Quem mora em Brasília e nunca aproveitou um domingo ensolarado no Eixão do Lazer, não sabe o que está perdendo. A rodovia, que corta a capital e forma as grandes asas do avião pensado por Lucio Costa, é ponto de encontro para todas as tribos e idades. Há espaços para a criançada se divertir, enquanto outros locais concentram os fãs de rock ou samba, aproveitando uma música boa ao ar livre. Além disso, para quem deseja correr, pedalar, andar de skate ou fazer uma caminhada, o Eixo Rodoviário oferece vários quilômetros para a prática de atividades físicas.
Morando em Brasília há pouco mais de um mês, as cariocas Marcella Corrêa, 21 anos, e Melina Cordeiro, 24, criaram o hábito de frequentar o Eixão. "Aos domingos nós estamos por aqui. Corremos e tomamos uma água de coco", contou a amiga mais nova. As duas são militares da Aeronáutica e foram transferidas para a capital. Marcella destacou que conheceu a opção de lazer por indicação de outras pessoas. "Pretendemos conhecer outros parques pela cidade também e estamos pensando em fazer algumas coisas diferentes por aqui, como um piquenique", comentou.
Para Melina, a mudança para a capital federal foi ótima. "Gostamos bastante da cidade e do Eixão, porque é uma área aberta e livre. Então, todo domingo, nós tentamos vir", disse a moradora recente de Águas Claras. "A cidade é bem atlética. As pessoas praticam esportes e gostamos muito disso. Estamos nos sentindo em casa. É qualidade de vida", ressaltou. "Estamos adorando Brasília, se comparado com o Rio de Janeiro, por questões de segurança e organização. O transporte público deixa um pouco a desejar. A malha viária do Rio é mais ampla", completou a militar.
Diferente de Melina e Marcella, que tiraram o domingo para praticar atividade física, o pequeno Marcelo, 3, só queria aproveitar a cama elástica montada na altura das quadras 111/211 Norte. A mãe Kelly Yamamoto, 32, contou que o menino, além de pular nos brinquedos, gosta de andar de bicicleta pela via. "É uma opção de atração aos domingos, que é um dia que quase não tem coisas para fazer pela cidade. Então, a gente vem sempre, principalmente para essa parte onde tem os brinquedos", comentou. "Essa parte do lazer que o Eixão oferece é bem legal e, como moramos do lado, é fácil para vir. Às vezes, a gente vem de manhã e de tarde", destacou a farmacêutica.
Terapêutico
Sem o movimento de carros na via, algumas pessoas aproveitam os gramados do Eixão para praticar Yoga e até fazer piqueniques em família ou com amigos. Com uma proposta de desestressar, o Pastor Maiquel convidava quem passava para fazer uma pintura terapêutica. "É uma das atividades que a gente tem na nossa igreja, na Asa Norte. Aproveitando esse fluxo do Eixão, nós fazemos essa programação do 'pintando o sete' pelo menos duas vezes no mês. Ao invés de convidar as pessoas para irem na nossa igreja, nós vamos até onde estão as pessoas", ressaltou. "Os nossos estoques sempre acabam antes do que a gente prevê. A aceitação é muito boa", acrescentou o pastor.
A estudante Gislayne Nayelle, 22, não pensou duas vezes em parar para fazer um desenho à sombra das árvores do Eixão. Frequentando o local pela primeira vez, a moradora de Viçosa (MG) está em Brasília curtindo as férias com o pai. "Estava passando e me convidaram para pintar. Gosto muito de desenhar, mas normalmente é com lápis e não com tinta. Eles falaram que era uma pintura terapêutica para desestressar e eu achei uma ideia legal que serve tanto para criança como para adultos e idosos", disse a mineira.
Ao final do exercício terapêutico, a estudante produziu um panda. "Poderia ter ficado melhor", brincou exibindo a arte. "Quando eu cheguei, tinha uma senhora pintando e ela foi desabafando sobre a vida dela. É bom ter isso, porque as pessoas conversam e relaxam", destacou. Sobre a primeira impressão do Eixão do Lazer, Gislayne disse ter achado um lugar bem interessante. "Principalmente porque eu moro numa cidade pequena lá em Minas. Aqui tem muitas coisas e opções de diversão ao ar livre", comentou.
Música para todos
O Eixão do Lazer foi instituído em junho de 1991 como uma das grandes alternativas para a população do DF. Entre as várias opções de comida, o espaço também reserva barracas com vendas de água de coco, cervejas, vinhos e sucos naturais. Para acompanhar uma boa refeição e uma boa bebida, após a atividade física, nada melhor do que uma boa música. Para os amantes do samba e chorinho, a área verde na altura da 108/208 Norte é o local ideal para descansar no domingo. Quem prefere um jazz, pode fazer a parada na altura da 111/211 Norte.
Há quem prefira um rock. No gramado entre as quadras 110/210 Norte, o pequeno Martin Macedo, 3 anos, fazia muito barulho tocando bateria. O menino mostrava a desenvoltura com o instrumento, desde o primeiro ano de vida. "Ele ama tocar. Com um ano, ele ganhou uma bateria de plástico, porque gostava muito de percussão. Em dezembro, resolvemos dar uma bateria de verdade. Se deixar ele fica tocando até não aguentar mais", comentou o pai, Rafael Macedo, 40 anos.
Moradores da Asa Norte, o professor e sociólogo costuma levar o filho para passear no Eixão do Lazer. "A gente sempre vem. Todo o fim de semana, pegamos a bicicleta e vamos pedalando pelo Eixão. Às vezes, curtimos o samba que tem. Ou ficamos pela área do rock ou do jazz. Fazemos um pouco de tudo por aqui", destacou Rafael, pontuando que o filho prefere mesmo a área dos roqueiros. "Ele gosta mais de rock, especialmente de Sweet Child O'Mine, porque viu um menino tocando bateria na internet e virou a música predileta", afirmou o pai, citando o grande sucesso da banda Guns N'Roses.
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