moradores e comerciantes da Asa Norte, Asa Sul, Noroeste e Sudoeste organizaram um grupo de trabalho (GT) para cobrar e propor soluções para problemas relacionados ao crescimento da população em vulnerabilidade. Aproximadamente 50 pessoas dos 610 participantes do GT se reuniram, nesta segunda-feira (25/3), no Senac da 903 Sul, para debater estratégias.

A principal intenção é cobrar que o governo providencie estrutura adequada para as pastas que cuidam do assunto, tenham condições de prover dignidade, tratamento e acompanhamento da população que enfrenta situações de vulnerabilidade e, ao mesmo tempo, devolva segurança aos cidadãos que pagam impostos.

Na reunião, foram colhidas assinaturas para protocolar um ofício ao governo. Entre as propostas, estão a realocação do Centro-Pop, mais iluminação nas vias públicas e em pontos específicos como o Parque da Cidade. As trocas foram fundamentais e somaram pontos de vista diferentes para agregar na solução de uma questão complexa.

Moradores

A moradora do Noroeste Thais Bueno contou a realidade da região onde mora. "A situação é atípica. Antes, tínhamos pessoas que moravam em uma área de proteção ambiental, mas, agora, temos pessoas em situação de rua que ficam nos pilotis e no comércio, e começamos a ter problemas com gente colocando fogo nos pilotis para acender uma pedra de crack, abordagens agressivas e que deixam mulheres com medo de irem ao comércio local. Uma cena triste são as crianças pedindo dinheiro e que acabam sendo usadas para a venda de drogas, e isso nos movimentou e nos fez criar esse grupo", desabafou.

Gustavo Carvalho é proprietário de uma escola perto do Centro-Pop na 903 Sul e conta que a situação no local é um perigo para as crianças. "As famílias se preocupam porque a droga está presente, e isso é perceptível, deixa as famílias inseguras porque os filhos ficam próximos daquelas situações", afirmou.

Comércio

O diretor da Abrasel Luiz Augusto destacou que foi uma iniciativa importante. "Dificilmente teve outro grupo de trabalho que conseguisse reunir tantas pessoas diferentes em um mesmo senso comum. Prefeitos e síndicos das regiões, entidades envolvidas, tudo isso mostra a urgência e a importância de impor essa pauta, que deveria ser um dos temas centrais discutidod pelo GDF", declarou. 

No mesmo raciocínio, Luiz descreveu como as pessoas em situação de rua interferem na vida dos residentes da região. "É um problema que precisa ser enfrentado com profundidade e cautela. As pessoas em situação de rua hoje vêm trazendo insegurança para os comerciantes, pessoas que trabalham nas proximidades e moradores da região. É uma situação que exige uma solução. Apresentamos uma delas ao governo, como o realocação do Centro-pop, a melhoria na iluminação pública e sistemas de câmeras com monitoramento para uma segurança das pessoas que frequentam esta região", comentou. 

Para o presidente do Sindicato Patronal de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Silva, há maneiras que o governo poderia utilizar para solucionar o problema. "É fundamental esse movimento. Me agreguei para lutar pelos nossos direitos e impor uma segurança pública, porque, hoje, nós estamos em uma situação onde a nossa região não está recebendo a devida atenção. O governo pode solucionar o problema com medidas de segurança, iluminação pública e policiamento em todas as quadras, por exemplo", sugeriu.

Ainda de acordo com o dirigente do lazer, há inúmeros furtos no comércio da região em que assaltantes se passavam por moradores de rua. "Reivindicamos para a polícia cuidar dos nossos estabelecimentos. A Asa Norte, por exemplo, tem muitos ladrões que se passam por moradores de rua para furtar nosso comércio, roubar carros, assaltar restaurantes. Essas são uma das situações onde registramos boletim de ocorrência, porém o governo não acha uma forma de resolver isso", afirmou.

Governo

O Governo do Distrito Federal (GDF) anunciou, em 14 de março, o Plano Distrital de Acolhimento das Pessoas em Situação de Rua. Segundo o GDF, o projeto é alinhado com o do governo federal e foi analisado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Gustavo Rocha, secretário-chefe da Casa Civil, destacou que o plano envolve o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), Defensoria Pública e Supremo Tribunal Federal (STF).

O plano conta com sete eixos de atuação envolvendo diversos órgãos do GDF: assistência social; saúde; ações de zeladoria (para desobstrução de áreas públicas); cidadania, educação e cultura; habitação; trabalho e renda; produção e gestão de dados. O documento, no entanto, não foi disponibilizado. O secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, explicou, na ocasião, que, para concluir o texto, o GDF aguardava as contribuições do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

*Estagiário sob a supervisão de Patrick Selvatti

 


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postado em 25/03/2024 23:32
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