O Alzheimer é uma condição neurodegenerativa progressiva que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. No Distrito Federal, de acordo com os últimos dados da Secretaria de Saúde (SES-DF), existem aproximadamente 48.606 portadores da doença. Especialistas alertam sobre a importância de um diagnóstico precoce para iniciar o tratamento e planejar os cuidados futuros.
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Após dez anos cuidando do pai junto à família, João Vieira Rosa, 84 anos, João Vítor Ramos, 25, optou por procurar o cuidado especializado de uma casa de idosos. "O estágio da doença dele hoje é avançado, de completa dependência, pois já não vai ao banheiro, não come e nem dorme sozinho. Precisa de cuidados 24 horas", afirmou.
"No início, ele começou a perder a noção de tempo e de espaço. Não lembrava o ano ou o dia em que estávamos. Não sabia onde ele estava, íamos para as consultas e ele se confundia achando que estava no escritório de trabalho", explicou.
Na Reviver Espaço para Idosos, no Guará, Vieira conta com cuidados que vão além das necessidades básicas do dia a dia. No cronograma diário, ocorrem atividades que estimulam o raciocínio e condicionamento físico dos idosos, assim como as apresentações de teatro e música por voluntários. "Eles realizam jogos de vários tipos, a exemplo do xadrez. Além de fisioterapias e caminhadas. Isso tudo para poder movimentar o dia deles", explica o filho.
No DF existem 10 Ambulatórios de Geriatria espalhados em regiões de saúde para atender os portadores da doença. Neles, os pacientes contam com uma equipe interdisciplinar que inclui geriatras, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e psicólogos. Para ter acesso aos ambulatórios, o paciente com Alzheimer deve ser encaminhado pela equipe de Estratégia do Saúde da Família (ESF), ainda na atenção primária, por meio da Central de Regulação.
Fatores
O neurologista Carlos Uribe do Hospital Brasília, da rede Dasa no DF, explica que a doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência, caracterizada por uma deterioração progressiva das funções cognitivas, incluindo memória, pensamento e comportamento. "Ela afeta principalmente os idosos, mas também pode ocorrer em pessoas mais jovens", alerta.
Entre os fatores de risco que envolvem a patologia, o especialista cita os não modificáveis, como idade e histórico familiar, e os modificáveis, como tabagismo, obesidade, hipertensão arterial, diabetes, colesterol alto, alterações visuais e auditivas, transtorno depressivo durante a vida adulta, consumo excessivo de álcool e isolamento social. "Acreditamos que aproximadamente 40% dos casos de Alzheimer poderiam ser evitados, caso os fatores de risco modificáveis fossem controlados", conta o médico.
A roteirista Paloma Custódio, 29, presenciou de perto a avó, Lídia Ferreira, hoje com 79 anos, começar a apresentar os primeiros sinais do Alzheimer, há 12 anos. "Ela começou a ter alucinações, enxergar bichinhos, não conseguia mais reconhecer o ambiente e confundia o passado com o presente", descreve. Diante do quadro, a família foi atrás de ajuda médica, recebeu o diagnóstico. Atualmente, Lídia se encontra em estado vegetativo, acamada e sob a atenção de duas cuidadoras.
Carlos Uribe ressalta que a detecção precoce da doença de Alzheimer é crucial para iniciar o tratamento e planejar os cuidados futuros. Para o Neurologista, uma pessoa com Alzheimer pode ter uma melhor qualidade de vida com o apoio de cuidadores e profissionais de saúde. "Manter um ambiente seguro e familiar, estabelecer rotinas consistentes, promover a independência sempre que possível e oferecer atividades estimulantes são medidas importantes para garantir o bem-estar físico e emocional", afirma.
*com a colaboração de Beatriz Mascarenhas, estagiária sob a supervisão de Márcia Machado
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