Investigação

PCDF aguarda laudos para elucidar morte de escrivão e namorada

Com marcas de tiros, os corpos do escrivão da PCDF e da namorada dele estavam no apartamento do servidor público, em Águas Claras. Polícia Civil aguarda resultado de laudos e trabalha com duas hipóteses para elucidar o caso

 Peritos criminais retiram objetos do apartamento onde o casal foi encontrado, em Águas Claras, na manhã de ontem -  (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)
Peritos criminais retiram objetos do apartamento onde o casal foi encontrado, em Águas Claras, na manhã de ontem - (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga as mortes do escrivão da corporação Leonardo Rodrigues Ribeiro, 45 anos, e da namorada dele, Jéssica Raianne Alves de Souza, 33. Os corpos dos dois foram encontrados com marcas de tiros dentro do quarto do apartamento dele, no Residencial Montpellier, na Q 102 de Águas Claras. Policiais da 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul) trabalham com duas linhas de investigação e aguardam laudos periciais para entender a dinâmica do crime.

A primeira hipótese trabalhada pela polícia é a de duplo suicídio. Por volta das 8h da manhã de ontem, a Polícia Militar (PMDF) foi acionada para averiguar um suposto caso de suicídio, segundo o 2° tenente Carlos Cunha. "Ao chegar no local, os agentes ouviram o relato de um vizinho que contou que Leonardo teria saído de seu apartamento pedindo socorro e gritando que a namorada havia atentado contra a própria vida. Ao se virar para buscar ajuda de outros moradores, o vizinho ouviu um segundo disparo e, em seguida, não percebeu mais movimentação dentro do apartamento, e resolveu acionar a PMDF", detalhou.

As pegadas de sangue no corredor e as imagens capturadas pelas câmeras de segurança confirmam a versão do vizinho. No vídeo, Leonardo de fato saiu do apartamento, disse ao morador do lado que a namorada havia se matado e pediu ajuda. A testemunha desceu para chamar mais pessoas, quando foi efetuado um segundo disparo. Os dois corpos estavam no quarto e com marcas de tiros. O de Leonardo, em um colchão no chão, visto que o casal havia se mudado há pouco tempo para o prédio.

A princípio, a equipe de investigação afirma que não há indícios da participação de terceiros, uma vez que não foram encontrados sinais de arrombamento na porta do apartamento. A PMDF constatou que não existem registros de violência doméstica em nome do escrivão. Ao Correio, uma moradora do prédio contou que antes Leonardo residia no condomínio com a ex-esposa, com quem ela firmou uma amizade, mas que os dois teriam se mudado no ano passado, e depois se divorciaram. Ela relatou que o relacionamento de Leonardo e Jéssica era recente. Nas redes sociais, o namoro do casal foi anunciado este mês.

vizinhos revelaram que o escrivão havia tido um filho natimorto com a ex-esposa e acabou desenvolvendo depressão após o ocorrido, razão pela qual teria tido o porte de arma restrito, apesar de ter continuado atuando como escrivão da polícia. A arma utilizada na ocorrência era particular de Leonardo, que trabalhava na 12ª DP (Taguatinga Centro), mas no apartamento dele os investigadores apreenderam outras três armas de fogo.

De acordo com moradores, o rapaz aparentava ser uma pessoa tranquila. Uma testemunha, que mora no prédio ao lado e tem um apartamento alugado na torre A, onde ocorreram as mortes, contou que no condomínio moram muitos policiais. "As armas estão todas aqui", disse. Mesmo assim, revelou que o local é tranquilo e que nunca presenciou casos semelhantes. Amigos do casal disseram que os dois faziam tratamento para depressão.

Laudos

A segunda linha de investigação é a de feminicídio seguido de suicídio. A PCDF aguarda os laudos que podem ser decisivos para a elucidação do caso. Entre eles, o laudo de local, do Instituto de Medicina Legal (IML), e do toxicológico (constatar a presença de substâncias químicas no organismo).

Os documentos podem revelar toda a dinâmica do ocorrido, como a distância do tiro que atingiu Jéssica, se foi disparado em uma linha reta ou de baixo para cima. Não há previsão para os resultados dos laudos.

O Correio conversou com uma prima de Leonardo, do Rio de Janeiro, estado onde parte da família do policial reside. Abalada com a notícia, Tati Anderson contou que o familiar era um rapaz tranquilo, educado e muito amado. "Ele era um homem incrível, muito coração e bom demais", disse.  As informações sobre os velórios não foram divulgadas.

 


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postado em 19/03/2024 06:00
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