Dengue

Condomínios do DF intensificam prevenção e combate ao Aedes aegypti

As precauções contra o mosquito transmissor da dengue devem ser redobradas. Embora os espaços horizontais preocupem mais, os andares mais altos de prédios também estão sujeitos à proliferação do inseto

Com o avanço da dengue, os condomínios do Distrito Federal se voltam mais para os cuidados com o mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti, seja em casa ou em apartamento, as precauções devem ser coletivas para enfrentar a epidemia da doença.

O presidente da Associação de Síndicos do Distrito Federal (Assosindicos-DF), Emerson Tormann, lembra que os cuidados em condomínios verticais e horizontais devem ser reforçados, a começar pela colocação de material informativo nas áreas comuns. "Os comunicados devem alertar sobre as providências que os moradores podem tomar dentro de casa para evitar que o mosquito se prolifere", assinala. "É importante sempre olhar as esquadrias — frestas nas portas e janelas — porque, às vezes, fica água nesses lugares. É importante também redobrar a atenção aos jardins", detalha.

Para os síndicos, ele orienta que verifiquem as coberturas dos prédios, porque, mesmo que o mosquito não chegue tão alto, pode ser um foco. "Faça também a verificação nas partes mais baixas, onde tem o circuito de águas pluviais, bocas de lobos, bueiros, lixeiras, reservatórios de água potável, principalmente nas tampas", enfatiza.

Emerson ressalta que condomínios de até seis andares podem ter uma chance maior de proliferação do inseto. "Presenciei edifícios de 13 andares com focos de dengue. Tudo que é acúmulo de água merece atenção", adverte. Outra medida importante é que os trabalhadores dos condomínios usem repelentes, e que os síndicos forneçam isso", aconselha.

O presidente da entidade acrescenta que os horizontais sofrem mais por terem espaços mais abertos. "A administração do condomínio vai ter que dar conta de uma área bem maior, sendo mais difícil o controle. E tem que haver uma boa limpeza dos telhados, calhas. Tem que ter atenção a áreas que, muitas vezes, são invisíveis", conclui.

Cautela

As orientações da Assosindicos-DF estão em sintonia com os esclarecimentos de especialistas. A professora de Biologia Julianne Gomes explica que o mosquito da dengue tem voo rasteiro e não chega a mais de meio metro de altura do chão. Entretanto, quem mora em andares mais acima não está livre dele. "Há relatos de Aedes aegypti encontrados em lugares altos. É preciso tomar cuidado com a proliferação do transmissor em prédios, já que o mosquito pode ser levado pelo elevador", observa Julianne. A especialista completa que os moradores dos condomínios horizontais ainda são mais propensos a serem infectados pelo mosquito, principalmente se não se atentarem à higiene do local.

Quem mora em andares mais altos se livra de muitas pragas do subsolo, desde que haja zelo. É o que pondera o professor e urbanista Frederico Flósculo, da Universidade de Brasília (UnB). "É preciso que o edifício cuide de jardineiras e de águas empoçadas, senão, o mosquito vai colonizar o prédio e ocupá-lo até chegar ao 20º andar", alerta. "Tanto no condomínio vertical quanto no horizontal, a regra é a mesma — eliminar totalmente as possibilidades de o mosquito se proliferar. Isso não impede que se tenha um gramado ou plantas, mas é necessário um cuidado na administração da água para não deixar que o solo fique muito úmido e o mosquito coloque ovos', ensina.

O Correio esteve em alguns condomínios da cidade. No Ville de Montagne, condomínio horizontal no Jardim Botânico, a administração informou que há mais de mil lotes no espaço e que, constantemente, o carro do fumacê tem entrado no local. Além das campanhas internas sobre o assunto e de ronda nas casas que estão desocupadas, os moradores são orientados a denunciarem, caso flagrem água parada.

No Sudoeste, um funcionário da manutenção de um prédio disse que a cautela foi redobrada, com medidas como dedetização, limpeza dos ralos e divulgação de alertas pelo aplicativo de comunicação do edifício. 

Em outro, no mesmo bairro, um trabalhador da limpeza contou que, até o momento, não houve registro de dengue entre os moradores. As precauções têm sido frequentes, entre elas, manutenção periódica no terraço e dedetização.

Colaborou Fernanda Cavalcante, estagiária sob supervisão de Malcia Afonso

 

Mais Lidas

Cuidados básicos

» Ficar atento à cobertura

do prédio

» Limpar esquadrias (frestas das portas e das janelas)

» Observar bocas de lobo, lixeiras e reservatórios de água potável (principalmente às tampas)

Fonte: Assosindicos-DF